Portugueses chegam ao Chipre nesta quarta

Da redação com agencias internacionais

Nesta quarta-feira, a SIC noticiou a saída de mais portugueses do Líbano. Devem sair ainda hoje, de Beirute, dez portugueses residentes na capital libanesa. Os restantes dos portugueses também deixam o Líbano hoje, embarcando no “ferry-boat” disponibilizado pelo governo francês, com destino a Chipre, país vizinho, de onde há vários vôos para França.

Na terça-feira, uma outra portuguesa foi transportada por helicóptero, da força aérea francesa, com destino à Lisboa.

Mas diante da situação, a população no geral procura meios para deixar o país e principalmente a capital, onde acontece conflitos e ataques israelenses. Quem não consegue uma forma mais segura, tenta sair da região de carro. As estradas estão repletas dos que tentam atravessar a fronteira do lado oposto de Israel, já na Síria.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da França organiza a retirada de estrangeiros do Líbano desde segunda-feira. Inclui-se dentre eles, no mínimo 14 portugueses. A maioria já partiu do país, onde o governo português não dispõe de qualquer representação de Embaixada.

A França iniciou a retirada de estrangeiros através de “ferry-boat” tendo transportado já cerca de mil pessoas. A preferência para primeira viagem foi de idosos, doentes e feridos, menores e crianças sozinhas. Depois, as retiradas auxiliam também turistas e residentes.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal afirmou que os cidadãos portugueses que ainda se encontram no Líbano estão em segurança, e em condições saudáveis. Eles têm comida e medicamentos, e aguardam a próxima operação de retirada num abrigo junto à embaixada da França.

No último sábado, o governo espanhol retirou cerca de 116 espanhóis da região, e mais dez estrangeiros. Também organizaram operações de evacuação a Suécia, Itália, Arábia Saudita, Grécia e Polônia, de acordo com a SIC.

Depois de muitos apelos, o governo dos Estados Unidos atendeu aos residentes no Líbano e começou a retirar os americanos na capital Beirute nesta terça-feira. Em território libanês a estimativa é de 25 mil americanos. Os primeiros deles a sair do país também foram com a embarcação francesa até Chipre. Outro barco, da marinha inglesa, também já retirou cerca de 250 britânicos da região.

O governo brasileiro organizou um comboio, através do Consulado-Geral do Brasil em Beirute, levando cerca de 122 passageiros na segunda-feira até Adana, no sul da Turquia. O avião da Força Aérea fez ainda o transporte para o território nacional, partindo de Adana. Porém, o Ministério das Relações Exteriores já divulgou a morte de brasileiros durante os ataques. Entre eles, o paranaense Bassel Tormos, de oito anos de idade; a mãe e o irmão estariam feridos em Tallousa, sul do Líbano.

Portugueses na região
Na fronteira entre Israel e Líbano vivem cerca de 20 portugueses, na sua maioria com dupla nacionalidade. As autoridades de Israel continuam pedindo aos residentes das cidades mais próximas da fronteira com o Líbano para permanecer dentro ou próximo aos abrigos.

Na seção consular da embaixada de Portugal em Telavive (ou Tel Aviv), a segunda maior cidade de Israel, há 600 pessoas inscritas, mas muitas são trabalhadores temporários que já voltaram a Portugal, divulgou a Lusa.

A embaixada portuguesa entrou em contato com todos os inscritos, residentes entre Haifa e a fronteira com o Líbano, para saber se precisavam de ajuda consular. Nenhum dos cidadãos procurados achou necessária a ajuda, mas há pedidos de repatriação.

Ainda nesta quarta, o governo português enviou um C-130 para participar do “processo de repatriamento” dos portugueses que desejam deixar o Líbano. O avião militar deve circular entre Creta e Chipre.

A Lusa divulgou ainda, nesta quarta-feira, a conversa com uma portuguesa residente na cidade israelense de Haifa. Nesta manhã, as sirenes alertavam para o ataque de mais oito mísseis, deixando dois feridos, de acordo com a polícia de Israel.

Terceira maior cidade de Israel, Haifa tem sido atacada por mísseis lançados pela milícia xiita libanesa Hizbollah, em resposta aos bombardeios israelitas no Líbano.

A portuguesa Simi Sequerra, 93 anos, contou que no norte de Israel as pessoas estão preocupadas com o conflito, mas ela não teme conflitos armados. “Medo não tenho. Já passei por muitas guerras e revoluções na minha vida. Era eu pequenina, quando começou a Primeira Guerra Mundial”.

As sirenes alertam a população, que correm para os abrigos, e quem não estiver próximo de um, dificilmente consegue chegar a tempo. Na terça-feira, relatou Simi à Lusa, uma família em Carmiel conseguiu chegar ao abrigo, quando o pai deu passagem à mulher e aos filhos e foi atingido em cheio por um míssil Katiusha, morrendo na hora.

“Todos me telefonam, o meu filho, que está trabalhando em Jerusalém, o outro que vive no Brasil, a minha sobrinha, o meu irmão em Portugal. A todos respondo que vamos passando aqui como nos cabe”.

O lisboeta Jacob Benodis, há 40 anos na cidade de Tiberíades, nas margens do Mar da Galiléia, conta que as pessoas vivem nas miras das bombas. “Vamos seguindo as instruções e esperando que Deus nos proteja”.

Tiberíades é uma das cidades “alvos” do Hizbollah, que disparam mísseis de alcance limitado mas que são mortais, capazes de destruir casas. “Caiu um Katiusha no prédio ao lado de onde minha filha e meus netos moram. Já falei com ela. Foi no prédio ao lado e, de qualquer modo, todos estavam no abrigo. Não morreu ninguém”, contou à Lusa.

O engenheiro português Jorge Carvalho vive há pouco tempo em Rosh Pinah. “Trabalho a 500 metros de casa. Temos abrigos de segurança. Seja o que Deus quiser”, disse.

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