SECP: Novos emigrantes portugueses não se integram na comunidade de acolhimento

Mundo Lusíada
Com Lusa

Encontro de Políticos da Diáspora, na Assembleia da Republica, em Lisboa.
Encontro de Políticos da Diáspora, na Assembleia da Republica, em Lisboa.

Segundo o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, a nova geração de emigrantes portugueses “não participa na vida comunitária” no país de acolhimento, o que pode criar problemas quando há dificuldades na integração.

O governante falava à margem do segundo encontro mundial de luso-eleitos – que se reuniram na Assembleia da República em 24 de outubro -, e durante o qual foi discutido, entre outros temas, o “relacionamento econômico, social e cultural entre Portugal e o país de acolhimento”.

Questionado pela Lusa sobre a integração dos novos emigrantes, José Cesário observou que estes “são muito diferentes, sob vários pontos de vista, em relação ao emigrante de há uns anos”.

Esta nova geração, explicou, mantém “uma relação muito próxima com as suas origens e relaciona-se diariamente com os amigos que deixa em Portugal, nomeadamente através dos meios tecnológicos”.

Em contrapartida, os novos emigrantes “não participam na vida comunitária, em regra, o que é lamentável”, disse o secretário de Estado das Comunidades.

Um “déficit de participação” que segundo ele “cria uma dificuldade: quando há problemas de inserção, quando há problemas sociais, de variados tipos, como a exploração, essas pessoas estão mais isoladas”.

“Estamos a fazer um esforço para tentar sensibilizar instituições locais para que possam chegar a essas pessoas, e não é fácil”, lamentou o governante.

Outro problema da nova leva de emigrantes é a educação das crianças. “É frequente hoje as pessoas emigrarem e levarem os filhos consigo. Isto cria problemas de integração, como é o caso de crianças que normalmente não falam as línguas locais e que correm riscos muito sérios de terem um elevado insucesso escolar”, referiu.

Por outro lado, Cesário destacou, entre os aspetos positivos, o fato de muitos destes novos emigrantes serem altos quadros, que ocupam “funções de grande relevo em empresas e instituições internacionais”, o que é “um fator de promoção do país”.

Criação de redes entre os emigrantes

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas defendeu ainda a necessidade de criar redes entre os emigrantes, um desafio que lançou a portugueses e luso-descendentes que exercem funções políticas nos seus países de acolhimento, durante o evento.

“A criação de redes é absolutamente vital para que as nossas comunidades melhorem a sua organização”, afirmou Cesário, na Assembleia da República. Muitas das organizações representativas dos emigrantes “precisam de melhorar”, reconheceu, renovando os seus quadros, promovendo a intervenção das mulheres ou juntando “novos e velhos”.

Cesário pediu aos participantes também que “sejam capazes de criar as tais redes de contato” entre todos os atores “para melhorar a organização das comunidades e garantir uma maior participação cívica, ultrapassando o problema antigo da acomodação”.

Esse trabalho, defendeu, permite valorizar Portugal no exterior. “Portugal não pode ser considerado um país pequeno. Somos milhões em todo o mundo e temos organizações um pouco por todo o lado”, sustentou.

Para o vice-presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas Carlos Alberto Gonçalves (PSD), a ligação dos luso-eleitos a Portugal “permite um estreitamento de laços políticos entre Portugal e os países de acolhimento, o que é uma mais-valia notável”.

O encontro prosseguiu trazendo pautas como a economia portuguesa e a defesa nacional, com membros do Governo, e em Cascais no dia 25, os fundos estruturais e desenvolvimento do país e o “relacionamento econômico, social e cultural entre Portugal e o país de acolhimento”. Pelo menos 5 milhões de portugueses vivem fora do país.

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