O papel da comunicação para a sustentabilidade

No contexto da Rio+20, é pertinente analisar conceitos e preconceitos relativos ao tema da sustentabilidade. É o caso, por exemplo, de aprofundar a discussão que permeia a impressão de jornais, revistas, livros, cadernos e outros produtos gráficos.  Embora em número e intensidade cada vez menores, ainda se difundem informações equivocadas e propaganda alusiva à questão ecológica do papel. Por essa razão, com o intuito de esclarecer a sociedade sobre a intermitente polêmica, a cadeia produtiva da comunicação impressa vem realizando a Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa. Esta iniciativa agrega o valor da conscientização sobre o significado da preservação das matas nativas, da conservação dos recursos naturais, da produção sustentável e do respeito ao habitat como fatores condicionantes à reversão do efeito estufa e das mudanças climáticas.

A importância da cobertura vegetal para o sucesso da missão da humanidade de garantir a vida na Terra é evidenciada em dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma): as florestas representam 31% da superfície sólida do planeta, servindo de abrigo a 300 milhões de pessoas e garantindo, de maneira direta, a sobrevivência de 1,6 bilhão de indivíduos e 80% da biodiversidade terrestre.

No Brasil, a cadeia produtiva da comunicação impressa contribui de modo relevante para a preservação desse inestimável patrimônio natural, pois aqui não se cortam árvores nativas para a produção de celulose e papel. Cem por cento desses insumos provêm de florestas cultivadas, que são plantadas para serem colhidas e que ainda proporcionam ganho adicional ao meio ambiente: são absolutamente sustentáveis e seu manejo permite manter grandes áreas plantadas, as quais, na fase de crescimento, sequestram na atmosfera expressivo volume de dióxido de carbono. Em nosso país, as matas plantadas com finalidade industrial absorvem um bilhão de toneladas por ano desse gás, principal causador do efeito estufa.  Além de renovável, a mais importante matéria-prima da indústria de comunicação gráfica, o papel, é reciclável.

Todos esses valores agregados, informações e dados têm sido difundidos pela Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, da qual são signatárias 25 entidades de classe do âmbito nacional. Assim, é pertinente lembrar, toda vez que se veiculam informações equivocadas sobre o tema, que, no Brasil, não se derruba um arbusto nativo sequer para que nossas crianças tenham livros e cadernos e possamos ler jornais e revistas, acondicionar produtos em seguras e criativas embalagens de papel-cartão e desfrutar de todos os benefícios com os quais a mídia impressa contempla nossa civilização.

A despeito do advento dos sofisticados meios eletrônicos, a demanda da comunicação impressa continuará se expandindo, à medida que as nações, como ocorre no Brasil, tenham êxito na inclusão socioeconômica e na redução das desigualdades. Seu crescimento, sob tais perspectivas, é inevitável, pois a demanda relativa a jornais, livros, cadernos e revistas reflete os índices de alfabetização, a universalização do ensino público, a almejada democratização das oportunidades e o acesso ampliado ao conhecimento, inclusive sobre a premência de atitudes cada vez mais ecologicamente corretas por parte da sociedade.

 

Por Fabio Arruda Mortara

Empresário, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF Nacional) e do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo (SINDIGRAF-SP).

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