Casa de Portugal Campinas ganha decoração permanente na comemoração de 64 anos

Por Odair Sene – Mundo Lusíada

O presidente da Casa de Portugal de Campinas, Vagner Vieira recebeu muitos convidados, juntamente com sua esposa Lílian Vieira, no sábado, dia 12 de março para comemoração de 64 anos de fundação da principal entidade luso brasileira da região de Campinas.

Fundada em 28 de março de 1958 por “Luso Ventura” um jornalista brasileiro, a Casa de Portugal abriu suas portas no dia 12, e recebeu muitos convidados para um jantar tipicamente português com bolinhos de bacalhau e alheira à entrada, e no cardápio bacalhau cozido, e no palco um show de fados com o quarteto Ciça Marinho, Tiago Filipe, Sérgio Borges e Wallace Oliveira.

Porém um dos maiores destaques da noite foi a nova decoração apresentada como uma “mostra permanente” que fica como patrimônio da casa a partir de agora: um conjunto de telas fixadas nas laterais do salão mostrando temas portugueses tradicionais como “Castelo de Belém”, “Fernando Pessoa” e os bondes do boêmio bairro lisboeta, tudo em óleo sobre tela, em preto e branco com detalhes coloridos, inserindo assim o modernismo ao tradicional.

O responsável pelas criações das obras foi o artista plástico Joaquim Matos, um integrante da Casa ligado ao Rancho Folclórico, com idas e vindas, mas conectado desde sempre à instituição.

Joaquim Matos é filho de portugueses, convive na comunidade portuguesa a vida toda praticamente, acostumado desde criança a ouvir a música portuguesa através do pai, mas também a viver a cultura e culinária já em sua casa. “Depois eu me afastei porque tinha que começar a trabalhar e tocar a vida, cresci no Paraná e vim para São Paulo com 16/17 anos, entrei para o Rancho com 19 anos, me afastei um pouco, depois voltei, enfim por várias vezes com idas e vindas mas continuo no Rancho, quem é do folclore sabe…”.

Depois de estar sem trabalhar por conta da pandemia, Joaquim Matos voltou com um pedido dos mais desafiadores, fazer painéis em tempo recorde para o jantar da Casa. A ideia do artista, em parceria conceitual com a direção, foi de pegar um tema português tradicional, aplicar algum detalhe colorido e modernizar a imagem, conceito muito patente na tela da Amália Rodrigues e do Fernando Pessoa, mas nas demais salta aos olhos, e foi motivo de grandes elogios.

Arte mais clássica não tem espaço em Campinas

Ao Mundo Lusíada o artista plástico Joaquim Matos disse que este tipo de obra, e outros, vem perdendo espaço na cidade ao longo dos tempos, cada vez mais: “Não é crítica que eu vou falar, mas a cidade de Campinas está bem defasada em termos de espaços culturais, nós tínhamos muitas galerias, muitos espaços que foram reduzindo, reduzindo, e hoje você quase não tem espaços culturais na cidade com este tipo de arte por exemplo, que é uma arte mais clássica, mais figurativa, realista embora com fotos antigas, ela traz muito da realidade e a maioria das secretarias de cultura municipais não se interessam por este tipo de arte, eles promovem mais a arte moderna, menos do figurativo clássico e tem a ver também com aquela questão de fazer mal feito e dizer que é arte”, disse.

64 anos: Casa comemora a vida, diz presidente

Sobre a mais importante data da Casa, o presidente Vagner Vieira disse ao Mundo Lusíada que a entidade está retomando suas atividades após dois anos em total prejuízo pela falta dos eventos, mas obedecendo as regras sanitárias já é possível voltar a reunir a comunidade local.

Nos 64 anos da entidade, Vagner Vieira disse que a Casa “comemora a vida” após dois anos sem saber o que aconteceria, “e ainda temos muita gente com medo de sair, mas eu tenho dito, saiam à rua, porque nós vamos ter que conviver sim com este vírus, não tem como se esconder, as vacinas estão aí, os números estão favoráveis e aquela letalidade já passou, vamos recomeçar, não sou muito disso de ‘novo normal’ não, é vida que segue”.

Na 16ª gestão da história da Casa (gestão 2020/2022), Vagner disse que foi uma alegria muito grande poder abrir a Casa com a mostra permanente com motivos portugueses, “é um presente que estamos dando para os portugueses, para luso brasileiros, e para brasileiros que apreciam a cultura lusitana”, disse fazendo referências à programação, com a culinária típica e o show de fados com um quarteto muito elogiado pelo público.

Várias autoridades e líderes associativos também presentes, como o Cônsul Adjunto Jorge Longa Marques, o vereador de Campinas, Paulo Haddad (Cidadania), o Coronel Flávio Moreira Mathias, Comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, o Major Mateus (Oficial de Comunicação Social) – ambos com suas esposas, como também do presidente da Provedoria Portuguesa, Oscar Ferrão.

“Temos raízes históricas com Portugal, a começar pelo idioma, o que nos une como país, sempre tivemos a emigração muito forte, como meus avós que vieram de Viseu e Porto, eles vieram para o Brasil, onde se conheceram, se casaram e formaram família”, disse ao Mundo Lusíada o Coronel Flávio Mathias, ainda ressaltando as relações bilaterais que seguem sempre muito fortes, “apesar de separar um pouco politicamente após a independência, não tinha como não retomar e ainda integrar os demais países de língua portuguesa (CPLP) porque unidos somos mais fortes e temos sim que guardar nossas raízes e nossas tradições e utilizar isso a nosso favor”, disse.

Durante o evento teve bolo e o parabéns com membros da direção, convidados, ex-presidentes, presidente do conselho João Meira e patrocinadores. O presidente Vagner agradeceu sua diretoria e seus familiares pelo apoio.

Falando pelo quarteto musical a fadista Ciça Marinho, uma das vozes mais requisitadas da atualidade, prestes a completar 25 anos de carreira, disse que ficou lisonjeada por poder participar da data mais importante da casa. “O fado é um tipo de repertório muito característico, não há muito que sair do tradicional porque as pessoas pedem sempre as músicas muito pelo saudosismo, os ‘bilhetinhos’ apareçam e a gente tem que cantar aquilo que traz a saudades para as pessoas, é isso que caracteriza aquilo que você deixou para trás”.

Cônsul Adjunto

Ao Mundo Lusíada o Cônsul Adjunto Jorge Longa Marques elogiou a casa que conheceu somente agora (pessoalmente) e disse que estar presente nessas datas importantes faz parte do trabalho, “não é bem um trabalho, é uma noite agradável, a parte de trabalho que nós temos é estarmos juntos com nossas comunidades e ouvir sobre suas necessidades”, disse ele que está em São Paulo há um ano e meio, sempre em contato com o Pedro Peixoto (diretor social e eventos) e com o presidente Vagner Vieira, mas presencialmente é a primeira vez.

“64 anos é uma marca fantástica, é uma casa excelente, com todas as condições, uma das melhores que eu já visitei e eu já visitei inúmeras associações, mas essa é extremamente representativa, nota-se que a comunidade tem trabalhado muito para manter essa casa como as associações tem feito, mas vir aqui pessoalmente me mostrou exatamente isso, é uma das grandes casas que eu vi pessoalmente, representando a grandeza da comunidade portuguesa aqui em Campinas, volto com bons olhos para São Paulo, mas com vontade de regressar à Campinas, como falei com o Pedro Peixoto e com o Vagner Vieira”, referiu.

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