Confederação Empresarial pede ao Governo para ser “realista” no aumento do salário mínimo

Da Redação
Com Lusa

O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considerou ambiciosa a meta do Governo português para o salário mínimo e pediu para o executivo ser “realista” e dar condições para que as empresas consigam suportar o aumento.

“Vamos ouvir o Governo sobre o que é que tem para dizer sobre esta meta que traçou com muita ambição e espero que coloque igual ambição no crescimento econômico”, disse António Saraiva, à entrada da reunião da Concertação Social, onde os parceiros vão discutir o aumento do salário mínimo para 2020.

Em reunião nesta quarta-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, deverá apresentar às estruturas sindicais e patronais uma atualização do valor para 2020, sendo que a meta do Governo é atingir os 750 euros até 2023.

António Saraiva disse não ter uma proposta em concreto, reafirmando que é necessário ter em conta indicadores como a produtividade, inflação e crescimento econômico na evolução do salário mínimo.

“Temos de ser realistas, temos de dar sustentabilidade às empresas”, sublinhou o presidente da CIP.

“A economia gere-se por sinais diferentes do que os decretos que alguns governos teimam em fazer e por isso queremos discutir condições que permitam às empresas sustentadamente atingir os objetivos salariais que todos desejamos”, afirmou o presidente da CIP.

Já o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, destacou que o aumento do salário mínimo nos últimos anos teve efeitos positivos na economia e voltou a exigir como meta 850 euros.

O líder da UGT, Carlos Silva, defendeu maior ambição nos números, lembrando que a central sindical quer 660 euros para 2020.

O salário mínimo nacional é este ano de 600 euros.

Portugal entre países com salário mais baixo

Portugal continua a ser um dos países da União Europeia onde o salário mínimo nacional é dos mais baixos, apesar das atualizações dos últimos quatro anos, que elevaram a remuneração mínima em quase 19% em termos nominais.

Entre os 22 países europeus que atualizaram o salário mínimo em 2019 por via legislativa, Portugal surge na 12.ª posição, segundo um estudo realizado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, apresentado recentemente, por ocasião dos 45 anos do salário mínimo.

O salário mínimo em Portugal aumentou nos últimos quatro anos dos 505 euros, em 2016, para 600 euros em 2019, um aumento nominal de quase 19% e real (descontando a inflação) de 14%.

Segundo o estudo, Portugal encontra-se “entre os países com o salário mínimo mais baixo quer da UE quer da Área do Euro” e “os recentes aumentos do salário mínimo em Portugal não alteram a sua posição relativa” no ‘ranking’ europeu.

De acordo com a tabela que apresenta valores nominais e ajustados a valores mensais (a 12 meses) e tendo em conta as diversas regras nos Estados-membros, o Luxemburgo está no topo, com um salário mínimo de 2.071,10 euros por mês, ou seja, quase o triplo do português.

Em segundo lugar surge o Reino Unido com um salário mínimo de 1.746,7 euros. Com valores acima dos 1.500 euros estão ainda a Irlanda, a Holanda, a Bélgica, a Alemanha e França.

Portugal, cujo valor ajustado a 12 meses é de 700 euros, encontra-se ainda abaixo de Espanha (1.050 euros), Eslovênia (886,6 euros), Malta (762 euros) e Grécia (758,3 euros).

Com valores inferiores ao do salário mínimo português estão países como a Lituânia (555 euros), a Estônia (540 euros), a Polônia (523,1 euros), sendo a Bulgária aquele que tem o mais baixo dos 22 países, com 286,3 euros por mês.

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