Pediatras não recomendam cloroquina no tratamento da Covid-19 em crianças

Da Redação

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um comunicado novamente nesta terça-feira (16) reiterando que não há evidências científicas consistentes e reconhecidas na literatura médica quanto ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de sinais e sintomas de Covid-19 em crianças e adolescentes.

O alerta veio um dia após o Ministério da Saúde informar que ampliará as orientações de uso do medicamento para o tratamento precoce dessa doença em dois perfis de pacientes: crianças e gestantes.

De acordo com a nota, a ausência dessas evidências sólidas impede o uso seguro dessas drogas, seja por que não há confirmação sobre seus efeitos terapêuticos positivos contra a Covid-19, seja por que ainda não foram mensurados com exatidão seus possíveis efeitos colaterais.

A presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, disse que a posição adotada pela instituição dialoga com a da FDA (Food and Drug Administration, em inglês), agência que atua como a Anvisa nos Estados Unidos.

Também na segunda-feira (15), ela revogou a permissão concedida em 28 de março para uso cloroquina e hidroxicloroquina em tratamento de pacientes com Covid-19. O órgão regulador americano declarou que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de hidroxicloroquina e de cloroquina possam ser eficazes”.

Já em 29 de maio, a Sociedade havia divulgado amplamente essa recomendação semelhante, que se estende a pacientes com diferentes quadros: desde os que relatam sintomas leves até os que desenvolvem manifestações graves, estando sob cuidados em leitos de internação ou de unidades de terapia intensiva (UTIs).

A nota reforça que o uso de cloroquina e de hidroxicloroquina também não possui efeito profilático confirmado. Ou seja, não devem ser recomendado como medida preventiva para evitar contaminação pelo novo coronavírus. Não há trabalhos científicos reconhecidos que apontem essa possibilidade.

Segundo o presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP, dr. Marco Aurélio Sáfadi, as informações técnicas disponíveis sobre a interação desses medicamentos com a COVID-19 ainda são escassas, sobretudo em relação à população pediátrica.

“Essa falta de embasamento impede que o médico receite a cloroquina de forma confortável e segura, com base numa avaliação equilibrada entre riscos e benefícios. Sem dados robustos e o devido respaldo técnico, a utilização de qualquer remédio se torna uma espécie de experimentação, que pode trazer mais problemas do que melhorias à saúde”, destaca.

Ele ressalta ainda que a prescrição desses medicamentos deve ficar restrita aos pacientes que fazem parte estudos clínicos que seguem as regras da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Para dr Sáfadi, a prevenção e o combate à Covid-19, no Brasil, devem ser conduzidos à luz do que a Ciência tem orientado para não expor a população e os profissionais da saúde a situações de risco.

“Neste sentido, recomenda-se a manutenção das medidas de restrição de contato social e de reforço à higienização, reconhecidas, até o momento, como as mais eficazes no que se refere à prevenção. De modo complementar, os gestores devem aguardar a conclusão de estudos que ainda estão em andamento para identificar drogas e abordagens terapêuticas com chances efetivas de sucesso no tratamento de pacientes com Covid-19”, sinaliza.

Atualmente, 436.219 pessoas estão em acompanhamento médico em todo o Brasil. Nas últimas 24h, a pasta registrou 34.918 casos novos do coronavírus.

Em relação aos óbitos, são 45.241 confirmações até o momento. Nas últimas 24h, foram registrados 1.282 casos de mortes nos sistemas oficiais do Governo do Brasil, sendo que a maior parte aconteceu em outros períodos. Do total, 472 óbitos foram confirmados nos últimos três dias e outros 4.047 casos seguem em investigação.

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