São Paulo usará celulares para monitorar aglomerações, isolamento cai para 49% no estado

Mundo Lusíada
Com EBC

Um sistema, feito em acordo com as quatro operadoras de celular – Oi, Tim, Claro e Vivo – vai monitorar e localizar aglomerações que se formarem em todo o estado de São Paulo. O governo paulista disse que vai atuar tentando dispersar multidões e advertir as pessoas para que fiquem em casa.

O sistema mostra mapas de calor. As cores quentes ou vermelha indicam os bairros onde há maior movimentação e, as áreas verdes, onde há menos gente circulando.

O programa – denominado Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI) – foi lançado pelo governador João Doria. Segundo ele, o primeiro teste já foi feito. “As quatro operadoras de celular vão passar a monitorar o isolamento social em todo o estado de São Paulo durante a quarentena”, disse o governador, acrescentando que isso não terá custos para o estado.

“Com informações geradas por meio de aparelhos celulares de usuários, poderemos identificar os lugares onde essas pessoas estarão e onde haverá concentração para analisar também o percentual de isolamento e ações de orientação e de advertência, se for necessário”, explicou. A ideia é ampliar o isolamento em todo o estado, passando dos atuais 49% para 70%.

Segundo a secretária de Desenvolvimento Social, Patricia Ellen, o governo de São Paulo não terá acesso a dados individualizados das pessoas. “Uma aplicação prática disso [do sistema] é começar a cruzar essas informações com nossos dados de saúde com relação a casos confirmados e suspeitos. Sabemos que a região metropolitana de São Paulo hoje concentra 80% dos casos de coronavírus e vamos passar a acompanhar essa informação de uma forma cada vez mais granular, sempre respeitando a privacidade das pessoas”, disse ela.

O cruzamento dos dados das operadoras e dos registros de serviços de saúde também permitirá que o governo envie mensagens de texto para a população. Os alertas vão informar se a pessoa está em uma região com índices elevados de casos da covid-19 .

O governo de São Paulo lançou também um canal de comunicação pelo WhatsApp sobre o coronavírus. Será um tira-dúvidas sobre a doença. Para acessar, basta adicionar o número +55 11 95220-2923 e enviar uma mensagem com a palavra “oi” e a pessoa começará a receber uma lista de temas sobre o coronavírus, com dados sobre prevenção, checagem de notícias e higiene domiciliar, por exemplo.

Parceria com bancos
O governador anunciou ainda, em conjunto com a prefeitura de São Paulo, uma parceria com os bancos privados – Itaú, Santander e Bradesco – para a produção de 2 milhões de máscaras de tecido. Elas serão produzidas em comunidades carentes e distribuídas ali mesmo. Os bancos vão doar R$ 2,5 milhões para a confecção e distribuição das máscaras até o fim de maio.

A produção teve início na segunda-feira (6), na Escola Técnica Estadual (Etec) de Heliópolis. Na próxima segunda-feira (13), entram em operação mais duas carretas no Centro Educacional Unificado (CEU) Água Azul, na Cidade Tiradentes, na zona Leste de São Paulo; e na Etec de Esportes, no Parque Novo Mundo, na zona Norte.

A iniciativa prevê a remuneração de 740 profissionais autônomos de costura. “A confecção será realizada por costureiras, mulheres destas comunidades carentes, que vão receber R$ 2 por máscara produzida. A remuneração pode ultrapassar R$ 80 por dia. É uma medida que atende uma necessidade de saúde pública, de geração de renda e de proteção social”, disse Doria. A previsão é que sejam produzidas, até o final de maio, 2 milhões de máscaras.

Isolamento em SP

O isolamento social no estado de São Paulo caiu nos últimos dias. Segundo o governador, o isolamento está hoje em cerca de 49% em todo o estado, bem abaixo da meta estabelecida pelo governo, em torno de 70%, taxa considerada mínima para impedir a alta disseminação do coronavírus e o colapso no sistema de saúde.

Segundo a secretária estadual de Desenvolvimento Social, Patricia Ellen, o estado de São Paulo atingiu ontem (9) sua menor taxa de isolamento, desde o início da quarentena em meados de março. “Nós atingimos ontem a menor taxa de distanciamento social, desde que iniciamos a quarentena. Estamos entre 49% e 50% da população isolada, menos da metade. E chegamos a alcançar taxas de 60%. Agora estamos com taxas que nos preocupam muito porque todas as estimativas com relação a leitos e ao combate da pandemia estão sendo feitos assumindo o nível de distanciamento entre 60% e 70%. E não estamos alcançando esse indicador”, disse.

Segundo Doria, a diminuição dessa taxa se deve principalmente por notícias “irresponsáveis” nas redes sociais, que pedem o fim do isolamento. O isolamento social é prática utilizada no mundo todo como única alternativa para o controle do coronavírus. Em São Paulo, a quarentena foi ampliada até 22 de abril.

Doria chamou a atenção ainda que abril será o mês mais crítico da doença no estado e que, por isso, o isolamento é fundamental nesse período. “Não há nenhum abrandamento nas medidas que o estado de São Paulo adotou e continuará mantendo. Volto a repetir, nós apenas iniciamos o período mais crítico, mais difícil, mais dramático e mais triste dessa crise que vai produzir centenas de óbitos e, lamentavelmente, milhares de pessoas infectadas”.

Ao mostrar um gráfico em que compara o desempenho de São Paulo com o de outros países em número de casos confirmados da doença, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, disse que São Paulo já passou as linhas de registro de contágio de países como Japão e Singapura, e está se aproximando da linha da Coreia do Sul, que será ultrapassada já nos próximos dias. Acima dessa linha da Coreia do Sul estão países como Estados Unidos, Espanha, Itália, China, França e Reino Unido.

“O que quero dizer é que a nossa curva tem duas maneiras de se enxergar. A primeira é que estamos abaixo da Coreia do Sul. O que é uma coisa importante. Mas o segundo é que ela está embicando para cima, o que significa que precisamos tomar alguma providência para ver se trazemos a curva de novo para baixo. E que providência é essa? O isolamento social. Enquanto tivermos isolamento social em 50%, não vamos conseguir dobrar essa curva”, advertiu o secretário.

“Por isso, fiquem em casa. Precisamos de mais pessoas em casa”, ressaltou o secretário, acrescentando que “se não tivéssemos feito nada, hoje teríamos dez vezes mais pacientes portadores da virose do que temos hoje”.

São Paulo tem até agora 6.708 casos confirmados de coronavírus, com 428 óbitos. Há ainda 1.648 pessoas internadas por coronavírus, sendo que 844 em unidades de terapia intensiva (UTI).

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