Portugal no Mundo: Etnografia e Folclore

O mais importante valor que um país tem a defender, é o da sua “Identidade”, as “raízes” que o definem  e caracteriza, a sua “matriz cultural”. E porque um povo que não honra as suas “memórias” não existe como tal, a defesa e a preservação dessas memórias  deveria ser encarado  como um ato primeiro de cidadania, e naturalmente  ser parte integrante da formação em cidadania, logo a partir do ensino básico, da responsabilidade do Governo.

Mas em Portugal  isso não acontece, talvez porque ainda exista quem não compreenda ou não queira compreender, que o “popular” e o “erudito” são apenas  duas faces de uma mesma moeda, a  cultura – que não se situam  em patamares mas simplesmente em espaços diferentes.

Ora, penso eu, que a IDENTIDADE  resulta da junção da LÍNGUA com a CULTURA TRADICIONAL, devendo esta ser entendida como a expressão das vivências das gentes de antigamente , quando as mesmas ainda não recebiam influência de valores estranhos à sua natural maneira de ser e de estar. Entretanto e sem entrar em pormenores, digamos  que, sem que houvesse uma data igual para todos os lados, o FOLCLORE (que é uma outra maneira de dizer Cultura Tradicional e Popular) deixou de  evoluir por influência do progresso e da globalização aí por volta do princípio do século passado. Portanto, e lembrando que “folclore” são todas as vivências, lembramos que a maneira como um grupo traja, as cantigas que canta, as modas que  baila e como as baila, deve ser a reconstituição sem emendas do que nesses tempos acontecia.

Em minha opinião, a situação desastrosa que é marcante no mundo da nossa cultura tradicional, onde a maioria dos grupos não respeita os princípios aqui enumerados, onde figuras marcantes nos meios socioculturais não sabem o que é folclore (cultura tradicional e popular, como também o designa a UNESCO) e onde passaram a usar o  termo (folclore) como sinônimo de coisa sem importância (deixa lá que isso não passa de folclore…) só iniciará o urgente retrocesso  a um público esclarecido que saiba separar as águas, e este, é  essencialmente na Escola que se fomenta.

E foi nesta linha de pensamento que me dirigi ao senhor Secretário de Estado da Cultura cessante (ao mesmo tempo que ao senhor Ministro  da  Educação, por me parecer que o assunto tem a ver com as duas entidades) e a resposta não poderia ser mais desencorajadora). Esclarece-nos o senhor Secretário de Estado que “a Secretaria de Estado da Cultura, através dos organismos competentes, em especial, do Museu de Arte Popular, está consciente da necessidade de sensibilização para a importância do conhecimento e preservação da cultura tradicional portuguesa. Continuaremos.

É muito difícil a um “grupo nas comunidades” conseguir tudo o que se recomenda, mas eu costumo dizer que ouvir por aí um tema tradicional mesmo que desfasado do trajo e da coreografia, é já receber um pouco de  portugalidade. Mas para os que quiserem evoluir até onde possível, desde que se lhe dê o apoio e a colaboração que até hoje não tiveram, pode melhorar-se.

 

Por Lino Mendes
De Portugal

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