Portugal: O PS é o PS

Bem se pode dizer desta mais recente tomada de posição do PS, pela pena de António José Seguro através da sua página do Facebook: tinha de ser. Ou, como alternativa, esta outra reação: aqui está de novo o PS de sempre.

Se o leitor prestar um pouco de atenção ao que decorre ao seu redor, facilmente terá percebido que todos os portugueses realmente atentos se deram conta de que a atual maioria e o próprio Primeiro-Ministro procuraram criar ao PS de Seguro uma partida, digamos assim, por via de um facto consumado. O problema, porém, é este: seria lógico, do ponto de vista da maioria, proceder assim ou não? E a resposta é: sim.

Por um lado, a política deste Governo, em face do que apregoou desde sempre é um verdadeiro fracasso, embora tenha desde sempre merecido o apoio do Presidente Cavaco Silva, mas também da Igreja Católica, por via do seu silêncio. E, por outro lado, esta destruição do Estado Social, agora tão bem apontada por Isabel Jonet naquele tristemente célebre programa televisivo, foi sempre, desde que Pedro Passos Coelho se tornou Primeiro-Ministro de Portugal, uma realidade a curto prazo.

Simplesmente, o PSD e o CDS/PP conhecem de há décadas o PS, e sabem muitíssimo bem que o PS foi sempre a chave que foi permitindo abrir as portas às mudanças que facilitaram o regresso da direita dos interesses ao poder que havia perdido em 25 de Abril de 1974 e em 11 de Março de 1975. Ou seja, aqueles partidos sabem bem que o PS é o PS e que tem um passado de cedências e de coligações com a direita política, como voltou agora a ver-se.

De resto, quando foi o caso da TSU, foi-nos possível constatar que o PS foi praticamente a última força política a vir a terreiro lavrar o seu protesto. E fê-lo com a ameaça de uma moção de censura ao Governo, mas apenas porque já sabia por essa altura que a maioria, forçada pelos que realmente desde sempre se mostraram contra a TSU – e não foi o caso do PS –, iria abandonar a medida. Fez, deste modo uma figuraça aparente, embora logo tenha abandonado a medida, dado que outros que não o PS a isso forçaram.

O mesmo teve agora lugar com a atitude da maioria ao redor da refundação do Estado, ou seja, a destruição do Estado Social, desde sempre sonhada pela direita e pelos católicos do patamar social mais elevado. Como é evidente, não era preciso o PS para nada, a não ser para caucionar a medida, depois da mesma estar já decidida, preparada e garantidamente pronta a entrar em vigor.

De início, e como sempre o PS nos habituou, a resposta foi aparentemente negativa, mostrando uma revolta profunda perante a atitude, mas num ápice o PS veio a terreiro explicar a sua real e corrigida posição: o PS quer uma verdadeira e profunda reforma do Estado, ao mesmo tempo que, ridiculamente, até acaba por reconhecer que o Governo sempre ignorou o PS! E porque não, se o PS se transformou, de facto, num simples partido de protesto? Não é o PSD que diz, e bem, que o PS atua por meio de sound bites? E não é verdade que o PS come, cala e lá volta sempre a ir na onda? Portanto,…

Por fim, esta realidade cristalina: Portugal e os portugueses caminham de mal para pior, com o desemprego a crescer, a pobreza a alastrar, a miséria claramente instalada, a emigração com um caudal humano imparável e agora já com o ensino superior público à beira de uma ruína. E o que diz o PS? Bom, o pior possível! E quando lhe perguntam se está na disposição de governar e de ir para o poder, o que responde o PS? Que sim, mas só se os portugueses assim decidirem! E como o poderão fazer os portugueses? Bom, por meio de eleições! E pede o PS essas eleições? Claro que não! Bom, caro leitor, nem Newton conseguiria arranjar uma metodologia para conseguir resolver um tal sistema de condições!

Lembra-se o leitor do caso da RTP? E não disse logo Seguro que reabriria o Canal 2 da RTP? Claro que sim! E não diz que fará nova lei sobre freguesias? Exatamente! E diz que manterá o Estado Social, que sempre defendeu, depois da destruição que está já em marcha? Claro que não! E então faz o PS o quê? Bom, diz que está na disposição de discutir, mas a sério, a reforma do Estado!! Ou seja, caro leitor, e em resumo: as coisas são como são e o PS é o PS e é como sempre foi, porteiro dedicado dos grandes interesses. Parvo é hoje quem ainda lhe dá o seu voto!

 

Por Hélio Bernardo Lopes
De Portugal

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