Nos 108 anos da República, Presidente pede inovação no sistema político contra tentações radicais

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português apelou à permanente construção da democracia, defendendo que isso implica “a inovação e a proximidade no sistema político”, voltando a advertir para as “tentações radicais, egoístas, chauvinistas ou xenófobas”.

“As mesmas tentações que já lembrei em 25 de Abril passado, perante a incompreensão de alguns, mas que continuam a multiplicar-se um pouco por toda a parte”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão solene comemorativa do 108º aniversário da Implantação da República, neste dia 05 na Praça do Município, em Lisboa.

No seu discurso de cerca de dez minutos, o chefe de Estado chamou a atenção para “as lições do passado” em Portugal e na Europa, passando em revista cada década do último século, para que não se cometam “os mesmos erros” que conduziram a crises, ditaduras e guerras.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “vale a pena recordar estas e outras lições, num tempo em que a Europa terá de demonstrar que quer um futuro muito diferente do passado de há cem anos”.

“Portugal terá de afirmar, em permanência, a qualidade da democracia, a inovação e a proximidade no sistema político, a consistência do crescimento econômico, a equidade do sistema social, a capacidade para atrair os que não querem partir ou partiram e querem regressar, para oferecer horizontes que nos poupem a tentações radicais, egoístas, chauvinistas ou xenófobas”, acrescentou.

Preocupação

Já a líder do CDS-PP notou uma “preocupação de futuro” no discurso do Presidente da República, e apelou a “que todas as responsabilidades políticas sejam apuradas” no caso do roubo em Tancos.

“Noto um discurso de Estado, com uma revisão do que foram estas décadas de República, mas, sobretudo, com uma preocupação de futuro, dizendo-nos que a República e a democracia constroem-se diariamente e, para isso, precisamos de instituições fortes, desde logo as Forças Armadas”, afirmou Assunção Cristas, em declarações aos jornalistas.

Nesse sentido, a líder centrista sublinhou que o partido quer “que toda a verdade [do furto de material militar dos paióis] de Tancos seja descoberta, que todas responsabilidades políticas sejam apuradas” para que o país possa contar com “Forças Armadas credíveis e reabilitadas”.

Assunção Cristas voltou a destacar também que “o ministro [da Defesa] não tem condições para continuar no cargo”.

Relativamente ao discurso do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, Assunção Cristas admitiu perceber a sua preocupação com a habitação, mas lamentou “que não aprovem na Câmara e no parlamento as múltiplas propostas que o CDS já apresentou, nomeadamente no que respeita a baixar a fiscalidade para os arrendamentos de longa duração”.

“E, na Câmara de Lisboa, lamento por exemplo, no rol das iniciativas que refere, não só possamos notar o atraso de muitas delas, mas também não refira que os terrenos da antiga Feira Popular ao invés de irem para a habitação a preços moderados de arrendamento, como foi proposto pelo CDS, vão para escritórios e habitação a preço de mercado, habitação muito cara”, acrescentou.

Tancos

Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve, no âmbito da Operação Húbris, que investiga o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos, o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Na segunda-feira chegou a Portugal e foi detido o major Vasco Brazão, que foi porta-voz da PJM e estava em missão na República Centro-Africana.

Segundo o Ministério Público, em causa estão “fatos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.

O furto de material militar dos paióis de Tancos – instalação entretanto desativada – foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que relativamente ao conhecimento imputado ao ministro da Defesa quanto ao caso do desaparecimento de armas nos paióis de Tancos, “é preciso respeitar o apuramento da verdade”.

“Neste momento, como disse ontem [quinta-feira], não tenho nada a acrescentar porque está uma investigação em curso e essa investigação está a prosseguir os seus trâmites. Devemos acompanhar aquilo que está a ser feito, não interferindo, respeitando e olhando depois para as conclusões”, afirmou o chefe de Estado.

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