Comunidade em Brasília manifesta preocupação em relação à cargos na Embaixada

Mundo Lusíada
Com agencias

Foto/Arquivo Julho 2011. ANTÓNIO SILVA/LUSA

Representantes da comunidade portuguesa em Brasília encaminharam no início de fevereiro uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, com queixas a respeito da política externa adotada em relação ao Brasil.
No documento, os responsáveis destacam a demora para a nomeação um novo embaixador para Brasília e a ausência de funcionários em cargos importantes como o de adido econômico e adido cultural.
“O embaixador foi embora em agosto e ainda não veio um substituto. Agora foi nomeado [Ribeiro Telles], mas ainda não chegou. Com isso, teremos um vazio de aproximadamente sete meses sem representação na embaixada”, destacou à Lusa Carlos Manuel Pedroso Neves Cristo, membro do Conselho Consular de Brasília e gestor num escritório de advocacia.
Segundo Neves Cristo, o adido de imprensa, o jornalista Carlos Fino, também recebeu uma notificação de que deverá deixar o cargo. O Governo ainda não informou se será nomeado um substituto ou se o posto será extinto. “Sinalizam também que a adida de informações talvez tenha de ir embora, com supressão do cargo. Tudo isso deixa-nos bastante preocupados”, reforçou Neves Cristo, ao ressaltar que estes “vazios” ocorrem num momento em que se pretende realizar o ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal.
“Mesmo no caso dos que serão substituídos, nós não vemos a vantagem dessas mudanças. Para a realização do ano de Portugal no Brasil esses profissionais devem ter um networking [rede de contatos] e as pessoas que estavam cá há muitos anos possuíam essa rede”, considerou.
Atualmente, não há, no Brasil, um interlocutor oficial para tratar dos temas referentes ao ano cultural que se pretende realizar em setembro próximo. O presidente da Fundação Luso-brasileira, Miguel Horta e Costa, foi nomeado para tratar do tema, a partir de Portugal.
Os membros da comunidade observam que a extinção de cargos na embaixada está ocorrendo há cinco anos e recordam outras perdas de relevo como a supressão do adido das comunidades e do funcionário responsável por apoiar os presos portugueses no Brasil.
Os responsáveis dizem, por fim, conhecer as dificuldades financeiras que Portugal enfrenta, mas alertam para a necessidade de fortalecer as relações comerciais com o Brasil neste momento, o que não se consegue fazer sem representantes em postos políticos de relevo.
“Consideramos que as dificuldades que Portugal atravessa hoje, em termos econômicos, em decorrência da crise que está a assolar a Europa, apontam para a conveniência da intensificação de parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras”, diz o texto.
Dezoito pessoas, incluindo portugueses e luso-brasileiros, assinaram a carta enviada dia 03 a Paulo Portas, entre eles empresários e funcionários públicos a ocupar altos cargos no Governo brasileiro.
O governo português nomeou o novo adido cultural para a Embaixada de Portugal no Brasil. João Pignatelli Figueira de Freitas deve exercer o cargo na embaixada de Portugal em Brasília, cargo que estava vago desde finais do ano passado, depois da saída do conselheiro cultural e diretor do Instituto Camões no Brasil, o pianista Adriano Jordão. O novo adido esteve anteriormente à frente do Instituto Camões em Luanda e passa agora a integrar a equipe do embaixador Francisco Ribeiro Telles, que transita da embaixada de Portugal na capital angolana para Brasília.
Também um manifesto contra a saída de Carlos Fino da Embaixada foi lançada na internet e enviada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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