Portugueses: Uma Tradição nos Negócios

Mundo Lusíada

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Professor de Marketing de renomadas instituições brasileiras, o luso-descendente Carlos Alberto Julio trouxe um discurso diferenciado para a comemoração do Dia da Comunidade Luso-Brasileira, promovida em São Paulo, abordando os portugueses e o marketing.

“Na verdade, os portugueses empiricamente sempre foram muito bons de mkt. Esses imigrantes que vinham para cá, uma grande parte deles iam para o comércio e varejo, não tinham formação alguma na área e sempre eram bem sucedidos. Porque eles tinham uma percepção natural da importância do cliente, do servir, o português sempre foi muito amável ao servir, escolhia os melhores pontos no comércio, era competitivo. Isso vem de uma intuição ou de uma tradição de negócios de muitos e muitos anos”.

Para ele, existem no Brasil três mitos “extremamente injustos” com os portugueses, apesar de terem sido idéias criadas pelos próprios, abordadas em seu discurso. São eles: português não é inteligente; português é avarento ou sovina; e português veio para extrair toda a riqueza do Brasil. “São três inverdades, mas sabemos que uma mentira repetida várias vezes começa a ter aparência de verdade. Vou tentar desmontar estes três mitos no meu discurso” falou o professor ao Mundo Lusíada, chamando atenção para tais distorções que são repetidas para os jovens e crianças.

O orador afirmou que poderia fazer um discurso “repetido” sobre as proezas de Pedro Álvares Cabral, mas decidiu caminhar para outra linha e tentar restabelecer algumas verdades sobre os portugueses.

Na sua explicação, Carlos Alberto Julio afirmou não ser verdade que os portugueses só vieram roubar as riquezas existentes no Brasil, citando o “amor” na relação entre os povos até os dias atuais. Citou também que os degredados que eram enviados ao Brasil acabaram se regenerando no país, e que João Ramalho foi um dos iniciadores da mestiçagem no Brasil, como responsável pela “primeira safra de luso-brasileiros”.

Sobre o português ser avarento, Alberto Julio relembrou os tempos em que a Corte Portuguesa cobrava seus impostos sobre o ouro fundido no Brasil, o chamado “Quinto dos Infernos”. E transformou três motivos em virtudes para o povo português: viviam de forma modesta, sempre pagaram as suas contas, e poupavam para produzir, ou para deixar um legado aos filhos.

Por último, afirmou que a “provocação” do português ser pouco inteligente foi mesmo criada pelos próprios lusos. Remetendo novamente à época da corte, citou um choque cultural quando do encontro dos portugueses navegadores ou que já tinham cruzado o Atlântico e viviam na nova Terra, com os portugueses que acabavam de chegar ao Brasil. “Os portugueses de lá, ingênuos. Os daqui, espertos”. Ao final, ainda, afirmou ser este um injusto rótulo para o povo de Camões, Fernando Pessoa e Eça de Queiroz, pedindo portanto que os brasileiros contem boas histórias de Portugal às crianças.

De acordo com o professor, a iniciativa do Conselho da Comunidade em promover o ato cívico é muito importante para os luso-descendentes. “Nós temos sim uma responsabilidade de manter viva essa chama das nossas origens e tradições. Afinal de contas, Portugal nos deu a língua, o sangue, este território fantástico – que foram os portugueses que levaram a bandeira da colônia além rios, e hoje nós preservamos tanto essa Amazônia porque houve um Capitão-de-Fragata português que organizou uma excursão com dois mil índios, e fincou essa bandeira quase que na foz do Rio Amazonas. Temos que enaltecer e lembrar disso sim”, diz o descendente de portugueses de Celorico da Beira, Distrito da Guarda. “O Brasil é o país que é, talvez o maior país mestiço do mundo, porque o português adorava uma índia, uma crioula. Ele veio, ficou e frutificou”.

O professor luso-brasileiro, que viaja duas vezes ao ano para Portugal para ministrar palestras e aulas, havia retornado de Lisboa há dois dias, quando esteve dando aula na área de Gestão de Negócios, na Universidade Técnica de Lisboa. Dentre suas obras lançadas em Portugal, já vendeu cerca de 15 mil cópias de três títulos, enquanto suas quatro obras no Brasil venceram cerca de 200 mil cópias.

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