Do Desmatamento do Biótopo Amazônia ao Arroteamento dos Biótopos culturais ocidentais

Por António Justo

A situação

Por um lado, o planeta encontra-se a salto por parte de forças económicas variadas e por outro, o povo encontra-se a salto por parte de ideologias contraentes. Tudo corre para usufruir dos rendimentos sem contar com os interesses dos povos, das regiões nem da nossa casa comum que é a natureza. Sob a nuvem do globalismo originam-se tsunamis e tufões que arrastam biótopos naturais e biótopos culturais; o povo não pode dar-se conta da razia em obra porque desconhece as leis climáticas dos centros de altas e baixas pressões e só lhes é dado pôr ou tirar o guarda chuva para não ser encharcado nem levado pelas ventanias.

Bolsonaro apressa-se a combater o fogo com aviões da força aérea e com 43.000 soldados que ajudam os bombeiros e com 10 milhões de euros de apoio ao combate às chamas (HNA 26.08.2019).

Segundo pesquisadores da Universidade de Oklahoma a área verde de floresta perdida entre 2000 e 2017 foi de cerca de 400 mil km² (1).

Um aspecto que não tem sido considerado na discussão é o facto de os fogos terem aumentado desde que a Alemanha e a Noruega deixaram de apoiar as suas ONGs (organizações não governamentais) no lugar (dá que pensar, quando ONGs petistas são proibidas, tendo o facto provocado a suspensão de donativos para a Amazónia!); deste modo juntam-se aos interesses dos madeireiros outros interesses políticos também eles implicados no negócio. Na Amazónia há dezenas de milhares de ONGs estrangeiras: uma verdadeira chuva de interesses económicos e políticos internacionais diversificados….

A Amazónia sempre ardeu e isto, segundo especialistas, não é decisivo no clima mundial (os pulmões da terra são os oceanos e as suas algas sofrem sem que ninguém se interesse), o problema estará não tanto na produção do CO2 mas mais no facto de os fogos nas florestas tropicais contribuírem para o aquecimento da atmosfera. Sintomático é o facto de que este problema foi ignorado até agora embora isso aconteça também em África e Ásia (Um olhar cínico poderia, porém, apontar para o facto de os fogos antes não contarem porque não punham em perigo o alastrar do socialismo na América latina!!!).

O comércio é determinante e se o Brasil continuar o desmatamento na Amazónia para produzir carne e forragem para exportar, também os interesses dos lavradores europeus são lesados devido à concorrência de produtos mais baratos. (Os interesses comerciais e políticos são o verdadeiro rastilho em acção que conduz à pólvora: para uma solução justa haveria que fazer um levantamento da situação e identificar primeiro todos os “incendiários”; douto modo, andamos todos a lançar foguetes para o ar, simplesmente para satisfazer o prazer de ver o povo perder o seu tempo a correr atrás das canas!).

O clima é realmente um problema global, mas não pode ser resolvido à custa do não desenvolvimento do Brasil. Nós já procedemos ao desmatamento das florestas europeias para chegarmos onde nos encontramos e do alto das nossas razões sentimo-nos com o direito de exigirmos do Brasil que renuncie ao desenvolvimento nacional por puro altruísmo com o resto da humanidade, mas não lhe oferecemos alternativa; este seria um assunto demasiado complicado e como tal a ser resolvido na concórdia de uma Cimeira entre os representantes dos povos. A continuar na perspectiva de egoísmos nacionais meramente interesseiros, é natural que Bolsonaro pretenda impedir qualquer interferência externa para demonstrar que o Brasil pode crescer por força própria (Não se esqueça que o povo brasileiro é em termos nacionais um povo muito auto-consciente.

A protecção do clima só poderá ser tomada em conta se a produção do anidrido carbónico não subir e o consumo de carne for reduzido; o problema é que ninguém quer renunciar ao nível de vida adquirido e, por seu lado, a economia aposta no eterno crescimento como a única solução dos problemas! Os usufrutos da Amazónia querem-se universais, mas o preço não pode se adquirido à custa do subdesenvolvimento do Brasil e de uma população de 200 milhões.

Assim, olhe-se para onde se olhar, só se avista fogo posto e fogo por atear; é só fumo e fogo, por todo o lado: na Amazónia, nas chaminés dos povoados, nas lareiras das ideologias, nas torres da economia e, lamentavelmente, até já começa a sair fumo e fogo dos olhos e dos ouvidos, de cada vez mais pessoas, devido à balbúrdia dos interesses na discussão pública.

Altas e baixas pressões em diferentes zonas de interesses

Na Amazónia já houve maiores fogos e maior desmatamento (2) que hoje, mas na altura ninguém ligou porque então os ventos sopravam da Rússia. Hoje que os ventos parecem começar a soprar dos USA já toda a gente da ribalta se sobressalta fazendo hoje um elefante do que antes consideravam uma mosca! De facto, fogos para desmatamento são no Brasil já tradição embora, a forma descontrolada como acontecem, se revele muito perigosa.

Mácron que quer ser visto internacionalmente como o homem da Europa (3), publicou informações erradas sobre a Amazónia e caiu no ridículo (4). Mas, no meio de tanta alhada em torno da Amazónia, Mácron saiu-se, por fim, de rosto erguido no palco da G7 e declarou a intenção de a G7 ajudar a amazónia com 18 milhões de Euros (5), Trump mostra-se disposto a encontrar-se com o presidente do Irão e a entrar em diálogo com a China (Tem-se a sensação que o globalismo ganhou!).

Na discussão pública chega-se a ter a impressão que o adversário não é o fogo, mas sim políticos de ideologia adversária.

Grupos ideológicos, na sequência da queda do poder soviético, aproveitam-se de tudo e de todos para ocuparem uma imprensa neles interessada e assim envolverem a opinião pública exageradamente nos seus temas; agora abusam do problema grave da Amazónia para apostarem na sua luta contra o seu rival ideológico que é Bolsonaro (símbolo da direita e dos interesses regionais contra o globalismo; com a eleição de Bolsonaro andam desesperados porque contavam já com um Brasil socialista e com ele a América Latina mas a conta está-lhes a sair errada); de comum em todas as lutas que iniciam estará a homogenação dos povos e sua submissão a supra estruturas ideológicas com o intuito destruidor de biótopos culturais (valores adquiridos, família, cristianismo, nações, e controlo da educação), a partir daí; assim conseguem criar, na sociedade, descampados da civilização que possibilitem a implantação da sua monocultura plana, uma mistura de savana e deserto, com alguns embondeiros do poder a dominar a paisagem; o mesmo fazem multinacionais económicas interessadas no desmatamento da natureza e na destruição de empresas nacionais num abuso destruidor em função do proveito e da ganância global que não respeita povos nem nações. As duas ideologias que, à primeira vista, parecem contraditórias são unânimes em criar um povo ovelha (de consumidores e proletários); um povo que se sinta satisfeito apenas em saciar as necessidades primárias. Os dois poderes (marxismo e turbocapitalismo) querem uma sociedade sem ordem nem regras nem valores e, deste modo, orientada apenas pela máxima do “quem oferece mais baixo e mais barato”. A sua estratégia, de ir nutrindo a sociedade com temas quentes dirigidos à tona das emoções, tem-se revelado de grande sucesso se tivermos em conta os resultados no mainstream dominante e, cada vez mais, na pobre maneira do pensar igual das pessoas.

A poluição que o turbo-capitalismo provoca na natureza corresponde à poluição ambiental social provocada pelos seus contraentes. Em vez de uma discussão séria dos problemas e factos no sentido de procurar uma solução comum, cada parte fixada apenas nos seus interesses divide para imperar. O problema agudiza-se numa situação em que os meios de comunicaç1bo social dançam no mesmo ritmo, a mesma música. Por isso o conteúdo dos Media deixa muitas vezes a desejar; o conteúdo de uma boa mensagem (informação) deve, de certo modo, destacar-se da vida quotidiana e de interesses imediatos.

O marxismo ocidental torna tudo igual (quer tudo proletário), por isso investe no desmatamento espiritual. Ao deplorável desmatamento da floresta e ao corte das árvores da Amazónia corresponde o derramamento de valores culturais (chamem-se eles ocidentais, pessoais, familiares ou nacionais) O internacionalismo socialista tal como o turbo-capitalismo uniram-se e atrás do islamismo vão conquistando terreno, espalhando assim a desertificação cultural ocidental para criarem apenas uma vegetação de latifúndio monocultura (a cultura marxista universal).

O povo inocente mata-se a correr atrás das canas ou à procura de incendiários quando o problema engendrado é mais do fumo e dos ventos e das pressões que os interesses determinam! Cada parte pretende ver o argueiro no olho dos outros sem notar a trave que tem nos próprios olhos. Os ativistas do clima veem o problema nos governantes, que supostamente se deveriam afirmar contra a vontade das massas, mas estas querem continuar a viver como até agora com carne barata, para que todos justamente participem da prosperidade. No que toca a Trump, ele é um achado para alimentar a imprensa e entretimento para os leitores (O povo precisa de símbolos para poder ser motivado a correr atrás deles: não importa se o punho cerrado ou de Trump, Bolsonaro e outros mais!). E viva a festa!

O fumo internacional é tanto que já atravessou o Atlântico, do Brasil a Portugal, de modo que até políticos bombeiros de Portugal (Ministro do Ambiente) para não ficarem fora da procissão, já se atrevem a criticar os bombeiros do Brasil e isto sem se preocuparem com a barracada das queimadas em Portugal com tantos mortos e feridos, nem com outros fogos que atualmente afligem também outros países da América do sul; não se fale já da África e da Ásia (Há muito pasto que não interessa pôr na manjedoura pública para que, de maneira repartida, se vá mantendo o povo na fileira!).

Há por aí muita gente a viver à gosma, como o cuco a viver do “ovo” que colocam no ninho dos outros. Pena é que, no meio de tantos cucos vai-se tendo a impressão que no fim cada um fica a zurrar para seu lado e quem fica a sofrer é um povo atordoado e uma natureza doente!

Para lá de uma cidadania catavento

É triste verificar-se como o povo e seus interesses são adiados através de ondas de informação que os condicionam à situação de cataventos dependentes do sopro dos ventos que surgem da esquerda e da direita, quando o melhor seria que a direita e a esquerda se entendessem como membros do mesmo corpo que é a nação e entrarem numa relação de inclusão passando a usar as duas pernas para o país possa andar direito.

A situação mundial e do clima não dá para brincadeiras, mas pior ainda se torna ela quando os seus actores se aproveitam da crise para fazerem o seu jogo.

Penso que hoje, tão grave como a crise da amazónia, é a crise provocada que se vive também devida a uma informação manipuladora com a consequente influência decisiva que provoca na opinião pública uma quase histeria. Por trás encontram-se os interesses de um turbo capitalismo e de da estratégia da expansão do marxismo cultural contra a cultura ocidental: uns em nome dos interesses individuais, outros em nome dos internacionais.

A política dos países e as democracias são cada vez mais condicionadas por grupos de interesses que se organizam em ONGs numa estratégia de afirmação de interesses contraditórios para deste modo pressionarem os governos; apelam para um direito nada inclusivo de se encontrarem ao serviço de interesses internacionais contra os nacionais; isto legitima-os a não respeitarem nem reconhecem a vontade de um povo democrático embora legitimado por eleições; como não reconhecem povo apostam na guerrilha e na guerra civil; deste modo esvaziam os direitos democráticos e as consciências regionais. Hoje em dia encontramo-nos numa guerra ideológica e o povo não nota o que se está realmente a passar, sendo até muitas irregularidades cobertas ou até fomentadas pela ONU!

Os jacobinos marxistas usavam-se do pretexto do capitalismo para continuarem a sua guerra, agora aproveitam-se, dos direitos humanos, da sexualidade, do “género “, da ecologia (CO2), da ONU, para se intrometerem a nível internacional no negócio dos países; agora que veem a sua guerra a perder-se no Brasil e com ele potencialmente na América do Sul criam um clima de alarme por todo o lado. A solução só pode ser encontrada através de compromisso e não de uma posição ditadora de um só lado possuir o direito e a razão.

Muitas ONGs operam hoje como operavam antes os serviços secretos estrangeiros dentro dos países. Alarmismo e movimentação dos sentimentos das massas contra a luz da razão, podem tornar-se em novas formas de invasão.

 

Por António Justo
Teólogo e Pedagogo
In Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=5606

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