Portugal em 6º na tabela de energia de fontes renováveis

Mundo Lusíada
Com Lusa

Central de energia eólica. Foto: Rádio ONU
Central de energia eólica. Foto: Rádio ONU

Portugal estava em 2013, com 25,7%, em sexto lugar na tabela de energia produzida por fontes renováveis da União Europeia (UE), acima da média dos 28 (15%), mas longe do objetivo de 31% para 2020, segundo o Eurostat.

Os dados do gabinete de estatísticas da UE mostram ainda que Portugal tem a terceira pior prestação (0,7%) no que respeita ao uso de energias provenientes de fontes renováveis nos transportes, só ultrapassado pela Estónia (0,2%) e Espanha (0,4%) e muito aquém do objetivo de 10% para 2020.

A tabela da energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto de energia é liderada pela Suécia, com 52,1% em 2013, seguindo-se a Letônia (37,1%), a Finlândia (36,8%) e a Áustria (32,6%).

O Luxemburgo (3,6%), Malta (3,8%), Holanda (4,5%) e o Reino Unido (5,1%) são os países com menor quota de energia de fontes renováveis no consumo final bruto. No que respeita às metas nacionais para 2020, a Bulgária já ultrapassou os 16% fixados, a Estônia os 25% e a Suécia os 49%.

No outro extremo da tabela, o Reino Unido está a 9,9 pontos percentuais do objetivo de 15%, a Holanda a 9,5 pontos dos 14%, a França a 8,8 pontos dos 23% e a Irlanda a 8,2 pontos da meta de 16%. A Portugal faltam 5,3 pontos para chegar aos 31% de energia a partir de fontes renováveis fixados para 2020.

Voltando aos dados para o setor dos transportes, a Suécia é novamente líder de tabela e o único Estado-membro que tinha, em 2013, conseguido atingir — e ultrapassar — a meta dos 10%, com 16,7%, seguida da Finlândia, com 9,9%.

Portugal quase esgota energia eólica
Portugal quase atingiu o limite da capacidade eólica mas tem ainda grande potencial noutras energias renováveis, como a solar e a biomassa, segundo a presidente do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG). Teresa Ponce de Leão, em entrevista à Lusa, salienta no entanto que da potência instalada em Portugal metade é proveniente de energia renovável, dividida em partes iguais entre hídrica e eólica.

“Já tivemos dias em que a totalidade do consumo no país foi abastecida a partir de energias renováveis”, afirma, acrescentando que Portugal tem feito um grande esforço “para que as interligações (elétricas) da rede europeia sejam viáveis”. “Para podermos aproveitar todo esse recurso que temos em energias renováveis e podermos exportar para o resto dos países”.

Na semana passada Portugal, Espanha e França assinaram em Madrid uma declaração segundo a qual se comprometem a trabalhar para tirar a Península Ibérica do isolamento quanto a interconexões elétricas. Teresa Ponce de Leão sublinha que a Europa está dependente da energia fóssil que chega de outros países e que serão uma mais-valia essas interconexões.

“Estou a falar dos recursos do sul, em particular da Península Ibérica, que para já é uma ilha porque não temos ligações para exportar, mas também dos recursos do mar do norte e do seu potencial eólico”, afirma a responsável, que se congratula por ver a França hoje mais sensibilizada para as energias renováveis, em detrimento do nuclear.

Não quer dizer que as renováveis sejam infinitas. Questionada pela Lusa a presidente do LNEG diz que no caso da energia eólica ainda não se atingiu o limite mas que a potência já está toda distribuída pelos investidores.

No caso da eólica o LNEG identificou “os locais com viabilidade econômica, as restrições geomorfológicas, as naturais (parques naturais por exemplo), o acesso aos locais, e a partir daí identificamos o potencial sustentável, que andaria por volta dos cinco mil e tal megawatts”, explica a responsável, salientando que a evolução da tecnologia vai permitir tirar mais partido dos parques eólicos.

Onde há um “potencial enorme” é na energia solar e na biomassa, diz a presidente do LNEG, entidade responsável pela investigação no domínio da energia e da geologia, quer para políticas públicas quer para apoiar as empresas. “Investigamos para transferir conhecimento para a sociedade”, diz Teresa Ponce de Leão, que conta para isso com quase 300 pessoas, 110 delas investigadores.

É o LNEG que identifica potenciais zonas de investimento em renováveis (central fotovoltaica da Amareleja por exemplo), que mapeia as zonas mais favoráveis para aproveitar a energia das ondas, que está a desenvolver em parceria um estudo para eventual aproveitamento da “energia geotérmica profunda” na Madeira, ou um projeto para a construção de uma bio-refinaria, na zona centro.

Teresa Ponce de Leão dá outros exemplos. O LNEG investiga novas tecnologias de painéis solares a partir de novos materiais, mais baratos e rentáveis, e assim “criar oportunidades para a indústria nacional”.

A responsável garante que hoje os painéis solares estão muito mais acessíveis, e acredita que quando os edifícios públicos se renderam à energia solar os privados também o farão. “A energia eólica também começou com um ou dois parques”.

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