Rancho da Casa de Portugal de Campinas completa 60 anos com apresentação especial

Por Vanessa Sene
Em 14 de abril, a Casa de Portugal de Campinas recebeu cerca de 300 pessoas para o almoço em comemoração ao aniversário de fundação do seu Rancho Folclórico. Seis décadas de folclore da casa foram comemorados com uma apresentação especial, passando um pouco pela trajetória do grupo.
O evento esteve o comando do presidente José dos Santos Antonio, um dos grandes apoiadores do grupo e do folclore português, e um dos motivos por ter assumido a presidência da entidade. “Se assim não fosse eu não estaria aqui como presidente da casa, porque um dos motivos que aceitei ser presidente foi para reativar o rancho, que estava meio em baixa, como acontece em muitos grupos”.
Uma das falas do presidente já na sua posse era de que o Rancho Folclórico da Casa de Portugal de Campinas seria um dos melhores do Brasil, ou seria extinto. “Graças a Deus, para minha felicidade, se juntou a mim um monte de gente boa do folclore”, disse agradecido pela reativação do grupo com apoio dos componentes, depois de altos e baixos nestes 60 anos de história.
Segundo o presidente, uma das pessoas que ajudaram nesse processo foi o atual ensaiador André Luiz Guedes Santos, trazendo “mais conhecimento sobre o folclore” diz. “Eu era apaixonado mas não tinha conhecimento, e o próprio Luizinho e mais pessoas que vieram, inclusive quando eu comecei tinha aqui uma parte do Rancho Santa Marta dos Navegantes, a quem vou agradecer a vida toda por terem vindo somar com a gente, e isso foi muito importante”.
J.Santos comentou que os folcloristas no Brasil já não são muitos, e se estes se dividirem, a situação piora. “Eu quero ser melhor sim que outros, mas não preciso pisar em ninguém para chegar lá em cima, vou subindo meus degraus e aí sim é uma vitória linda. Eu queria que todos os ranchos se unissem, e que procurem todo dia alguma coisa a mais para o folclore do Estado de São Paulo, para que nós fossemos fortes, e não divididos”, comenta o presidente, citando que “vaidades” ainda deixam este cenário longe.

Folclore em história – Para o vice-presidente, Pedro Peixoto, a apresentação deste domingo procurou fazer um resgate da história. “Procuramos mostrar o que aconteceu ao longo dos 60 anos do rancho folclórico. Houve vários problemas, mudanças, ensaiadores” diz ele comentando que o rancho chegou a mudar de nome para Rancho Folclórico Videirinha.
“Foi uma trajetória bacana, hoje está um rancho bonito que vale a pena assistir”. E vai continuar a ser perpetuado pelos brasileiros amantes do folclore, defende. “Sempre tem alguém que vai vir dançar, a maioria brasileiros que as vezes não tem nem ascendência portuguesa, mas que gostam”, diz Peixoto elogiando a festa de aniversário.
O grupo conta atualmente com uma média de 40 componentes, dançando de norte a sul de Portugal, e conta com componentes desde 3 anos até 80 anos de idade. Além dos participantes de Campinas, reúne componentes de São Paulo e de Rio Claro.
“Dizem que é o grupo mais antigo do Estado de São Paulo, 60 anos não é para qualquer um. Hoje eu quis mostrar um pouquinho dessa história contando como ele começou e como está hoje. Começamos na primeira parte com Ribatejo, na segunda parte representando a época do ensaiador José Correia no Douro Litoral, depois veio a Fátima Dias que também fez um folclore variado de norte a sul, e depois, eu com o Minho”, detalhou Luizinho.
O Grupo Folclórico da Casa de Portugal de Campinas foi fundado em 1959. Além das representações de cada época, a apresentação folclórica trouxe os bumbos, os gigantões e os cabeçudos, típicos da famosa Romaria de Nossa Senhora da Agonia que acontece todos os anos em Viana do Castelo.
Segundo o ensaiador, o atual presidente deu muito suporte para a reformulação do rancho mas ainda há o que melhorar. “Precisamos evoluir muito, mas em comparação ao que estávamos, tivemos um grande avanço, conseguimos novos trajes, conseguimos um CD que era fundamental para a história dessa casa, eu acho que estamos no caminho certo”.
O presidente disse que não quer se reeleger, e o grupo também aguarda para saber como será o futuro e a continuação de apoio ao folclore. “O presidente anterior Sr. Adelino da Ponte também era muito bom para o grupo. Mas igual o J.Santos ainda não vi”, declarou Luizinho em agradecimento ao atual presidente.

Gastronomia – Nesta tarde, a casa serviu sua típica bacalhoada e leitão à moda da Bairrada, preparado pela equipe do City Bar e City Tortas. A tradição vem da maneira como se prepara o leitão, na sub-região de Portugal que se chama Bairrada. “A tradição é leitão assado no forno, num espeto de madeira dentro de fornos. É fantástico, Portugal é tão pequeno e a cada 30km tem uma gastronomia diferente”.
Uma das apostas do J.Santos para a sua gestão também passa pela gastronomia. “Quando eu assumi a presidência da Casa de Portugal eu disse que focaria em duas vertentes: na cultura e na gastronomia. Então todos os dias quero trazer aqui um prato diferente da gastronomia portuguesa”.
Neste domingo a casa preparou 120 quilos de bacalhau, muito elogiado pelos presentes, além de acompanhamentos variados. Já o leitão à bairrada foram preparados 80 quilos, e os convidados não deixaram de registrar em fotos o leitão inteiro na mesa do buffet. Mas o que sai mais é sempre o bacalhau, o “carro chefe” entre os visitantes da casa.
“Hoje estava uma festa do jeito que eu quis, pela primeira vez eu pude sentar e desfrutar” disse o presidente num evento mais calmo que normalmente é registrado na casa, em um raro momento, sentado à mesa durante o almoço.•

Presidente da casa não é a favor de reeleição
No palco da Casa de Portugal, J.Santos, que termina seu mandato no final de 2019, já adiantou que não gosta de reeleição. Ao Mundo Lusíada, o presidente reafirmou que levanta essa bandeira desde sua posse.
“Há uma corrente que quando o presidente está bem querem a reeleição dele, todo mundo quer minha reeleição. Mas a verdade é que no dia da minha posse eu falei que não queria ser reeleito. Acho que, bem ou mal, terão que vir novas cabeças, com novas ideias, com outros pensamentos, porque se eu me reeleger posso estar tirando a oportunidade de um grande presidente vir em seguida”.
Apesar de pensar assim, J.Santos confirmou que aceitaria continuar. “Como eu estou fazendo uma administração razoável, muitos dizem que é boa, eu digo que é razoável porque eu deveria fazer muito mais mas não consigo, acho que se me candidatar a reeleição posso ser reeleito e tirar a chance de um grande presidente” defendeu. “Eu não serei candidato, agora se não tiver outro candidato, e me falarem para aguentar por mais um mês, eu aguento aí” disse.
Na gestão do Jota Santos, a Casa de Portugal de Campinas deu um salto na reestruturação, sempre com eventos de qualidade e com uma frequência na casa muito maior do que em gestões anteriores. A mudança, percebida por todos, é motivo de agradecimento pelo atual e 15º presidente da entidade.
“Eu tenho que agradecer desde o primeiro presidente, porque foi ele que plantou o alicerce para que eu pudesse estar aqui hoje. Todos os presidentes têm seus méritos, se foram bons ou não, isso fica no legado deles. Mas eu penso assim, reeleição não. Mas estamos aí, não morri ainda”, finalizou o sempre humorado Jota Santos.

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