Família foi a principal razão para emigrantes de primeira geração deixarem Portugal

Mundo Lusíada
Com Lusa

A família foi a principal motivação para mais de metade (53,6%) dos emigrantes de primeira geração deixarem Portugal, seguida do emprego (39,2%), de acordo com estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativo a 2014.

No estudo ‘Emigrantes portugueses e seus descendentes no mercado de trabalho’ são analisados dados estatísticos europeus do módulo ‘ad hoc’ do Labour Force Survey de 2014 sobre a “Situação dos migrantes e dos seus descendentes diretos no mercado de trabalho”, compilados pelo Eurostat.

O estudo inclui todos os países da UE-28, com exceção da Alemanha, Irlanda, Dinamarca e Países Baixos, mais a Noruega e a Suíça.

Segundo o estudo, residiam nestes países, em 2014, cerca de 1,7 milhões de pessoas com “’background’ emigratório português” (emigrantes de primeira e segura geração). Destes, cerca de 907 mil (52,8%) eram emigrantes de primeira geração e cerca de 812 mil (47,2%) de segunda geração.

A maioria da população com background emigratório encontrava-se empregada, sendo a taxa de emprego de 68,5%, mais elevada nos grupos etários dos 25 aos 39 e dos 40 aos 54 anos, 85% e 84%, respectivamente.

Segundo o estudo, a taxa de inatividade da população com background emigratório era de 23,8% e a taxa de desemprego situava-se nos 10,1%. A investigação observa que o maior número se encontra entre os emigrantes de primeira geração: 22,6% ainda não tinham encontrado um emprego no país de acolhimento, contra 16,5% que já tinham encontrado.

Aponta ainda que a taxa de emprego no grupo dos 25 aos 54 anos (84,6%) é mais elevada do que em Portugal (77,6%) e na média do conjunto dos países analisados (76,4%) para o mesmo grupo etário.

De acordo com o estudo, a taxa de emprego aumenta com o nível de escolaridade, sendo mais elevada para os emigrantes de segunda geração com ensino superior (90,1%).

Para quem tinha, no máximo, até ao 3.º ciclo do ensino básico, a taxa de emprego era de 80% e de 86,4% para quem tinha o ensino secundário ou pós-secundário. “Os emigrantes de segunda geração com ensino superior revelam uma maior participação no mercado de trabalho, com uma taxa de emprego (96,6%) maior do que a de Portugal (86,2%) e da Europa (86%)”, salienta o documento

Os emigrantes de primeira geração distinguem-se por terem uma maior proporção de empregados nos grupos profissionais menos qualificados: 31,9%, sendo 19,7% em Portugal e 16,8% na Europa.

Contrariamente, 44% dos emigrantes de segunda geração empregados enquadravam-se no grupo profissional mais qualificado, valor superior aos 37,9% de Portugal e aos 41,4% a nível europeu, sendo quase o dobro do observado para emigrantes de primeira geração (23,4%).

Jovens

A população portuguesa emigrante na Europa era, em 2014, mais jovem do que a residente em Portugal e nos países de acolhimento, segundo o estudo. 79,6% dos emigrantes de segunda geração tinham entre 15 e 39 anos, o que compara com 46,4% e com 47,7% em Portugal e na Europa, respectivamente.

O INE sublinha que “o fenômeno emigratório que caracterizou Portugal, particularmente em meados do século XX, a par da recente vaga emigratória da população portuguesa, acentuada com a crise financeira de 2008, justifica a análise e caracterização dos emigrantes portugueses”, da sua situação laboral nos países de acolhimento e as razões que motivaram a sua saída do país.

A investigação revela que a segunda geração de emigrantes era mais escolarizada e tinha um perfil escolar semelhante à média dos países europeus.

Segundo o estudo, 27,4% possuíam ensino superior (26,2% na Europa, 19,3% em Portugal e 11,7% no conjunto dos emigrantes de primeira geração) e 42,5% tinham ensino secundário e pós-secundário, proporção próxima da que se verificava nos países europeus analisados (44,3%), mas bastante acima da observada em Portugal (23,6%).

Porém, o estudo constata “uma notória clivagem etária” entre duas gerações de emigrantes de primeira geração, dos 25 aos 39 anos e dos 55 aos 64 anos. “Observa-se que a proporção de emigrantes mais jovens com ensino superior é cerca de 10 vezes a dos emigrantes mais velhos, 26,3% e 2,7%, respectivamente”.

Contrariamente, 76,7% dos emigrantes mais velhos têm, no máximo, o 3º ciclo do ensino básico, o que compara com 41,9% dos emigrantes mais jovens, sublinha o estudo, que aponta para “uma mobilidade escolar ascendente da segunda geração de emigrantes face aos seus pais”.

“Independentemente do nível de escolaridade dos pais, os filhos têm maioritariamente um nível de escolaridade secundário/pós-secundário ou superior”, salienta.

Apesar de não ter sido possível definir “um retrato completo do fenômeno emigratório português, pela ausência de informação de importantes destinos europeus da emigração portuguesa, como a Alemanha” e “resto do mundo”, o estudo estima residiam nestes países, em 2014, cerca de 1,7 milhões de pessoas com “’background’ emigratório português” (emigrantes de primeira e segura geração).

Do total de 1,7 milhões de emigrantes, 907,1 mil (52,8%) eram de primeira geração e 812,2 mil (47,2%) de segunda geração. Estes emigrantes residiam em apenas quinze dos países analisados, com destaque para França (62,6%), Suíça (14,1%), Espanha (9,3%), Reino Unido (7,6%) e Luxemburgo (3,2%).

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