Portugueses preparam construção de centro cultural no Rio

Por Marco Antinossi Da Lusa

A mais antiga geração de imigrantes portugueses prepara seu último grande presente ao Brasil, com a construção de um centro cultural no Rio de Janeiro. O centro será construído ao lado do Real Gabinete de Leitura, um dos maiores símbolos da imigração portuguesa, segundo o presidente da instituição, António Gomes da Costa. “Será o último desafio, a última grande doação da velha geração de imigrantes portugueses que, há muitas décadas, cruzou o Atlântico para aqui criar raízes, realizar seus sonhos e morrer”, afirmou.

Essa geração veio de Portugal até meados da segunda metade do século passado, criando uma ampla rede de associações no país. São cerca de 180 iniciativas, que vão de instituições culturais até econômicas, sociais e de assistência médica e hospitalar.

Gomes da Costa explica que a nova onda de portugueses que desembarca no Brasil difere da velha geração. “Os portugueses que vêm atualmente são ligados a um contrato de trabalho dos grandes grupos empresariais. Quando termina, vão embora, não têm aquele mesmo espírito aventureiro das gerações passadas”, comparou. “Trata-se de um outro tipo de migração, de pessoas com preparo intelectual e com a responsabilidade de administrar os investimentos portugueses”.

Presente para o Rio O novo centro cultural será construído para acolher o crescente número de livros do Real Gabinete Português de Leitura, funcionando em edifício anexo adquirido com auxílio da Fundação Calouste Gulbenkian. Os detalhes da construção, como dimensões e custos, ainda não estão definidos e os responsáveis pela iniciativa, segundo Gomes da Costa, esperam “contar com a ajuda de Portugal”.

Criado em 1837, por um grupo de comerciantes e intelectuais, o Real Gabinete Português é considerado símbolo da migração portuguesa devido a sua beleza arquitetônica e ao raro acervo.Com o objetivo de proporcionar aos imigrantes pobres o acesso à leitura, e inspirada pela comemoração, em 1880, dos 300 anos da morte de Luís de Camões, a colônia portuguesa do Rio de Janeiro decidiu financiar a construção do prédio.

Em estilo neomanuelino e cenário de vários filmes, o Real Gabinete foi construído, em grande parte, com materiais importados da Europa, como as pedras de lioz da fachada e dos vitrais do salão. Desde 1936, o local recebe um exemplar de todos os livros editados em Portugal, sendo a única instituição fora do país com estatuto de “depósito legal” da literatura portuguesa.

Com mais de 350 mil livros, o acervo do Real Gabinete só é comparável ao da Biblioteca Nacional, também no Rio de Janeiro, herdeira do legado deixado por D. João VI ao filho e primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I.

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