Da Redação com Lusa
Seis alunos de uma escola básica do concelho de Azambuja foram nesta terça-feira, 17, esfaqueados por um colega, tendo um deles ficado em estado grave e sido transportado para o hospital, segundo a Proteção Civil.
Em declarações à Lusa, fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Lezíria do Tejo referiu que os alunos têm entre 12 e 14 anos e que a criança que está em estado grave – levada para o hospital – ficou com lesões ao nível do tórax e da cabeça.
O incidente ocorreu na Escola Básica 1, 2 e 3 de Azambuja, no distrito de Lisboa, desconhecendo-se as motivações.
O aluno de 12 anos que esfaqueou “aleatoriamente” seis colegas tinha vestido um colete antibala, disse à Lusa o presidente da autarquia do distrito de Lisboa.
“Os alunos agredidos são de várias turmas” e o ataque “foi indiscriminadamente, conforme [os colegas] foram aparecendo, agredia-os”, explicou Silvino Lúcio (PS), acrescentando que o agressor “tinha vestido um colete antibala”.
Numa nota, a autarquia informou que, às 13:34, foi dado o alerta para uma “ocorrência de agressão na Escola Básica de Azambuja” e que um estudante de 12 anos, “através da utilização de uma arma branca, feriu aleatoriamente seis alunos com idades entre os 11 e os 14 anos”.
As vítimas, “cinco meninas e um menino”, foram “encaminhadas para o Hospital de Vila Franca, mas houve uma que teve de ser reavaliada a sua situação clínica, que é a que merece mais cuidados, e foi encaminhada para Santa Maria”, em Lisboa, avançou Silvino Lúcio.
“As auxiliares aperceberam-se de uma situação anormal, de gritos e de histerismo, e chamaram-no, demoveram-no, aproximaram-se dele, tentaram que não houvesse mais incidentes, mas até lá chegarem, porque foi no corredor de acesso às salas de aula, conseguiu fazer essas seis vítimas”, contou.
O autarca recusou que a Escola Básica 1, 2 e 3 de Azambuja seja uma escola problemática: “Nunca teve problemas de maior, tinha um problema ou outro de ‘bullying’, mas coisas que se ultrapassam com psicólogos e com a direção da escola, não era nada complicada”, assegurou.
Enquanto o agressor foi agarrado e mantido numa sala de aula, onde ficou à guarda de elementos da GNR, até ser interrogado pela Polícia Judiciária (PJ), a escola foi encerrada e chamados os pais dos alunos.
“Criou-se alguns momentos de pânico, porque os pais queriam saber se os feridos eram os filhos deles, são sempre momentos estranhos”, desabafou Silvino Lúcio.
O presidente da autarquia revelou ainda que a diretora do estabelecimento “disse que o senhor ministro [da Educação] ligou para manifestar solidariedade e pôr-se ao dispor”, para câmara, ministério e escola trabalharem “em conjunto para precaver outras situações”, mas que estava totalmente disponível e solidário”.
Para o local acorreram os bombeiros de Azambuja e de Alcoentre, GNR, Cruz Vermelha de Aveiras de Cima, Serviço Municipal de Proteção Civil, VMER de Vila Franca de Xira e a PJ.
No local estiveram presentes as equipas do município de Azambuja e do INEM a prestar apoio psicológico, a vários adultos e crianças.
A Escola Básica de Azambuja é frequentada por 450 alunos, até ao sétimo ano, e irá “retomar a sua atividade” na quarta-feira, “dentro da normalidade possível”, continuando “a ser prestado o acompanhamento psicológico necessário”, concluiu a nota.
Presidência
O Presidente português repudiou hoje o ataque na escola de Azambuja, e defendeu uma reflexão sobre a necessidade de educar para a paz e a tolerância.
Numa nota publicada pela Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “lamenta e repudia o incidente esta tarde ocorrido numa escola secundária perto de Lisboa” e afirma que “nenhumas circunstâncias podem legitimar um tal ato de violência”.
“A família, como a escola, a comunidade local e outras instituições essenciais para a nossa vida comum não podem ser dominadas pela violência, pela agressão, pela violação dos direitos das pessoas, de todas as pessoas, nem qualquer violação destes pode justificar a violência. E tudo devemos fazer para que comportamentos como o vivido hoje, envolvendo a agressão física a colegas, professor e outro trabalhador da escola, se não repitam”, acrescenta o chefe de Estado.
O Presidente da República defende que “a situação deve ser devidamente apurada e merece não só a condenação, como a reflexão sobre a necessidade de educar para a paz, a concórdia, a tolerância e a civilidade”.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reagiu a esta situação através da sua conta na rede social X, condenando o ataque, que classificou como “um ato isolado e um fenômeno estranho à sociedade portuguesa”, mas que “deve fazer refletir com sentido de responsabilidade todos os que atuam no espaço público”.