O avanço do G20

Foi positiva a conclusão da Cúpula do G20, em Cannes, quanto ao comprometimento das nações ricas e emergentes de adotar estratégia global para o crescimento e a criação de empregos em escala. Trata-se de um avanço, em relação às ediçõesanteriores, quanto à busca de soluções estruturais e duradouras para a economia global. Logo no primeiro dia do encontro, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, deu o tom, deixando claro o grande foco do desafio a ser enfrentado: “O desenvolvimento sustentável deve ser o caminho para a recuperação”.

O discurso foi corroborado por distintos chefes de Estado, dentre eles a presidente Dilma Rousseff, ao defender um processo internacional de inclusão socioeconômica. A proposta responde à síntese dos reais problemas enfrentados pela humanidade, feita de modo muito objetivo por Ban Ki-moon, ao frisar que o desemprego, a pobreza e a desigualdade aumentaram e que os excluídos estão indignados, ansiosos e furiosos.

Assim, faz todo o sentido o novo contrato social para o Século XXI preconizado pelo secretário-geral da ONU. A proposta parece ter contado com a simpatia e despertado um olhar mais pragmático dos líderes das maiores economias. Nem poderia ser diferente. A cada indivíduo ao qual for dada uma chance de alcançar os direitos básicos da cidadania, o mundo avançará um pouco na solução de suas crises intermitentes.

Por isso, são prioritárias as iniciativas com maior capacidade de inclusão social, capazes de propiciar alimentação adequada, assistência médica, habilidades profissionais, trabalho e ensino universal de qualidade. É decisiva a democratização das oportunidades em escala global. É essencial, ainda, estimular as novas fontes de energia, menos poluentes e renováveis, cujo implemento também é fator gerador de empregos, preservar o ambiente e garantir um mínimo de segurançaalimentar. São os elementos que constituem a essência da sustentabilidade.

Não há mais perspectivas de sobrevivência digna para a humanidade num cenário de devastação ambiental, temperaturas escaldantes, escassez de recursos naturais e bilhões de pessoas sem pão, teto, saúde e educação. Reverter essa perspectiva caótica e não se resignar a ela como realidade inexorável dependerá exclusivamente da capacidade de governos, empresas e pessoas de equacionar uma sociedade sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental.

Os líderes mundiais pareceram mais sensíveis a essa questão na Cúpula do G20. Tomara, pois se as soluções mais abrangentes não forem adotadas, os países continuarão infinitamente administrando crises recorrentes, como a do sub-prime em 2008 e a fiscal de 2011. E, o que é mais grave, não terão recursos suficientes para atender os contingentes de excluídos. Assim, não há outra opção além do crescimento sustentado, melhor distribuição da renda e ampliação dos mercados por meio da inclusão social.

Antoninho Marmo Trevisan
Presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

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