2012: um ano ainda mais europeu

O futuro da União Europeia tem sido apresentado por grande parte dos analistas como bastante sombrio. Minha tendência é discordar de tal visão, uma vez que a transparência sempre foi considerada uma característica fundamental desse processo de integração. Além disso, a crise econômica atual vem sendo apontada como um dos maiores obstáculos já enfrentados pelo bloco.

Há, ainda, aqueles que culpam o próprio Euro pela crise, quando, na verdade, parece mais fazer parte da solução. Ações conjuntas já foram realizadas e sinalizam para uma maior integração entre os europeus, especialmente os membros da zona do Euro. As grandes potências da região, França, Alemanha e Itália, chegaram a anunciar a intenção de negociar um novo tratado reformando a UE, intensificando a cooperação e criando novos instrumentos para enfrentar e evitar os problemas que vêm ocorrendo.

Tal declaração ocorreu logo após o novo Primeiro-Ministro italiano, Mario Monti, assumir o governo, em uma reunião entre ele, o Presidente francês Nicolas Sarkozi e a chanceler alemã Angela Merkel, na cidade de Estrasburgo, na França, sede do Parlamento Europeu. Monti, como ex-Comissário europeu, conhece a fundo a UE, além de ter sido escolhido para liderar a Itália na recuperação da confiança dos credores, mostrando que tem condições para pagar a maior dívida do continente.

Antes disso, ainda, outro “Super Mario” já havia assumido o comando do Banco Central Europeu, o também italiano Mario Draghi. Vale ressaltar, o empenho do FMI (Fundo Monetário Internacional) que vem mostrando disposição em ajudar a Europa a enfrentar a crise.

De qualquer maneira, a cooperação internacional tende a se intensificar no futuro. No âmbito da UE, a integração pode superar a área econômica, extrapolando para a área política, em que a perda de soberania parece mais difícil.

O Reino Unido, apesar de ainda manter reservas em relação ao Euro, tem demonstrado disposição em avançar nessa área, inclusive em segurança, talvez para compensar seu distanciamento econômico. A fragilidade europeia em lidar com conflitos internacionais, como foi o caso da Ex-Iugoslávia, parece ter convencido os britânicos a investirem mais esforços no setor militar.

Claro que os interesses dos países menores da UE também devem ser levados em conta, mas a disposição dos “quatro grandes” é fundamental para prevermos um ano novo ainda mais europeu.   

Demetrius Cesário Pereira
Professor do Curso de Relações Internacional das Faculdades Integradas Rio Branco, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Tuiuti do Paraná e Direito pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Direitos Humanos pela USP e Relações Internacionais pela Universidade Cândido Mendes. Mestre em Relações Internacionais pela UNICAMP/UNESP/PUC-SP. Doutorando em Ciência Política na USP.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: