Falta de pessoal na hotelaria no Norte não pode significar precariedade – sindicato

Da Redação com Lusa

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (STIHTRSN) defendeu, na terça-feira no Porto, que a falta de pessoal no setor não pode significar aceitar diminuir a qualidade do serviço ou manter a precariedade.

“De fato, há falta de trabalhadores no setor, mas nós não podemos aceitar que estejam aí os [trabalhadores] imigrantes a dormir, 10 ou 12 imigrantes, num só apartamento, sem condições dignas”, disse aos jornalistas o dirigente sindical Francisco Figueiredo.

O sindicalista falava à porta do Hotel Intercontinental, na Praça da Liberdade, no Porto, no âmbito de ações de contacto com os clientes da hotelaria, espalhadas por vários estabelecimentos da cidade.

Para Francisco Figueiredo, “é necessário, por um lado, preservar a qualidade do serviço”, considerando que os patrões do setor querem “manter a precariedade, aumentar a exploração, continuar a pagar salários miseráveis, e continuar com estes horários longos e penosos”.

Para o dirigente do STIHTRSN, “também o Governo tem culpas no cartório”, porque “nada faz para promover a contratação coletiva”.

Reconhecendo que “há hotéis que aumentaram os salários” em 125, 90 ou 65 euros, também “por força de cadernos reivindicativos” dos sindicatos, para Francisco Figueiredo a questão fundamental é mesmo a contratação coletiva, pois só esta “permite aumentos salariais para todos os trabalhadores”.

“Sem contratação coletiva, cada um fica na sua empresa, à sua sorte. Se tiver uma boa organização sindical, conseguem reivindicar na empresa. Mas se for um hotel mais pequeno, onde há fraca organização sindical, não conseguem”, argumentou.

O dirigente sindical considerou ainda que se está a “generalizar a situação do trabalho sem qualidade” em Portugal, entendendo que as empresas devem “garantir seis meses de formação profissional em técnicas hoteleiras, em língua inglesa e portuguesa, garantir alojamento e contratos por tempo indeterminado”.

“Antes da pandemia, havia trabalhadores que trabalhavam há muitos anos no setor, que iam dando formação uns aos outros e a situação era diferente”, descreveu.

Hoje em dia, “tendo fugido do setor milhares de trabalhadores, como fugiram, é necessário tomar medidas de formação, de acolhimento, e não pode ser com salários miseráveis”, considerou.

“Se virem a proposta de tabela salarial apresentada pela APHORT [Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo], para os trabalhadores estagiários, para os trabalhadores aprendizes e estagiários, propõem-lhes 564 euros. Muito abaixo do salário mínimo nacional”, disse aos jornalistas.

“Como é que querem atrair jovens para o setor se nem sequer o salário mínimo nacional aplicam?”, questionou.

Francisco Figueiredo anunciou ainda que na sexta-feira, pelas 09:30, haverá uma manifestação no Porto, em conjunto com o sindicato da região Centro, com partida da Praça da Ribeira e que seguirá para a Câmara Municipal, incluindo a entrega de moções a todos os estabelecimentos.

A ação visa denunciar a “propaganda das empresas que dizem que têm falta de trabalhadores, mas que pagam salários miseráveis”.

Também no dia 02, a secretária de Estado do Turismo estimou que Portugal precisa de 45 mil a 50 mil trabalhadores no turismo, vagas que poderão ser preenchidas por trabalhadores de países de língua portuguesa.

1 Comment

  1. Um absurdo. Os que seguem daqui imaginando que encontrarão melhores condições acabam por decepcionar-se. Não tarda que haverá uma fuga massiva de trabalhadores de Portugal. Ai será tarde para fazer algo.

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