Presidente do Conselho das Comunidades defende união de associações de imigrantes no Brasil

Da Redação
Com Lusa

Do Rio de Janeiro, o presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas defendeu a união de associações portuguesas no Brasil, uma forma de unir esforços para contrariarem o definhamento e atraírem os mais jovens.

“Eu defendo há muito tempo que as associações passem por um processo de unificação”, disse em entrevista à Lusa Flávio Martins, mas, até agora, isso ainda não se concretizou: “Tenho andado a pregar no deserto”, desabafou.

Segundo informações oficiais, a comunidade portuguesa no Brasil é uma comunidade envelhecida, mais ligada aos setores do comércio e indústria, com destaque para os cidadãos nacionais radicados no Rio de Janeiro.

A contrariar este envelhecimento, “estão a fixar-se no país jovens qualificados – quadros de empresas, advogados, engenheiros, arquitetos, médicos -, principalmente na área consular de São Paulo”, indica o Governo português.

No entanto, os imigrantes instalados há mais tempo lamentam que haja pouca interação com esta nova vaga de expatriados, que não se envolvem na vida da comunidade, mantendo-se mais ligados a Portugal.

O responsável do conselho permanente do órgão consultivo do Governo sobre os emigrantes portugueses, Flávio Martins, admitiu que se observa este afastamento entre as duas comunidades, mas desvalorizou, considerando que “não é muito diferente de qualquer outra realidade, mesmo em Portugal”.

O presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) comentou que as associações portuguesas no Brasil ainda não conseguiram tornar-se atrativas para a nova vaga de emigrantes, mas “deveriam pensar em como fazê-lo”.

Só no Rio de Janeiro, onde vive o maior número de portugueses no Brasil (mais de 345 mil pessoas, mais de metade da comunidade total naquele país), a comunidade portuguesa dispõe de cinco instituições centenárias e cerca de 20 casas regionais e clubes, mas apenas “talvez uns 10 estejam a funcionar com frequência”, comentou Flávio Martins.

“Se tivéssemos a unificação de pessoas, de patrimônios, de infraestruturas, teríamos um dos maiores clubes do Rio de Janeiro”, defendeu.

O responsável deu o exemplo da comunidade espanhola, que tinha vários clubes, mas “há algum tempo, criaram a Casa de Espanha, até por influência do rei Juan Carlos [anterior monarca espanhol], unificaram tudo, adquiriram um imóvel e fizeram um clube”.

Flávio Martins lamentou a falta de adesão à sua proposta por parte dos dirigentes associativos portugueses: “Cada um quer continuar a governar lá o seu castelo”.

A comunidade portuguesa no Brasil conta com 674.309 pessoas, segundo as inscrições consulares, sendo a maior comunidade de portugueses na América Latina.

De acordo com os dados oficiais, o Rio de Janeiro é o estado que acolhe mais portugueses no Brasil, com 345.426 inscrições consulares, seguindo-se São Paulo (212.787). A uma grande distância surge depois a terceira região com mais portugueses – Santos, com 37.178 -, enquanto na capital brasileira, Brasília, há 9.103 inscritos.

Há quase 10 anos, o Mundo Lusíada trouxe a reportagem de uma fusão entre entidades em Santos, no litoral paulista, que se mantém ativa até hoje.

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