Mulher. Princípio do Bem-comum

Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

A História da Mulher é, deve ser, todos os dias, reescrita, repensada, pragmatizada, até atingir o equilíbrio, em igualdade de circunstâncias com o homem, em tudo o que física, intelectual e biologicamente for possível, sabendo-se, e respeitando-se, todavia, funções sublimes, que só a ela dizem respeito, como gerar no seu próprio ventre e dar à luz os seus filhos.

No “Dia da Mulher”, é verdade que em todas as suas dimensões, esplendor e dignidade, a Mulher aproxima-se, cada vez mais do homem, aliás nem outra situação seria de esperar, porque já não pode haver dúvidas que a Mulher é parte essencial no sucesso do homem, contudo, a assertiva contrária, também é verdadeira, podendo-se aceitar-se, muitas vezes que: “ao lado de uma grande Mulher está um grande homem e vice-versa”.

Permitam as leitoras que se utilize uma inofensiva ironia brejeira e que, nesse sentido, se possa elogiar a Mulher, quando se afirma: “mal com as Mulheres; pior sem elas” o que, ainda assim, e numa sociedade culta, equilibrada e eticamente correta, se poderá converter aquela “ironia” no seguinte princípio: “jamais sem as Mulheres; sempre com as Mulheres”, porque elas, em diversas situações da vida, são nossas: irmãs, mães, avós, colegas, companheiras, namoradas, esposas, amantes, enfim, elas, sem qualquer contestação séria e fundamentada, são metade do homem e este, metade delas e, quando unidos pelos vínculos da solidariedade, do amor, da amizade, da lealdade, da cumplicidade, constituem um só corpo e um só espírito, salvaguardadas as devidas adaptações para o relacionamento.

A Mulher é parte integrante da felicidade do homem, assim como este também o é para a Mulher, quando ambos se amam verdadeiramente, sem quaisquer superioridades, ou submissões de nenhuma espécie, mas há que reconhecer na Mulher uma sensibilidade mais apurada para o exercício da dimensão amorosa e sonhadora, bem como para os valores humanistas, seguramente, com as exceções que, como em tudo na vida, existem.

Muitas vezes, ouve-se dizer, em certos círculos, atrofiada e ostensivamente masculinizados, que a Mulher é o “sexo fraco”. Porquê? Eventualmente porque tais pessoas, que assim se “autovangloriam” dessa pseudosuperioridade, receiam perder algum tipo de poder? Não são capazes de reconhecer na Mulher as suas imensas capacidades, inteligência, subtilidade e sensibilidade para a harmonia, ao contrário de muitos daqueles indivíduos, por isso, a fraqueza e o ridículo estão nestas “cabecinhas” que se autointitulam de “sexo forte”.

Na esmagadora maioria das situações, o que seria de milhões de crianças, em todo o mundo, se lhes faltasse a mãe? Em milhares de casos de abandono dos filhos, por parte do pai, se não fossem os sacrifícios, o amor e a coragem da mãe, qual seria o futuro destas crianças e jovens? E, quando o pai, por egoísmo, foge às exigências da vida familiar, irresponsável e cobardemente, deixando nos braços da mãe e, muitas vezes, também nos dos avós maternos as crianças, que não pediram para nascer! Afinal quem é o “sexo forte”? Onde está a “valentia” desses homens?

O “Dia da Mulher”, tal como o “Dia da Mãe”, deverá ser celebrado com pompa e circunstância, porque a Mulher será sempre fonte de vida e de esperança, um “Porto Seguro”, onde muitas vezes os mais necessitados são acolhidos com carinho e amor, seja maternal, seja a título misericordioso e caritativo, mas lá está ela, a Mulher, pronta e abnegada para ajudar quem precisa, partilhando, apoiando e incentivando para atitudes de otimismo, criando, assim, um clima de confiança.

Vive-se a terceira década do século XXI, com: imensos conflitos; tremendas dificuldades para muitas pessoas, famílias e países; “chagas sociais terríveis” – fome, desemprego, perda de direitos adquiridos, saúde precária para muita gente, violência doméstica, justiça a atravessar contestação, uma sociedade em acelerada transformação, na qual a Mulher é cada vez mais maioritária, mas com muitos obstáculos para vencer, não obstante estar a demonstrar que intervém com eficiência e determinação, nos setores e situações em que se envolve.

A Mulher vem, ainda que paulatinamente, conquistando o espaço a que jurídica, social e humanamente tem direito, estando presente em, praticamente, todos os ramos de atividade, manifestando que é tão capaz quanto o seu companheiro masculino, que quer trabalhar ao seu lado, porém, sem discriminações, porque na constituição da humanidade não pode haver “sexo forte” ou “sexo fraco”, mas sim, Mulheres e Homens, com idênticos deveres e direitos.

Na verdade interessa, porque é justo, enaltecer as qualidades da Mulher, sabendo-se que nunca há regras sem exceções mas, na circunstância, a regra é a maioria das Mulheres bem-formadas: ética e moralmente, competentemente profissionais; esposas e mães carinhosas, afetivas e extremamente cuidadosas com os seus entes queridos; generosas e voluntariosas, quando é preciso ajudarem o próximo; solidárias e leais, para com quem elas pretendem relacionar-se intimamente, numa perspetiva de constituição de família ou de um “amor-de-amigo”.

No passado, como hoje, o mundo não funcionaria sem a Mulher, porque o seu contributo para a defesa e boas-práticas dos princípios, valores e sentimentos mais nobres, está nelas, e será com elas que a sociedade deve contar, para a paz e para a felicidade, sem violências nem armas, mas através do amor que só uma Mulher sabe dar e receber, a quem e de quem ama profundamente, mas também um amor de benevolência e de apaziguamento de ódios e vinganças.

O “Dia da Mulher” é festejado em muitos locais do mundo, porque, realmente, ela é um elemento criado por Deus, para fazer do homem um SER melhor  (ainda que, biblicamente, possa ser acusada de todos os males), porque só ela sabe ser filha, esposa, companheira, amante, mãe, avó, tudo isto, parentescos e papéis insubstituíveis, de grande relevância para esta sociedade conturbada.

É tempo, portanto, de reconhecer, inequivocamente, o papel da Mulher nos contextos que a vida em sociedade lhe proporciona, não só enquanto pessoa, individualmente considerada, mas como membro de uma família, de um grupo, de uma instituição, porque o homem, praticamente, já não é insubstituível, na maioria das atividades humanas, reservando-se, todavia, algumas capacidades e qualidades que lhe são próprias ao nível biosexual natural, da sua condição de progenitor, na medida em que, neste papel supremo, não deve ser trocado por outro processo de coprocriação: uma mulher – um homem ressalvando-se, obviamente, o respeito por quaisquer outros processos e  orientações sexuais, que devem ser colmatadas com os meios que a ciência e a tecnologia nos coloca à disposição.

Neste dia, inteiramente dedicado à Mulher: a sociedade em geral; e os homens em particular, devem render-lhe homenagem, agradecer-lhe a intervenção benévola, que ao longo da História tem tido (salvo algumas más exceções), para um mundo melhor, na defesa dos princípios e valores essenciais que conduzem à felicidade e que ela, a Mulher, continua no caminho da sua total libertação, não só de “pseudo-homens”, como também no sentido da sua autonomia pessoal, a nível: profissional, económico, financeiro, cultural e espiritual, entre outros.

Nesta terceira década do século XXI, ainda há muito por fazer, a fim de que a Mulher possa atingir o estatuto a que, ética e moral, legítima e legalmente tem direito. Cabe ao Estado/Governo, às instituições, mas também aos seus companheiros, e a elas próprias, implementar e apoiar, respetivamente, todas as medidas legislativas, laborais e familiares, para que a Mulher alcance o estatuto profissional, social e ecuménico que lhe é devido desde sempre, e tenha mais tempo para desempenhar alguns dos seus principais papéis: filha, esposa, mãe, avó, para além dos graus de parentesco colaterais.

Estar ao lado da Mulher, apoiá-la e defendê-la é o mínimo que se pode exigir do Homem com “H-grande”, aquele que, verdadeiramente, reconhece a Mulher como parte insubstituível da sua existência, do seu sucesso, tem o dever, mas também a honra, de ser solidário, amigo, leal, grato e cúmplice para com a Mulher que, de igual forma, deve retribuir, porque é nesta simbiose de partilha entre os dois, que a sociedade tem algumas hipóteses de alcançar a felicidade.

 

Venade/Caminha – Portugal, 2020

Com o protesto da minha perene GRATIDÃO

Por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/

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