Presidente da Embraer é homenageado em Lisboa e admite compromisso com o consórcio TAP

Mundo Lusíada
Com agencias

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o presidente executivo da Embraer, Frederico Curado, durante a cerimônia que para assinala o 10º aniversário da privatização da empresa, em Alverca. MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o presidente executivo da Embraer, Frederico Curado. Foto Arquivo MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

O presidente da Embraer, Frederico Curado, participou da entrega do prêmio “Personalidade do Ano” 2014, galardoado a par com o fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Sonae, Belmiro de Azevedo, numa iniciativa promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, em Lisboa.

Durante o evento, o presidente da Embraer admitiu no futuro um compromisso com o consórcio vencedor da privatização da TAP, Gateway, para a renovação da frota da transportadora aérea.

“Não temos nenhum compromisso discutido previamente com esse consórcio, mas a Tap opera hoje oito aviões da Embraer e mais seis Fokker. São 14 aviões que têm características para as quais temos produtos para substituir”, disse

Frederico Curado antecipou à Lusa que essa oportunidade pode surgir futuramente, até porque, lembrou, David Neeleman conhece bem a Embraer.

Sobre a privatização da TAP, Frederico Curado considera-a “muito positiva” e destacou a competência empresarial e de gestão de David Neeleman, considerando que “vai ser muito positivo” para a empresa.

Além disso, reconheceu que a Tap é uma companhia que “deve preservar Lisboa como ‘hub’ internacional”. O consórcio prevê a renovação da frota com 53 novos aviões que começam a chegar à companhia em 2017.

O Governo anunciou há uma semana a venda do grupo TAP, dono da transportadora aérea nacional, ao consórcio Gateway, do empresário norte-americano e brasileiro David Neeleman e do empresário português Humberto Pedrosa.

Programa KC-390
Ainda, Curado considera que o corte de 25% no orçamento do ministério de Defesa no Brasil não vai ter “grande impacto” no programa do avião militar KC-390, admitindo apenas a possibilidade de alguma reprogramação.

“A minha expetativa é de que não tenha um grande impacto, nada que não possamos resolver. Pode haver alguma reprogramação, mas estou otimista de que isto não vai ser necessário”, disse Frederico Curado.

O presidente da Embraer falou do corte de 25% no orçamento do ministério de Defesa no Brasil, explicando que ainda “não há uma definição específica” sobre os programas que vão ser afetados, mas reforçou que a expectativa é a de que o KC-390 “seja preservado”, até pela importância estratégica que tem para o país, a Força Aérea, o exército e as exportações do Brasil.

“Já estamos com 80% do avião desenvolvido. Estamos aguardando nas próximas semanas [julho] uma definição, com a expetativa positiva de que o programa vai ser preservado. Acho que o programa permanece bastante bem protegido, essa é a nossa expectativa”, disse.

Portugal está envolvido no projeto do KC-390 através do Centro de Excelência para a Inovação e Indústria CEIIA desenvolvimento e testes) e das unidades da Embraer no país: as OGMA, em Alverca, e as fábricas de Évora (construção de componentes).

Tal como outros 30 países, Portugal assinou uma carta de intenção de compra do KC-390, de até seis aeronaves. O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, afirmou, no passado dia 04 de fevereiro, que a decisão para aquisição das aeronaves para a Força Aérea pode vir a avançar este ano.

Questionado sobre a concretização desta intenção por parte de Portugal, para substituir os atuais aviões Hércules C-130 da Força Aérea, Frederico Curado apenas disse: “Estamos torcendo para que sim”.

A nova aeronave da empresa brasileira, da terceira maior construtora aeronáutica do mundo, foi apresentada oficialmente (“roll-out”) a 21 de outubro do ano passado e realizou já este ano com sucesso o seu primeiro voo (para avaliação da qualidade e desempenho).

Brasileiro na TAP
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Murteira Nabo, afirmou que “é bom que tenha sido um brasileiro a tomar conta da TAP”, aludindo ao consórcio vencedor. “É bom que tenha sido um brasileiro a tomar conta da TAP, já que ela vai ser privatizada e que vai para mãos estrangeiras, é bom que seja o Brasil”, comentou Murteira Nabo.

“Para já é um dos países da comunidade da língua portuguesa, é um país com quem nós temos relações bilaterais boas, acho que o facto de ser o Brasil há sinergias, complementaridade, há ligações, há amizade, há história, há cultura, língua”, disse, apontando que o facto de ter sido um consórcio com um empresário brasileiro a vencer a privatização, isso poderá “induzir” outras empresas brasileiras a fortalecer as relações com Portugal.

Enquanto presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Murteira Nabo disse que vai trabalhar para que as empresas do Brasil apostem no mercado português. “Vou fazer para que isso aconteça, nós precisamos de capitais estrangeiros, as nossas grandes empresas estão descapitalizadas, não temos grandes poupanças internas, se vier do Brasil, melhor”, disse.

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