Portugal investiga “subida abrupta” de sub-linhagem da variante Delta

Mundo Lusíada com Lusa

Em Lisboa, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) investiga a “subida abrupta” de uma sub-linhagem da variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2, que em duas semanas se espalhou por 42 concelhos portugueses.

Segundo o último relatório do INSA relativo à diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, a frequência relativa desta sub-linhagem, que tem uma mutação num local reconhecido como potencialmente crítico para a ligação do vírus às células humanas, subiu de 1,4% para 7,6%.

O documento, divulgado esta semana, refere que foram detectados 58 casos até à data, abrangendo cinco regiões (com maior incidência no Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo), 13 distritos e 42 concelhos.

“Esta subida abrupta de frequência relativa de uma sub-linhagem com uma mutação num local reconhecido como potencialmente crítico para a ligação do SARS-CoV-2 às células humanas está a ser investigada”, sublinha o INSA, que já analisou 21.452 sequências do genoma do SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19.

Estas sequências foram obtidas de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 128 concelhos por semana. Nas semanas 43 e 44 (entre 25 de outubro e 7 de novembro) registou-se uma frequência relativa de 99,8% para a variante Delta (originalmente detetada na Índia) e na semana 45 (8 a 14 de novembro) esta variante apresentou uma frequência relativa de 100%, mas os dados ainda estão a ser apurados, refere o relatório.

As únicas sequências “não-Delta” detectadas nas semanas 43 e 44 referem-se a um caso associado à variante “Mu” (B.1.621) (com grande expansão na Colômbia) na Região Norte e um caso da linhagem B.1.36.17 na Região de Lisboa e Vale do Tejo, “o qual se encontra sob investigação”, refere o INSA.

Já sobre as sub-linhagens da variante Delta (quase 100), o INSA diz que circulam diversas em Portugal, sendo que 37 “foram detetadas consecutivamente nas últimas três semanas, com amostragens fechadas e análises concluídas, (…) ou na atual semana em análise (semana ISO 45)”.

“A nível nacional, a sua frequência relativa aumentou de 1,4%, na semana 43, para 7,6%, na semana 44. Foram detetados 58 casos até à data, abrangendo cinco regiões (com maior incidência no Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo), 13 distritos e 42 concelhos”, refere o documento, sublinhando que esta “subida abrupta” está a ser investigada.

O INSA informa ainda que não foi detectado qualquer caso associado à variante Gamma (associada ao Brasil) desde a semana ISO 37 (13 a 19 de setembro) nem qualquer caso associado à variante Beta (com origem na África do Sul) desde a semana ISO 29 (19 a 25 de julho).

O Conselho de Ministros reúne-se hoje para decidir novas medidas para travar a evolução da pandemia de covid-19, devendo ser o primeiro-ministro, António Costa, a apresentá-las, depois de dois dias a receber os partidos.

Segundo informação enviada às agendas, para o final desta reunião está marcada uma conferência de imprensa, sem hora ainda determinada, um dia depois de o país ter registado 3.773 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o valor mais elevado desde 28 de julho.

A maioria dos partidos opuseram-se a um novo confinamento para responder à atual situação epidemiológica, o governo não pondera “restrições significativas”. Entre as medidas que deverão ser comunicadas, o Governo deverá impor a apresentação do certificado e de um teste negativo para a entrada em bares, discotecas e grandes eventos.

Vacina em crianças

Neste dia 25, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou a administração da vacina contra a covid-19 da BioNTech/Pfizer a crianças dos 5 aos 11 anos, sendo a primeira na União Europeia (UE) para esta faixa etária.

“O Comité dos Medicamentos para Uso Humano da EMA recomendou a concessão de uma extensão de indicação para a vacina Comirnaty [nome comercial da vacina do consórcio farmacêutico BioNTech/Pfizer] para incluir a utilização em crianças dos 5 aos 11 anos de idade”, informa o regulador europeu em comunicado. A vacina já era utilizada a partir dos 12 anos.

A EMA explica que, para as crianças dos 5 aos 11 anos de idade, a dose de Comirnaty “será inferior à utilizada em pessoas com 12 ou mais anos”, mas “tal como no grupo etário mais velho, é administrada como duas injeções nos músculos do antebraço, com três semanas de intervalo”.

Esta é a primeira vacina aprovada na UE para crianças desta faixa etária, numa altura em que se verificam aumentos de casos nestas idades e quando os Estados Unidos já a administram.

Atualmente, a vacina Comirnaty está autorizada a partir dos 12 anos, após ter sido pela primeira vez aprovada em dezembro de 2020 para adultos na UE.

Na nota hoje divulgada, o regulador da UE assinala que “um estudo principal em crianças dos 5 aos 11 anos de idade mostrou que a resposta imunitária à Comirnaty dada numa dose mais baixa (10 µg) neste grupo etário era comparável à observada com a dose mais elevada (30 µg) em crianças dos 16 aos 25 anos, medida pelo nível de anticorpos contra o SARS-CoV-2”.

“A eficácia da Comirnaty foi calculada com base num ensaio clínico realizado em quase 2.000 crianças dos 5 aos 11 anos de idade que não tinham sinais de infeção anterior”, acrescenta a agência europeia, notando que “estas crianças receberam ou a vacina ou um placebo”.

De acordo com a EMA, “das 1.305 crianças que receberam a vacina, três desenvolveram covid-19 em comparação com 16 das 663 crianças que receberam placebo, o que significa que, neste estudo, a vacina foi 90,7% eficaz na prevenção da covid-19 sintomática, embora a taxa real pudesse situar-se entre 67,7% e 98,3%”.

Os efeitos secundários nas crianças dos 5 aos 11 anos são semelhantes aos das pessoas com 12 ou mais anos de idade, incluindo dor, vermelhidão e inchaço no local da injeção, cansaço, dores musculares e arrepios, que são leves ou moderados e melhoram poucos dias após a vacinação.

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