Liberdade de expressão precisa ser ampla, geral e irrestrita

Por Ronaldo Andrade

O Comitê Norueguês do Nobel divulgou no dia 08 de outubro os nomes dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2021: a jornalista filipina Maria Ressa e o jornalista russo Dmitry Muratov, pelos trabalhos realizados na defesa da liberdade de expressão.
A liberdade de expressão e o direito à informação são direitos que os cidadãos têm, inclusive ao direito de resposta, caso julguem necessário.
Por isso, tais direitos não podem ser relativizados, a depender do aspecto ideológico: eu posso falar e publicar, e você, que pensa diferente de mim, não pode; no seu caso, é uma manifestação antidemocrática, que ameaça o Estado Democrático de Direito e, sobretudo, a Democracia (palavra bonita e importante, que infelizmente é usada de forma indiscriminada, desgastando-a desnecessariamente).
No Brasil, atualmente são comumente alvos de investigação jornalistas, intelectuais, formadores de opinião e sites que se mantém à direita, o que leva ao seguinte questionamento:
A direita mente mais ou é mais perseguida?
Alguns órgãos institucionais, veículos de comunicação e agências de fact-checking (verificadoras de fatos) determinam quem são os produtores e disseminadores de fake news” (notícias falsas), ou ainda as que podem ser caracterizadas como “meias verdades” ou “meias mentiras” – que ao final dá tudo no mesmo, ou seja, fake news.
Mas quem checa o checador? As agências de checagem são (totalmente) isentas? Afinal, checadores e checadoras também possuem suas preferências – imparcialidade jornalística não existe.
Mas honestidade, sim.
É dever do profissional de Comunicação trabalhar com as verdades dos fatos, o que também, evidentemente, leva às interpretações dos fatos. Nesse caminho, infelizmente, muito se perde, seja por omissão, distorção ou má-fé, de maneira equivocada (simples erro – por vezes, nem tão simples assim, obviamente), ou intencional.
O mais prejudicado? O público. A grande vítima?  A verdade.
A credibilidade jornalística é o principal ativo de um veículo de comunicação. Infelizmente, temos vivenciado que muitos jornais, emissoras e empresas de notícias estão a perdê-la devido a interesses financeiros e ideológicos, e a credibilidade que levaram anos / décadas a construir, em pouco tempo está sendo destruída.
Assim mesmo, tais veículos continuam a trilhar por esses tortuosos caminhos da desinformação, com a ilusão que o público, que por muito tempo não tinha o contraponto das notícias veiculadas (o que foi possível com o advento das redes sociais, com suas qualidades e defeitos), já não tenha percebido a manipulação que está sendo veiculada.
Ilusão. Como diz a letra da música ‘Nada além’, de Mário Lago e Custódio Mesquita, imortalizada nas vozes de Orlando Silva, Maria Bethânia e Nelson Gonçalves, “nada além, nada além de uma ilusão…”.
A audiência percebe, e como!
Há discussões também sobre o “controle social da mídia”: como seria feito e por quem? Controle, regulação, democratização, marco regulatório, concessões públicas, tentativas de se evitar a criação de monopólios ou oligopólios: além da semântica envolvida, neste caso, “controle” remete à leve (ou não tão leve assim) questão: “censura”. A poderosa e pesada mão do Estado querendo fazer uso de sua força. Essa é a solução?
Desta forma, não devemos os jornalistas perder no horizonte as questões básicas do exercício jornalístico: militâncias ideológicas e políticas são direitos que as pessoas possuem, mas na prática do Jornalismo (Jornalismo com “J” maiúsculo), a menos que sejam veículos declaradamente ideológicos e partidários, tais práticas, tanto quanto possível, devem ser evitadas. O leitor, ouvinte, telespectador e internauta agradecem.
Por Ronaldo Andrade
Jornalista e escritor

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