Após críticas da oposição sobre desemprego, PSD diz que emigração vem de trás

Mundo Lusíada
Com agencias

O porta-voz do PSD previu nesta quarta-feira uma contínua criação de emprego, com mais qualidade, embora defendendo que é pior o desemprego do que um contrato a prazo, e colocou o fenômeno da emigração antes da governação PSD/CDS-PP. “Tem havido uma mistificação relativamente às questões da emigração. É verdade que muitos portugueses procuraram uma solução para as suas vidas, mas o PS construiu a narrativa de que a emigração nasceu a partir do momento em que este Governo tomou posse”, acusou Marco António Costa, citando em seguida dados do Observatório da Emigração: 80 mil emigrantes em 2006, 90 mil em 2007, 85 mil em 2008 e 95 mil em 2012.

Em conferência de imprensa, na sede lisboeta do maior partido da coligação Portugal à Frente, o vice-presidente social-democrata declarou que “a emigração é fenômeno muito anterior à entrada em funções deste Governo”, rebatendo as críticas da oposição, que acusara o executivo de Passos Coelho e Paulo Portas de mascarar estatísticas, em virtude de contabilizarem pessoas em formação ou ocupadas pontualmente e deixarem de fora os emigrantes, por exemplo.

“É verdade que teve um ligeiro crescimento nos últimos anos e para nós é um desafio muito importante poder criar condições em Portugal para que os portugueses encontrem, no seu próprio país, condições de realização pessoal”, assegurou. O coordenador da comissão política “laranja” disse que o PSD é favorável ao fomento de “um emprego estável”, mas “pior do que um contrato de trabalho a prazo é um desemprego”.

“Aquilo que estamos a construir em Portugal é, consolidadamente e de forma crescente, uma economia mais sólida que gere mais emprego, seguramente também de maior qualidade”, prometeu, salientando ainda outros dados estatísticos: revisão em alta das perspectivas de crescimento das exportações portuguesas em 2015 para 3,4%, exportações com os valores mais altos desde novembro de 2014, a confiança dos consumidores mais elevada desde abril de 2002 e o maior índice de clima econômico desde 2008.

Marco António Costa reiterou “o reconhecimento do trabalho feito por todos os portugueses” para atingir o referido “ponto de evolução positivo, realçando o papel da economia real na criação de postos de trabalho”, bem como “o papel da concertação e parceiros sociais, que foram capazes de ajudar a reformar o mercado de trabalho e ajudar a construir políticas ativas de emprego relevantes para aumentar a empregabilidade”.

220 mil empregos
Junto com os partidos da oposição, a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) considerou que os números da taxa de desemprego divulgados não correspondem à taxa real e acusou o Governo de ter promovido uma “destruição brutal” de mais de 220 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos.

“Passados quatro anos, a destruição de postos de trabalho foi brutal. Em comparação com o período homólogo de 2011, quando este Governo entrou em funções, foram mais de 220 mil postos de trabalho destruídos. O Governo diz que a descida é histórica, mas o que é histórico é a destruição de emprego”, disse Armando Farias à agência Lusa.

De acordo com as contas elaboradas pela CGTP, os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) deixam de fora 500 mil emigrantes, 242 mil trabalhadores inativos disponíveis e 500 mil em situação de emprego e subemprego.

Também os responsáveis do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) consideraram “urgente desmascarar as sucessivas mentiras” do executivo “que destruiu milhares de postos de trabalho, fomentou a precariedade, a emigração e a instabilidade”. “Os números (do INE) não têm em consideração os participantes em cursos profissionais a decorrer no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que ficam fora das estatísticas, as mais de 300 mil pessoas que emigraram, os muitos desempregados que deixaram de receber qualquer subsídio e, por isso, deixaram de estar inscritos e de procurar emprego e, ainda, o fator da sazonalidade”, justificam em comunicado.

Já o secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, disse encarar com satisfação a descida da taxa de desemprego para 11,9% no segundo trimestre, apesar de ainda haver muito a fazer. “É com satisfação, com reconhecimento pelas políticas públicas onde nós também damos o nosso esforço e damos naturalmente os nossos contributos, que hoje vemos estes números baixarem. Ainda está num número elevado? Está com certeza. Há muito a fazer? Há”, disse o secretário-geral da UGT.

“Temos consciência de que, para além dos cerca de 635 mil trabalhadores registrados no IEFP, mais de 300 mil pessoas emigraram, de que há muitos que deixaram de estar inscritos nos centros de emprego porque simplesmente deixaram de procurar emprego. Temos consciência disso, mas no dia em que se quiserem esgrimir os números do INE e do IEFP então alteram-se as regras do jogo e passam a contar todos”, afirmou Carlos Silva.

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