Por Ronaldo Andrade
As eleições são municipais (para prefeitos e vereadores), mas como de costume, muitas articulações já estão sendo preparadas para as eleições de 2022, quando serão escolhidos deputados estadual e federal, senadores, governadores e, claro, presidente.
Como no Brasil uma eleição influencia a outra – e a seguinte, e a outra novamente – acordos e costuras políticas estão sendo amarradas (ou desamarradas, a depender dos resultados) nas eleições deste ano, que mexem diretamente com os munícipes devido à proximidade com os candidatos e, evidentemente, por ser nas cidades que as pessoas moram, e não no Estado e na União, como disse o ex-governador de São Paulo, André Franco Montoro (1916-1999).
Além disso, com o ambiente político extremamente polarizado, especialmente após as eleições de 2018, torna-se imperativa a união de forças para quem deseja se candidatar em 2022 – a cada eleição há a impressão que a disputa se torna ainda mais feroz, com a mistura e discussão de temas locais e nacionais, principalmente por meio das redes sociais, onde se trava a guerra das narrativas, sobretudo em tempos de pandemia e a necessidade (pelo visto, nem tanta assim, como já acontece) do distanciamento social.
O presidente Jair Bolsonaro, que havia afirmado que não entraria nas disputas municipais, mas que já começa a trabalhar visando uma possível reeleição, declarou apoio ao deputado federal Celso Russomano (Republicanos), candidato a prefeito na cidade de São Paulo e atual líder nas pesquisas.
Impor uma derrota ao prefeito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, provavelmente tenha sido um dos fatores da mudança de sua posição inicial – afinal, Covas é do partido do governador de São Paulo, João Doria, possível adversário na eleição presidencial de 2022. Ter um aliado para essa disputa na maior cidade do país é um ativo que não pode ser desprezado. Mas é claro, há a possibilidade de Russomano não ser eleito, e a derrota ficar “colada” no presidente. Enfim, riscos inerentes à política.
E o PT? Figuras importantes do partido, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preferiam que o candidato em São Paulo fosse o ex-prefeito Fernando Haddad, mas tiveram que se contentar com Jilmar Tatto, que tem apresentado números inexpressivos nas pesquisas, podendo inclusive prejudicar a eleição de vereadores da sigla, desidratando o partido na Câmara Municipal.
Um cenário possível talvez seja abdicar da candidatura e apoiar Guilherme Boulos (PSOL), que tem como vice a ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL), com números promissores nas pesquisas, podendo se transformar na opção da esquerda, com possibilidades de ir ao segundo turno.
Há ainda, completando os principais nomes na capital paulista (num total de 14 candidatos), o ex-governador Márcio França (PSB), que na disputa com Doria em 2018 ao governo do Estado o superou na contagem de votos na capital.
Enfim, preparemo-nos, pois já começou a campanha eleitoral para 2020 – digo, 2022…
Por Ronaldo Andrade
Jornalista, fotógrafo e escritor.
Correspondente do Jornal Mundo Lusíada na Baixada Santista desde 2007.
Servidor público. Pós-graduado em Política e Relações Internacionais (Fundação Escola e Sociologia de São Paulo / SP) e em Gestão Pública Municipal (Universidade Federal Fluminense / RJ).