Festival de Folclore contempla cultura portuguesa em dois atos

Por Ígor Lopes

Num clima de descontração e alegria, dezenas de pessoas viram o folclore português ser novamente celebrado por quem ama essa arte popular. Componentes, ensaiadores, diretorias e entusiastas puderam acompanhar performances dignas de profissionais da dança que, com carisma e dedicação, mostraram que a cultura portuguesa está viva e se recomenda. O festival de folclore reuniu ranchos, dezenas de dançarinos e foi realizado pela Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras, nos últimos dias 2 e 3. A festa da dança portuguesa teve lugar na Casa de Vila da Feira e Terras de Santa Maria e na Casa de Viseu, ambas tradicionais e, embora distantes, estão localizadas na Zona Norte do Rio.

Em palco, sons diversos recordavam a cultura de vários cantinhos de Portugal. Do Vira ao Corridinho, passando pela Chula, todas as canções ganhavam o tom da concertina. Sem esquecer as joias e os trajes típicos que tornavam o evento mais brilhante. Na plateia, ninguém fechava os olhos com medo de perder um simples detalhe. Famílias, unidas, não arredavam o pé antes da apresentação do último grupo. Até mesmo crianças, dos ranchos mirins, não fugiam da responsabilidade de representar as raízes dos seus “antepassados”.

Antes da festa, componentes e ensaiadores marcavam os pares e os passos que seriam a atração da noite na casa do “Vila da Feira”. A ansiedade era tanta que um dos componentes, a poucos minutos de subir ao palco, se esquivou da nossa reportagem.

– Está gostando do evento?, perguntei.

– Ah, quem deve falar sobre o festival é o pessoal lá da frente”, respondeu o dançarino se referindo à diretoria.

– Mas está sendo bom estar aqui hoje?, insisti.

– Sim, está tudo ótimo, respondeu ligeiro o mesmo folclorista.

De espectador à protagonista Sentado numa mesa, na primeira noite do evento, Alberto Figueiredo, de 76 anos, petiscava e aguardava a sua vez de se apresentar. Componente do grupo folclórico de Trás-os-Montes e Alto Douro, Alberto acredita que esse festival é importante para recordar as raízes portuguesas. “Essas são as nossas raízes. Temos que dar continuidade porque a cada dia somos menos”, lamenta Alberto.

Ao seu lado, o amigo e também componente do mesmo rancho, Carlos Leal, 69, vai mais além e diz que o folclore tem o poder da integração.

“O folclore português ainda consegue integrar a sociedade. Tem muita criança integrada. Tem muito grupo folclórico mirim. Isso vai durar muito tempo”, sublinha Carlos.

Mais próxima do palco, estava Célia Fonseca Gomes, 66 anos, esposa de Davi Gomes, presidente da direção do rancho Serões das Aldeias. Célia acompanha o marido em todas as apresentações.

“É maravilhoso participar e saber que os componentes são descendentes de portugueses e preservam essa tradição. Esse é um festival importante para divulgara cultura do povo”, realça Célia.

Segundo o presidente da Casa de Vila da Feira e Terras de Santa Maria, Ernesto Boaventura, receber os grupos folclóricos no clube é sempre bom.

“Tudo isso é em homenagem a Portugal e à cultura portuguesa.A nossa juventude e os nossos luso-descendentes abraçaram a nossa cultura e o nosso folclore.Uma casa que não tem um rancho folclórico é uma casa sem alma”, comenta o presidente.

 

Festival em dois atos

O festival de folclore foi realizado em dois dias. O primeiro, à noite, teve lugar no dia 2, na Casa de Vila da Feira e Terras de Santa Maria, onde se apresentaram os Ranchos Folclóricos Danças e Cantares das Terras da Feira, Vasco da Gama, Serões das Aldeias, Almeida Garrett, Armando Leça, Maria da Fonte, Guerra Junqueiro, Padre Tomás Borba e Eça de Queiroz.

No dia seguinte, domingo, na hora do almoço, o festival se rendeu à Casa de Viseu. Fizeram parte da lista de apresentação os Ranchos Folclóricos Mirim e Adulto da Casa de Viseu, Rancho Folclórico João Scalabrine, Camponeses de Portugal, Luiz de Camões, Fausto Neves, São Rafael Arcanjo, Grupo Etnográfico de Cantares e Dançares João Ramalho de Lafões, Rancho Folclórico Lavradeiras de Portugal, Imaculada Conceição de Maria e Arouca Barra Clube.

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