Partidos pedem esclarecimentos ao Governo sobre atrasos na linha de emergência

Mundo Lusíada
Com Lusa

Nesta segunda-feira, o CDS-PP pediu esclarecimentos ao Governo sobre os eventuais atrasos no tempo de atendimento da linha de emergência 112 e o que está a ser feito para normalizar este serviço público.

O CDS afirmou-se “surpreendido” com a notícia do Correio da Manhã segundo a qual a Central Sul do 112, em Oeiras, está com falta de pessoal, o que fez aumentar o tempo de atendimento durante o mês de agosto.

“O que se verifica, num momento particularmente intenso do ponto de vista das emergências médicas, é uma linha a funcionar com prazos de atendimento substancialmente superior aos desejáveis e esperáveis”, afirmou o vice-presidente do CDS Adolfo Mesquita Nunes numa conferência de imprensa, no parlamento, em Lisboa, sobre a situação na CP.

O grupo parlamentar centrista ainda entregará uma pergunta ao Governo para o questionar “porque está esta linha a funcionar nestas condições e o que vai ser feito de imediato para que possa ser reposta” a linha de emergência, acrescentou.

Também o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite exigiu “ação rápida no terreno” para que garantam respostas em “tempo devido” na linha de emergência 112.

“Queremos ação rápida no terreno, queremos que os Ministérios da Administração Interna e da Saúde assegurem junto dos portugueses que tudo está a ser feito para resolver de imediato a situação e para garantir que as respostas que têm de ser dadas possam ser dadas no tempo devido”, defendeu Ricardo Baptista Leite, em declarações à agência à Lusa.

O deputado sublinhou que o PSD não quer “contribuir para qualquer forma de alarmismo”, mas sim para “ver soluções”, admitindo chamar os ministros da Administração Interna e da Saúde ao parlamento, mesmo antes de setembro, caso se justifique.

“Em pleno verão, com um pico de temperaturas, tendo-se verificado o pico do número mortes na sexta-feira, o que traduz o período temporal e meteorológico que estamos a viver, não podemos aceitar que haja este tipo de condicionamento do nosso sistema de segurança e de resposta rápida, que correspondem não apenas à questão da emergência pré-hospitalar, mas também a outras situações de emergência, como a resposta em contexto de incêndio”, argumentou.

“Há respostas que o Governo terá de dar, mas, neste momento, mais do que respostas, precisamos de ação, que é o que não temos tido”, insistiu Ricardo Baptista Leite, sublinhando que “o importante é que, no decorrer do verão, se resolvam os problemas, que se consiga dar as respostas necessárias que as populações precisam”.

Segundo o jornal, a central em Oeiras, que serve nove distritos do sul do país, está com falta de pessoal, tendo atualmente quatro funcionários quando o ideal seriam 12, o que fez aumentar o tempo de atendimento durante o mês de agosto.

Ao CM, o Ministério da Administração Interna admitiu que este “serviço é gerido de modo a que nos turnos com menos movimento esteja um menor número de operadores em atividade” e que está “a decorrer um novo processo de recrutamento junto da GNR”.

Chamadas aumentam

Questionado pela Lusa sobre se houve um aumento de chamadas e se era possível relacioná-las com o calor intenso dos últimos dias, fonte oficial do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) explicou que a procura dos serviços de emergência médica registrou um aumento de 20% nas chamadas realizadas para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), “motivadas sobretudo pelo agravamento de situações de doença crônica”.

Segundo o INEM, o aumento “muito substancial” do número de chamadas de emergência e a consequente ativação de meios “justifica-se pela onda de calor verificada nos últimos dias”.

O aumento correspondeu a “umas significativas” 764 chamadas a mais, por dia, entre quarta-feira e domingo, comparando com o período homólogo do ano passado.

O aumento do número de chamadas teve “naturalmente impacto” no funcionamento dos CODU, apesar do “reforço de operacionais”, que tiveram um “esforço acrescido”, segundo a fonte.

A Associação de Proteção e Socorro (APROSOC) disse em comunicado que na última madrugada, às 02:30, o CODU do INEM tinha 18 chamadas em espera e que o número de chamadas em “call-back” (recuperação de chamadas desligadas) era cerca de 90.

A fonte do INEM disse à Lusa que “naturalmente que os tempos de espera para atendimento das chamadas são mais elevados, em consequência do acréscimo muito significativo da procura dos serviços de emergência médica”.

E acrescentou que “nenhuma chamada fica sem resposta”, até porque o sistema “call-back” permite recuperar chamadas desligadas ou que caíram antes de serem atendidas, havendo profissionais com a função específica de fazer essas chamadas de volta.

De acordo com o INEM, o sistema de triagem nos CODU “permite avaliar rapidamente a situação clínica das vítimas” e estabelecer prioridades no envio de meios de emergência médica, pelo que apesar do aumento de atividade “tem sido possível manter uma resposta às várias situações”.

“O INEM, fruto do aumento dos pedidos de socorro já referido, tem atendido perto de 5.000 chamadas de emergência por dia, e repudia publicações em alguns fóruns que têm como único objetivo provocar ansiedade e alarme na população portuguesa”, adiantou a mesma fonte.

Os cidadãos, salientou a fonte, “podem e devem confiar no INEM e nas restantes instituições” que compõem o Sistema Integrado de Emergência Médica.

O INEM relembrou também que o 112 apenas deve ser usado em situações de emergência, e que as situações referentes a aconselhamento na área da saúde têm o Centro de Contato do Serviço Nacional de Saúde, o SNS24, através do número 808 24 24 24.

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