Varela Leal – Uma Voz Que Se Calou

O Dia 01 de dezembro de 2020, ficou tristemente marcado na comunidade portuguesa de São Paulo e quiçá do Brasil, com o falecimento de Francisco Jose Varela Leal, figura sobejamente conhecida do rádio, jornalismo e até TV, que se ocupa na divulgação dos temas e causas luso-brasileiras no ABC, São Paulo e até outros estados do Brasil, aos 91 anos de idade. Francisco Jose Varela Leal era natural de Lagos, província do Algarve em Portugal, onde nasceu a 18 de março de 1929. Foi lá que fez seus primeiros estudos e viveu junto com a família. Não vislumbrando grandes oportunidades na sua terra, rumou para norte radicando-se no Porto, onde foi trabalhar no Ministério da Economia. Veio a juventude, os namoros e finalmente o casamento dos jovens Francisco Jose Varela Leal (de Lagos) com a jovem de 20 anos Maria Julia Ventura – a Mimi Varela, também algarvia, de Faro, a 01 de novembro de 1951. Ainda em Portugal, nasceram as filhas Vanda e Neia, enquanto o filho Rui Santa Maria acabou por nascer em São Paulo, onde os pais vieram a radicar-se. Varela Leal durante quase toda a sua longa existência teve duas ou mais ocupações, como empresário e locutor, enveredando também como dirigente de uma fazenda (quinta) no município de Campo Mourão, estado do Paraná. Foi colaborador de jornais da comunidade portuguesa como Voz de Portugal e Mundo Português do Rio de Janeiro, representado em São Paulo por Fernando Costa, além do Mundo Lusíada e outros jornais do ABC. Teve programa de TV no Canal 45 – do ABC, programas de rádio em Guarulhos, Praia Grande, Paraná, Santo André e São Paulo. Mas, o de maior longevidade foi Portugal Trilha Nova – Radio Show que foi ao ar pela primeira vez a 20 de setembro de 1966, há nada menos que 54 anos, nas ondas amigas da Radio emissora ABC de Santo André – 1570AM. No início, o programa Portugal Trilha Nova tinha a apresentação do Varela Leal , da Mimi Varela , do Idalécio de Sousa na parte desportiva, e também de Fernando Costa, jornalista do “Portugal em Foco”, poeta do “Versejar é preciso” e também apresentador, de saudosa memória , não esquecendo colaboradores como Adelino de Sá, que com ele foi fundador da Casa de Portugal do Grande ABC, Arnaldo Nobre e esposa Sra. Candinha, Fernando Lisboa e Teresinha Lisboa, Ralfe Coimbra, Dra. Priscila Soares, José Grosso, entre outros, além dos diversos técnicos de som como Marcelo Ribeiro, Tymerson, Sabino, Jéssica, e muitos outros que nossa memória não conseguiu abranger.

Sendo franco, destemido e patriota, foi também um líder na condução de programas onde divulgava os acontecimentos da comunidade lusa e principalmente a nossa querida musica portuguesa, tão bem representeada pelo folclore e principalmente o fado, hoje patrimônio imaterial da humanidade.

Pelos seus programas passaram cantores portugueses e brasileiros como Adélia Pedrosa, Antonio Correia, Vitor Silva, Carlos Moreira, Teresa de Jesus, Terezinha Alves, Maria de Lourdes, Maria Alice Ferreira, Marly Gonçalves, Eliana Martins, Conceição Freitas, Horácio Amaro e Ilda de Castro, Dan Felix, Luís Carrico, não esquecendo também o Transmontano Roberto Leal e o algarvio Sebastiao Manuel, ambos de saudosa memória. Falando de Mimi Varela e Varela Leal, além do programa que estes apresentavam, Ademir Medice, na edição de 25 de setembro de 2016, do jornal Diário do Grande ABC, reproduzia palavras de Varela Leal que, com a devida vênia, passo a transcrever: …“Minha gente, o meu coração se abre. Muito obrigado à diretoria da Radio ABC, aos patrocinadores, colaboradores, aqueles que nos ouvem. Obrigado ao Brasil e ao nosso Portugal. Que vivam, e bem, cheios de alegria, todos quantos estão conosco e nos ouvem. Viva Portugal! E viva o Brasil”, celebra Varela Leal.

São realmente palavras e uma voz que deixa saudade no início do programa, na publicidade e encerramento com seus comentários sempre eivados pelo sentimento de amor pátrio em relação a Portugal – terra onde nasceu e em relação ao Brasil, terra que o acolheu e onde nasceu seu filho – o Rui, seu braço direito a completar as forças que lhe faltavam nos últimos anos de vida. Seus restos mortais foram sepultados dia 02 no Cemitério São José, em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo.

Finalizo estas palavras que falo e escrevo, para lembrar aos nossos ouvintes e leitores um pouco da vida do amigo Varela Leal, que estava traçada como radialista, português a cem por cento e que, ao morrer, foi mais uma voz que se calou, na defesa de Portugal, da sua cultura, da nossa comunidade e da nossa gente luso brasileira.

Varela Leal …

Descanse em paz!