Marejada se despede com balanço positivo no resgate das tradições

Toninho Almeida, Ricardo Araújo, Sebastião Manuel, Ciça Marinho e Sergio Borges na Marejada, em Santa Catarina.

Por Eulália Moreno
De SC para Mundo Lusíada
 
Depois de dezessete dias, 300 atrações, mais de 350 horas de muita música, incluindo apresentações de bandas e grupos folclóricos locais e regionais, terminou no passado dia 23 de Outubro a 25ª Marejada de Itajaí.
A gastronomia trazida pelos primeiros imigrantes portugueses que chegaram ao litoral norte do Estado de Santa Catarina em meados do século XVII foi mais uma vez apreciada pelos mais de 70 mil visitantes que marcaram presença no evento que é considerado a Maior Festa Portuguesa e do Pescado do Brasil.
Seguindo determinação das prefeituras locais, tanto a Marejada de Itajaí, como a Oktoberfest de Blumenau e a Fenarreco de Brusque privilegiam os artistas locais e regionais, sendo que a Marejada abriu exceção apenas para o Grupo Folclórico Vasco da Gama, para a Banda Filhos da Tradição (ambos de Santos) Sebastião Manuel e Ciça Marinho (de São Paulo) e para uma dupla de instrumentistas japoneses de Sodegaura, cidade-irmã de Itajaí.
Na preservação das tradições, pelos quatro palcos (Vila dos Sabores, Casa do Bacalhau, Sardinha na Brasa e Vila Musical da Beira) apresentaram-se grupos filiados à Associação Luso-Açoriana de Itajaí, entidade que foi fundada em 2001 por um grupo de amantes das tradições e costumes açorianos, que hoje é presidida por Silvio José Keunecke Ignácio de Mendonça.
Dentre eles os Cantores da Paz e o Grupo Eduxi-Educação por Excelência que numa das suas 12 apresentações na Marejada, apresentou um divertido Boi-de-Mamão.
O Eduxi é composto por 20 alunos dançarinos, com idades entre os 14 e os 21 anos, e surgiu em 2001, por sugestão da diretora Dulce Amaral Pereira, no Centro Educacional Cacildo Romagnani- Caic localizado no bairro Cidade Nova-Promorar. “No princípio quando nós chegávamos, as pessoas riam de nós porque o grupo surgiu num bairro muito pobre de Itajaí. Mas agora já somos respeitados. Todos os anos entre os meses de Novembro a Março fazemos o receptivo aos turistas que chegam a Itajaí nos transatlânticos, e lhes apresentamos as danças e a cultura de raíz açoriana no nosso Estado, ali mesmo no píer de desembarque. No ano passado fizemos 180 apresentações, apenas nos finais de semana para não atrapalhar os estudos”, conta Graziela Pereira, professora de Educação Física, fundadora e responsável pelo grupo que conta, na totalidade, com 120 integrantes. O Eduxi apresenta-se recorrendo a Cds pois não tem verba suficiente para contratar músicos, mas sonham. “Os trajes com os quais nos apresentamos quem nos deu foi o Alma Lusa de Curitiba. Eles nos tem ajudado muito e aprendemos sempre a juntar dinheiro com o nosso trabalho porque nunca conseguimos nenhum patrocínio. Não vivemos de esmolas culturais, sobrevivemos com as nossas apresentações e temos o sonho de em 2012 irmos a Portugal onde nos queremos apresentar com os trajes de cada região”, diz Graziela que aproveita para informar que em 30 de Novembro estréia o site do grupo, www.grupoeduxi.com.br.
Representando a Terceira Idade, o Grupo Cultural Fios de Prata de Itajaí formado por 20 senhoras com idade entre os 60 e os 83 anos e o Grupo de Atividades Culturais de Porto Belo- Grupo Alegria- com 14 senhoras. “Apresentamos músicas mais lentas porque as idades já não permitem muitos esforços, mas é um grupo muito unido e dedicado que todas as terças feiras das 16h às 18h00 se reúne no Clube das Mães para ensaiar”, diz Vera Pires, responsável pelo Grupo Alegria.
E de várias cidades de Santa Catarina vieram grupos representativos da cultura açoriana: Criciúma, Balneário Piçarras, Palhoça e de Bombinhas, a Associação Folclórica Mixtura, fundada em 1999. Marília Dias é a ensaiadora e cada um dos componentes se apresenta com trajes domingueiros ou de trabalho de cada ilha: colhedores de ananases, pastores, apanhadores de chá, senhoras abastadas, noivas e viúvas. O conjunto que os acompanha no repertório escolhido representativo das 9 ilhas tem Violino, Viola da Terra de 12 cordas, Violão, Bandolim, e Viola da terceira.
A Banda Marejada e o Bonde do Portuga desfilaram pelo recinto do Centreventos e pelas ruas de Itajaí, sempre acompanhando os Gigantones que representam figuras da cultura local. A Banda Filarmônica de Itajaí, sob a batuta do maestro Luis Alberto Martins de Freitas foi fundada há 23 anos e já se apresentou em diversos festivais internacionais. No repertório músicas do folclore de Portugal e sucessos de Roberto Leal.
Numa festa portuguesa, com certeza, não poderia faltar o Fado e ele esteve presente nos dois palcos principais do Vila dos Sabores e da Casa do Bacalhau, nas vozes das fadistas locais Giza Carla e Célia Pedro acompanhada nos teclados por Cristiano Mendonça, com quem também apresenta o programa televisivo “Lusitando”, Tarcísio Santos na viola de 18 cordas e Alexandre Matis na guitarra portuguesa. Na última semana da Marejada, o elenco de fadistas foi enriquecido com a chegada de Sebastião Manuel e Ciça Marinho que se apresentaram acompanhados por Ricardo Araújo na guitarra portuguesa, Sérgio Borges no violão e Toninho Almeida no acordeom.
Sebastião Manuel, que há 9 anos se apresenta neste evento, é o autor do Hino da Marejada que ao lado das músicas de Roberto Leal fez parte da trilha sonora da festa. “Considero-me um filho de Itajaí, sou sempre recebido com muito calor humano e esta não é a maior Festa Portuguesa do Brasil, é a maior do mundo”, diz Sebastião.
Para o próximo ano a Secretaria de Turismo de Itajaí já anunciou que o tempo de duração da Marejada será reduzido para 11 dias em tempo integral, permitindo assim ao público que chega a Itajaí em muitas excursões aproveitar ao máximo as apresentações que acontecerão nos vários palcos. E um pouco por toda a cidade.

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