Polícia Federal acusa general angolano de traficar brasileiras

Da Redação

Bento dos Santos Kangamba, em foto divulgada no site da Interpol.
Bento dos Santos Kangamba, em foto divulgada no site da Interpol.

A Polícia Federal deflagrou, em outubro, a Operação Garina para desarticular organização criminosa que traficava mulheres brasileiras para Angola, a fim de prostituí-las para clientes de elevado poder econômico.

Foram cumpridos 16 mandados judiciais: 5 de prisão e 11 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cotia e Guarulhos. Além destes presos, dois estrangeiros que se encontram no exterior, também integrantes do grupo criminoso, tiveram prisão decretada pela Justiça Federal e seus nomes foram incluídos na lista mundial de procurados pela Interpol (difusão vermelha).

Em 15 de dezembro, o programa Fantástico, da brasileira TV Globo, colocou no ar uma reportagem especial indicando que entre eles estava um general angolano. Bento dos Santos Kangamba, reserva das Forças Armadas angolanas, herói da guerra civil, líder político do partido do poder, o MPLA, um dos maiores empresários do país com negócios na África e em Portugal, dono do time de futebol que é o atual campeão angolano, e casado com uma sobrinha do presidente de Angola, segundo a reportagem.

Ao longo da investigação, iniciada há um ano, obteve-se provas de que as vítimas eram aliciadas pelo grupo criminoso em casas noturnas paulistanas, mediante promessa de pagamento de US $ 10 mil dólares para se prostituirem pelo período de uma semana.

Brasileiras do meio artístico receberam até U$ 100 mil para se relacionar sexualmente com um rico empresário e ex-parlamentar de Angola (Kangamba), o principal financiador do esquema. De acordo com a reportagem do Fantástico, as brasileiras desfilavam para o general escolher. Além dele, outro angolano, Fernando Vasco Republicano, responde pelos mesmos crimes, divulgou o Ministério Público brasileiro.

Há fortes indícios de que parte das vítimas foi privada temporariamente de sua liberdade no exterior e obrigada a manter relações sexuais sem preservativos com clientes estrangeiros. Para essas vítimas, os criminosos ofereciam um falso coquetel de drogas anti-AIDS.

Estima-se que a organização criminosa movimentou aproximadamente US $ 45 milhões de dólares com o tráfico internacional de mulheres desde 2007. Os investigados serão indiciados por crime de participação em organização criminosa, tráfico internacional de pessoas, favorecimento à prostituição, rufianismo, estelionato, cárcere privado e perigo para a vida ou saúde de outrem, cujas penas máximas somadas podem atingir 31 anos de prisão.

O nome da operação, Garina, significa menina na gíria de Angola, principal destino do tráfico de mulheres praticado pela organização criminosa desarticulada, segundo a Polícia Federal.

De acordo com informações da Lusa, ‘Kangamba’ negou as acusações, segundo um despacho da agência angolana Angop que cita fonte oficial não identificada, afirmando que não recebeu nenhuma notificação policial sobre o caso e que nunca “manteve quaisquer contatos nesse sentido com cidadãos dos países mencionados”.

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