No Rio, Casa de Trás-os-Montes recebe autarca de Vila Real durante celebração de 95 anos

Por Igor Lopes

Uma grande sessão solene, no último dia 27 de julho, marcou os 95 anos de fundação da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro do Rio de Janeiro, na Tijuca, Zona Norte carioca. O evento, que contou com casa cheia, teve a participação de autoridades do Brasil e de Portugal. Durante os discursos da noite, foram destacados os principais desafios da Casa e homenageados nomes ligados à instituição.

Segundo o presidente da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, Ângelo Horto, a fundação da entidade aconteceu como forma de unir os portugueses no Rio.

“Há 95 anos, era fundada esta Casa, precisamente no dia 28 de julho de 1923, com a denominação de Centro Trasmontano. O objetivo era criar um órgão centralizador das demais instituições portuguesas e que representasse um marco para a fusão de todas. A maioria das pessoas lamenta que, até à presente data, ainda não aconteceu”, afirmou Ângelo Horto, que revelou que é “difícil administrar uma instituição sem recursos próprios ou rendimentos patrimoniais” e que a receita da entidade “provém das locações de espaço para festas e da realização de eventos sociais”.

O responsável por essa casa regional recordou a luta de antigos presidentes que “trabalharam duro” para manter vivas as tradições trasmontanas na cidade maravilhosa e realçou que a Casa vive hoje uma nova etapa.

“Tivemos, na gestão passada, o objetivo de pagar as dívidas fiscais. O objetivo foi cumprido. No meu mandato, tenho como objetivo a recuperação e a preservação do patrimônio”, comentou Ângelo Horto.

Em defesa dos portugueses

Para o presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Rui Santos, orador oficial da noite, a comunidade luso-brasileira funciona como uma ponte entre Brasil e Portugal.

“Na verdade, é sempre um gosto extraordinário estar com a diáspora portuguesa e muito particularmente com os trasmontanos e durienses que, espalhados pelo mundo, são verdadeiros embaixadores da nossa região. Vocês são guardiões da nossa cultura, dos nossos valores, da nossa gastronomia, do nosso espírito e, todos os dias, deixam um pouco de tudo isto nos vossos locais de trabalho, junto dos vossos amigos e em toda a comunidade onde estão inseridos. Esta vossa ação é fundamental para afirmar Portugal no mundo e criar a verdadeira imagem do que é o povo português: um povo trabalhador, talentoso, persistente, capaz, orgulhoso da sua história, mas, simultaneamente, humilde e afetuoso. E, acima de tudo, é importante destacar a capacidade que têm em manter vivas todas essas características, apesar da distância do nosso Portugal, apesar do tempo, por vezes, décadas, que passou desde que saíram do nosso País para criar uma vida digna e preenchida”, defendeu o autarca vilarealense, que aproveitou a oportunidade para ressaltar que é importante valorizar os portugueses que vivem fora do seu País.

“Aprendi com a nossa comunidade emigrante que, para os portugueses que partem, sair de Portugal não significa deixar de fazer parte da vida do País. Pelo contrário, os laços reforçam-se e a distância geográfica confere uma nova perspectiva, mais objetiva, sobre o País que somos e que pretendemos ser. Percebemos até que os recursos humanos portugueses, as nossas capacidades e competências são, por vezes, mais valorizados no exterior do que em Portugal”, criticou esse responsável lusitano.

Integrar as comunidades

Rui Santos destacou também que, apesar da distância, a comunidade luso-brasileira deve reforçar os valores portugueses a todo momento.

“Peço-vos que mantenham o contato com o vosso País, incentivem os vossos filhos a amar o Português, uma língua global, a língua mais falada do hemisfério sul. Visitem Portugal com as vossas famílias. Mostrem-Ihes as nossas paisagens e a nossa história. Deem-Ihes a conhecer os nossos escritores, pintores e arquitetos, todos os traços culturais que projetam o nome de Portugal no mundo. Mostrem-Ihes a qualidade das nossas universidades, como a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real. Orgulhem-se da nossa herança cultural e do nosso patrimônio histórico”, finalizou o presidente da Câmara Municipal de Vila Real.

Estiveram também presentes no evento o cônsul-adjunto de Portugal no Rio, João Marco de Deus, o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Flávio Martins, a vereadora Teresa Bergher, a deputada Martha Rocha, o presidente do Real Gabinete Português de Leitura, Francisco Gomes da Costa, além de ex-presidentes da Casa, presidentes de outras casas regionais no Rio e componentes do Grupo Folclórico Guerra Junqueiro, da Casa aniversariante.

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