Pai: A felicidade da Responsabilidade

Há datas que se comemoram, com mais ou menos ênfase, certamente, em função de vários parâmetros: familiares, culturais, sociais, institucionais, religiosos, políticos, bélicos, entre outros, sem dúvida, mas muitas são as razões, boas ou más, para se recordar um acontecimento, enaltecer uma situação, experienciar um facto importante, enfim, reviver e praticar toda uma simbologia, que nos alerta para determinados princípios, valores e sentimentos.

Praticamente, cada dia do ano, nos contextos pessoal, local, nacional, internacional e mundial, é alusivo a um evento, mais ou menos significativo, que se comemora, com a desejável adequação à respetiva importância desse facto, sabendo-se que, muitos desses dias são vividos: com maior, ou menor entusiasmo e intensidade e, também, quantas vezes, com grande eloquência; o “Dia do Pai”, que, habitualmente, se celebra no dia dezanove de março, pode-se incluir num desses êxitos, que deveria ser festejado com alegria e responsabilidade.

É muito interessante festejar-se o “Dia do Pai”: quer para os filhos; quer para o pai; e, em muitas situações, até existe um excelente relacionamento entre eles, de tal forma que várias são as configurações de engrandecer o progenitor desde: oferecer-lhe prendas; confraternizar com um bom lanche; uma viagem em conjunto, enfim, o que se pode, e o que o pai gosta, sendo que também há muitas outras situações que, infelizmente, nem sequer um abraço se troca, entre os filhos e o pai.

O “Dia do Pai”, que ocorre uma vez por ano, mas que deveria acontecer todos os dias, é um pequeno período, de vinte e quatro horas, para se refletir nos papéis de um e de outros, ou seja: que responsabilidade tem o pai perante os seus filhos; e estes que deveres e direitos têm em relação àquele, porque, em boa verdade, ambas as partes têm compromissos: legais, legítimos e morais a cumprirem, indiscutivelmente, ao longo da vida.

Ninguém, minimamente responsável, ignora as principais funções de um pai, independentemente de estar, ou não, integrado na família nuclear: pai, mãe e filhos. Ser pai, para demonstrar à sociedade que já se é “homem”, parece muito pouco, que em nada dignifica quem assim pensa e procede, porque nenhum filho “pede para nascer” e, muito menos, escolhe os seus pais.

O pai, afinal, tal como a mãe, não pode, nem deve, desconhecer que ao ser-lhe atribuído este estatuto sublime, tem para o resto da sua existência, uma responsabilidade imensa, que se reparte por diversas preocupações nos domínios dos: afetos, amor, saúde, alimentação, agasalho, educação, formação, instrução para a vida e, já depois do filho estar razoavelmente preparado, para enfrentar o mundo, continuar a apoiá-lo e a defendê-lo.

Ser pai, de verdade, com tudo que tal estatuto implica, não é nada fácil, por muito “bonzinhos” que os filhos sejam, na medida em que, existe um conjunto de procedimentos, boas-práticas, exemplos, atualização em todas as matérias que for possível, e condições materiais, ao nível económico e financeiro, que garantam o melhor para os filhos, os quais, conforme vão crescendo, física e intelectualmente, compreenderão, os maiores ou menores esforços dos pais em geral; e do pai em particular.

Atualmente, ser pai não é nada fácil, mas ao mesmo tempo, é uma Bênção Divina: não é nada fácil, porque a sociedade de consumo, em que vivemos, torna as pessoas cada vez mais exigentes, reivindicativas, com um permanente e elevado grau de insatisfação. As crianças, adolescentes, jovens e idosos não escapam a esta tendência, dir-se-ia, irreversível; mas é uma Bênção Divina porque milhares de casais, mulheres e homens, desejavam ter filhos biológicos, mas não conseguem.

A condição de pai, indiferentemente de o ser pela via biológica, não é afetada, por quaisquer outras situações, na medida em que o poderá ser pela via adotiva, ou ainda pelo casamento tradicional, ou união de facto com a mãe, solteira, separada ou viúva, com filhos, porque ser pai é, antes de mais: ser amor, companheiro, amigo, confidente, defensor; ser pai é estar disponível para compreender, ensinar, corrigir, criticar, elogiar, punir e perdoar; ser pai é partilhar, doar, interceder e estar, incondicionalmente, ao lado dos filhos.

Infelizmente, o privilégio, a nobreza e a Bênção de ser pai, não é assumida por muitos homens, que apenas pensam, irresponsavelmente, numa ou mais aventuras, ditas amorosas, em que a sexualidade é o objetivo principal, sendo realizada, mas nem sempre assumida nas suas consequências e, na maioria dos casos, segundo as estatísticas oficiais, pelo pai que, à primeira dificuldade, abandona a mãe e os filhos e, também se sabe, que nem sequer ajuda nas despesas com aquela criança, que não escolheu aquele pai, nem pediu para nascer.

É óbvio que aos filhos também assistem deveres e direitos, de resto, até há um adágio popular que refere o seguinte: “filho és, pai serás; como fizeres, assim receberás”. Certamente que a maioria dos filhos deseja o melhor para os seus pais que, por eles farão tudo o que estiver ao seu alcance, eventualmente, seguindo os exemplos dos pais, em relação aos avós daqueles, contudo, nem sempre os filhos dispõem das melhores condições para ajudarem os pais.

 

Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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