Em Lisboa, presidente de Angola apela à sociedade para combater “câncer” da corrupção

Da Redação
Com Lusa

O Presidente de Angola, João Lourenço, apelou à necessidade de moralização da sociedade angolana e reafirmou o seu empenho no combate à corrupção que classificou como “um câncer que corrói os alicerces da sociedade”.

João Lourenço discursava no Parlamento após o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, numa sessão solene nesta tarde, no primeiro dia de visita oficial, com os hinos nacionais dos dois países e perante as altas figuras do Estado.

O Presidente angolano afirmou que elegeu duas frentes de batalha para garantir o êxito do seu programa de governação: o combate à corrupção e a diversificação da economia.

João Lourenço considerou que este é o momento indicado para “enfrentar novos desafios”, numa Angola que “vive há 16 anos consecutivos uma situação de paz efetiva, duradoura e irreversível” e que já deu início ao processo de reconstrução de infraestruturas.

O chefe do Estado adiantou que esta “nova Angola de transparência” encara Portugal como “um parceiro importante” face à “relação sólida e duradoura” que os dois países mantêm e que “precisa de ser reiterada e alimentada com gestos e atitudes de ambas as partes”.

A anteceder João Lourenço, Ferro Rodrigues destacou no seu discurso “a singular amizade luso-angolana” pela sua profundidade e extensão” e afirmou que a “independência de Angola e o fim do colonialismo português puseram o nosso relacionamento numa base: a da igualdade e do respeito mútuo”.

Assinalou também que falar do relacionamento luso-angolano “é falar do relacionamento entre as pessoas” e lembrou o “contributo relevante” para o progresso e desenvolvimento de Angola dos 135 mil portugueses que ali residem e trabalham.

Da mesma forma, os 17 mil angolanos que estudam e trabalham em Portugal “enriquecem o nosso tecido social e cultural”, realçou Ferro Rodrigues que saudou por fim “a coragem e determinação” do Presidente João Lourenço “em afirmar em Angola um Estado democrático de direito.

O “menos bom” da história

Também nesta quinta-feira, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que assume, sem complexos, responsabilidade plena pelo que houve “de menos bom” na história de Portugal no período colonial, assim como pelo “muito de bom”.

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição em conferência de imprensa conjunta com o Presidente angolano, João Lourenço, no Palácio de Belém, em Lisboa, após ser questionado se “Portugal nunca pensou em reparar este período negro que marcou a relação entre Angola, os povos angolanos e o Estado português”.

“Também reconheço, e reconhecemos todos, aquilo que houve, olhando retrospectivamente, de menos positivo ou errado na nossa história, ou de injusto para outros na nossa história: perseguições religiosas, perseguições sociais, escravatura, outras formas de dominação ou de exploração, e assumindo plena responsabilidade por isso”, respondeu.

Com João Lourenço ao seu lado, o chefe de Estado português referiu: “Já o assumi várias vezes, não ficando apenas no mais fácil, que é pedir desculpa sem assumir responsabilidade”.

“É muito mais importante assumir a responsabilidade plena por aquilo que de menos bom houve na nossa história. Eu assumo, e assumo como cidadão e assumo Presidente da República Portuguesa, sem complexos, como assumo o muito de bom que fizemos ao longo da nossa história”, acrescentou.

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