“Brasil precisa da China e a China também precisa do Brasil” diz Bolsonaro

Da Redação
Com agencias

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, destacou a importância da parceria comercial com a China, durante um encontro com o homólogo chinês, Xi Jinping, apesar de não participar na iniciativa chinesa ‘uma faixa, uma rota’.

“Estava ansioso por esta visita, porque temos na China o nosso primeiro parceiro comercial, e interessa-nos muito fortalecer esse comércio”, afirmou Bolsonaro, na sua primeira visita de Estado ao país asiático.

As conversações decorreram no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, depois de uma cerimônia de boas vindas com guarda de honra, salvas de canhão e os hinos nacionais de cada um dos dois países tocados por uma banda militar.

Dezenas de crianças agitando bandeiras do Brasil e da China saudaram Bolsonaro e Xi Jinping.

Sem referir a parceria estratégica global cultivada pelas administrações anteriores, o Presidente brasileiro sublinhou a importância mútua das trocas comerciais. “Hoje, podemos dizer que o Brasil precisa da China e a China também precisa do Brasil”, notou.

Em 2018, as exportações para a China representaram 26,8% do total das vendas do Brasil ao exterior e atingiram um pico de 64,2 mil milhões de dólares.

O país latino americano é um importante fornecedor de matérias primas para a China, cuja procura por soja, petróleo e minério de ferro brasileiros se multiplicou nas últimas décadas, face ao trepidante crescimento da economia chinesa.

“O Brasil está mudando: estamos fazendo aquilo que se chama dever de casa, na busca do equilíbrio das contas, reformas estruturantes, como da previdência, de modo a que possamos de facto restabelecer a confiança do mundo no nosso país”, apontou.

O líder brasileiro convidou ainda a China a participar no leilão dos direitos de exploração de petróleo e gás que o seu executivo está a preparar e no programa de desenvolvimento de infraestruturas do Brasil.

“A China não poderá se fazer ausente neste momento”, disse.

Como sinal de “aproximação, respeito e consideração”, Bolsonaro anunciou ainda que o Brasil vai deixar de exigir visto aos cidadãos chineses que visitam o país para turismo e negócios, uma medida que pretende alargar à Índia.

“Esta minha visita é um sinal claro de que ao longo dos nossos mandatos faremos tudo para o bem-estar dos nossos povos”, apontou.

Do executivo brasileiro, no entanto, não houve referências à iniciativa chinesa ‘uma faixa, uma rota’, inscrito já na Constituição chinesa e que reflete uma mudança radical na política externa de Pequim, que abdica de um perfil discreto para assumir inédita assertividade.

Fonte da presidência brasileira admitiu à agência Lusa que há pontos de convergência entre a iniciativa chinesa e o programa de privatizações de ativos públicos do Governo de Bolsonaro, mas recusou que os dois países cooperem no quadro do projeto chinês.

Bancos e outras instituições chinesas estão a conceder enormes empréstimos para projetos lançados no âmbito da iniciativa ‘uma faixa, uma rota’, que assenta no desenvolvimento de infraestruturas de conectividade.

No entanto, o maior entrosamento entre Pequim e os mais de cem países envolvidos abarca também o ciberespaço, meios acadêmicos, imprensa ou comércio. Observadores consideram que o objetivo da China é redesenhar o mapa da economia mundial e moldar uma nova ordem mundial.

Bolsonaro tomou posse no início deste ano com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente.

Fundação científica

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) assinou neste dia 25 um acordo de colaboração internacional com a National Natural Science Foundation of China (NSFC). Esta é a primeira parceria acadêmica com a China. O convênio com a agência de fomento à pesquisa e inovação chinesa foi celebrado durante a visita do presidente ao país. A parceria também vai beneficiar o programa Future-se, segundo a Capes.

“Eu a NSFC assinamos [o acordo] na presença dos dois presidentes. Como a Capes é a principal agência brasileira para internacionalização das universidades, é importante este novo acordo com o país que é o segundo produtor de ciência no mundo”, disse Anderson Correia.

A parceria prevê intercâmbio acadêmico, educacional e científico entre professores, pesquisadores e pós-doutorandos de instituições brasileiras e chinesas. Também será apoiada a realização de seminários, workshops e conferências.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que a parceria vai trazer mais recursos para o país: “O objetivo é fechar uma série de parcerias com a China, país que hoje é a locomotiva de crescimento do mundo, para trazer para o Brasil mais recursos, mais oportunidades e mais áreas de pesquisa para os estudantes buscarem um futuro melhor.”

Pelo Programa Institucional de Internacionalização da Capes, 11 instituições brasileiras têm projetos com 18 universidades chinesas.

O edital com detalhes da parceria deve sair em até 90 dias para as áreas Ciências da Vida, Biodiversidade e Engenharias. “Além de promover projetos conjuntos, devemos incentivar cátedras nas universidades dos dois países, facilitando a permanência de professores de alto nível nas melhores instituições de ensino e pesquisa”, completou

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