Presidente: Portugal consegue falar com pessoas que não falam entre si

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português descreveu Portugal como um país que “deu a volta” no plano econômico-financeiro e é “mais do que nunca plataforma entre culturas”, capaz de “falar com pessoas que não falam entre si”.

Marcelo Rebelo de Sousa expôs esta posição numa entrevista em português à Rádio das Nações Unidas, à margem da 73.ª sessão da Assembleia Geral desta organização, em Nova Iorque.

Segundo o chefe de Estado, “Portugal tem agora uma responsabilidade maior no que toca às Nações Unidas”. “Por um lado, porque o secretário-geral [António Guterres] é português. Por outro lado, porque apoiamos todas as prioridades do secretário-geral”, justificou.

Questionado se Portugal está na moda, o Presidente da República considerou que se pode dizer que sim, “num sentido mais humilde”, porque “Portugal deu a volta em termos de crise financeira, Portugal deu a volta em termos de crise econômica”.

“E Portugal está agora ainda mais do que nunca plataforma entre várias culturas, várias civilizações e vários continentes. Quer dizer, Portugal consegue falar com pessoas que não falam entre si, consegue falar com Estados que não falam bem entre si”, acrescentou.

Nas Nações Unidas, “Portugal consegue estar presente em iniciativas” sobre temas tão diversos como a tuberculose, as migrações ou a droga, tendo em conta as políticas e a experiência que tem sobre estas matérias, referiu.

No que respeita à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Marcelo Rebelo de Sousa disse que Portugal vê “com muita alegria o processo de paz, o processo de entendimento, de concertação, a realização de eleições em Moçambique” e “a expectativa da realização de eleições proximamente na Guiné-Bissau”.

Insistindo que é possível “ir mais longe” na circulação de pessoas no espaço da lusofonia, o chefe de Estado declarou: “Na CPLP eu estou optimista”.

Relativamente à ação do secretário-geral das Nações Unidas, o Presidente da República reiterou que Portugal apoia o seu empenho no multilateralismo, defendendo que “não pode cada Estado começar a decidir por si”, bem como no combate às alterações climáticas – “elas estão aí” – e na preocupação com as migrações e os refugiados, “o mundo não pode fechar os olhos em relação a elas”.

Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou igualmente que Portugal é pela “abertura do mercado internacional, não pode cada um começar a tomar medidas protecionistas que criam uma tensão e um clima negativo na comunidade internacional” e frisou a importância da resolução pacífica de conflitos.

“Tem de haver diálogo, tem de haver concertação, não pode chegar um a dizer: eu quero esta solução, eu imponho. Depois vem outro e diz: eu imponho. Ora, como não nenhum que possa chamar a si a liderança do mundo, possa ou deva, tem de haver concertação”, advogou, apontando a Assembleia Geral como “um momento único” para os chefes de Estado e de Governo trocarem impressões.

Marcelo Rebelo de Sousa ainda disse que o país está disposto a receber mais refugiados e que apoia o Pacto Global sobre Migração Ordenada, Segura e Regular.

“Já dissemos que aumentávamos a nossa quota, temos um plano de integração e queríamos que fosse partilhado à escala europeia e à escala global. Nós apoiamos o pacto sobre migrações e sobre refugiados. Não somos daqueles que pensam que a solução se encontra com uma visão distante, que as tragédias que acontecem no mundo são culpa do mundo e nós não temos nada a ver com isso. Isso não existe. Ninguém está fora do mundo.”

“Nós queremos que a União Europeia tenha uma política comum de migração. Porque é aquilo que corresponde, não apenas ao respeito da dignidade da pessoa, mas também aos direitos humanos em geral e à construção de um mundo melhor”.

Rebelo de Sousa também lembrou o exemplo da iniciativa do antigo presidente Jorge Sampaio da Plataforma Global para os Estudantes Sírios.

O presidente português explicou que essa abertura se deve à história do país. Rebelo de Sousa lembrou que Portugal “é um país de migração”, de portugueses espalhados pelo mundo e de acolhimento de imigrantes.

“Aconteceu em relação a muitos dos nossos países irmãos de língua portuguesa, aconteceu em relação a povos europeus, aconteceu em relação a outros povos africanos e asiáticos. E está a acontecer ali, em particular, devido à situação muito problemática vivida no norte de África, no Próximo e no Médio Oriente”.

O chefe de Estado português discursou no segundo dia do debate de alto nível da Assembleia Geral da ONU. O secretário-geral da organização, António Guterres, esteve presente durante o discurso.

Rebelo de Sousa disse que Portugal apoia todas as prioridades do chefe da ONU destacando a reforma da organização.

“Manter a situação atual é uma forma de esvaziar o multilateralismo e multiplicar riscos, conflitos, subdesenvolvimento e violação dos Direitos Humanos. Assim como não reformar o Conselho de Segurança, com consenso alargado, é ignorar a geopolítica do século XXI, que exige, pelo menos, a presença do Continente Africano, do Brasil e da Índia.

Além da importância da ONU, o líder português destacou a colaboração com organizações regionais, como a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, Cplp, e a União Africana.

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