Mundo Lusíada
Com Lusa
A quinta edição do Prêmio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, que distinguiu Isabel Santos Melo, 57 anos, Reino Unido, e atribuiu uma menção honrosa a Cristóvão Fonseca, 35 anos, França, recebeu candidaturas de 34 países.
Atribuído pela COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação desde 2008, o prêmio distingue anualmente “os portugueses que, pela sua ação empreendedora e inovadora, se notabilizaram fora de Portugal” e conta com o patrocínio do Presidente da República, Cavaco Silva.
A fundadora de uma empresa especializada em apoio domiciliário a adultos no Reino Unido e o criador de uma produtora de conteúdos na França foram distinguidos em Lisboa com o Prêmio.
Isabel dos Santos Melo é licenciada em enfermagem, tendo feito carreira no apoio a pessoas com deficiência, segundo nota biográfica distribuída pela organização do prêmio. Chegou ao Reino Unido em 1978 para ser enfermeira. Em 1988 fundou a Mentaur Ltd, uma companhia privada, que presta serviços a adultos com dificuldades de aprendizagem, saúde mental e necessidades complexas. A empresa gere atualmente 10 unidades residenciais e dois centros de recursos.
Em 2007, fundou a Mentaur Community Support, uma agência prestadora de serviços domiciliários, dando origem ao Grupo Mentaur. Nesse mesmo ano, foi distinguida em Portugal com o Prêmio Talento 2007, atribuído pelo Governo português, na categoria empresarial.
Licenciado em cinema pela Universidade de Paris VII, Cristóvão da Fonseca é um dos fundadores da produtora de documentários e filmes “Les Films de L’Odyssée”. O jovem começou a sua carreira como jornalista, tendo sido distinguido nessa qualidade com o prémio “furo jornalístico” de 2000, em França, pelo seu trabalho “As vacas loucas”.
Um ano antes tinha corealizado a sua primeira grande reportagem televisiva intitulada “A Guerra dos Gangs”. Em 2007 fundou a “Les Films de L’odyssée” que desde então produziu mais de vinte filmes para a televisão e cinema.
Foi ainda responsável por trabalhos como “As mulheres de Branco”, que ganhou o prêmio de melhor documentário 2008, atribuído pelo público da France Television. O seu mais recente documentário “Mais barato, eu construo a minha casa” passou no canal M6 e foi visto por 5,2 milhões de telespetadores.
Atualmente, Cristóvão da Fonseca está envolvido na criação da Oito TV, um canal para a diáspora portuguesa.
A edição dos prêmios COTEC conta este ano pela primeira vez com a participação de candidatos do Chile, Timor-Leste, Hungria, Malaui e Israel. Com forte participação continuam países como os Estados Unidos (26), o Brasil (21), a França (16) e o Reino Unido (8), segundo a organização.
Agradecimentos
Interessada em ajudar pessoas vulneráveis, a empresária Isabel Santos Melo disse ter assistido na atividade a “verdadeiros milagres de muitos que tiveram de lutar contra as adversidades” e que teriam dificuldade em atingir os seus objetivos “se não tivessem apoio”. “Nós temos um talento, mas até as outras pessoas acreditarem em nós temos de ser nós a acreditar”, afirmou.
Apesar de ter nascido em Moçambique, descreveu-se à Lusa como uma “portuguesa com sangue nortenho, fado na alma e generosidade africana no coração”. Por isso, afirmou estar “muito orgulhosa por receber este prêmio”.
Cristóvão, ou Christophe, é um dos produtores mais jovens da televisão francesa, filho de dois portugueses da região de Leiria, que foram, ainda pequenos, com os pais para França: “Sou filho e neto de emigrantes. E, quer os meus avós, quer os meus pais, passaram-me um carinho muito especial por Portugal. Falo português porque os meus pais fizeram questão de que assim fosse. Havia momentos em que era proibido falar francês”, contou à agência Lusa.
“Aprendi muito sobre a cultura portuguesa. E, sempre que posso, faço uma referência a Portugal nos meus trabalhos”, acrescentou.
A menção honrosa que a COTEC lhe atribuiu emocionou-o, mas não o fez sentir que o reconhecimento era só para si: “Quando soube do prêmio, liguei para o meu pai e para os meus avós e disse ‘os vossos sacrifícios são reconhecidos hoje’. Não recebo o prêmio de forma pessoal, não é pelo meu trabalho nem para a minha carreira, é um prêmio de reconhecimento de todas as gerações de portugueses que fizeram enormes sacrifícios fora do seu país”, contou.