Paraná anuncia testes da vacina russa em outubro

Da Redação Com Lusa

Testes da última fase de uma futura vacina desenvolvida na Rússia contra a covid-19 devem ser aplicados no Brasil em outubro, segundo informações divulgadas pelo governo estado do Paraná, sul do país.

Jorge Calado, diretor do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) informou numa conferência de imprensa que o governo ‘paranaense’ aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicar os testes da fase três do imunizante Sputnik V, desenvolvido pelo instituto russo Gamaleia, em 10 mil pessoas, a partir de outubro.

A Tecpar, instituição de pesquisa ligada ao governo regional do Paraná, será responsável por coordenar os estudos e os testes deste imunizante no Brasil.

Em agosto passado, o governo regional do Paraná assinou um memorando de entendimento com a Rússia para ampliar a cooperação técnica, transferências de tecnologia e estudos sobre a vacina russa contra o novo coronavírus.

Nesta sexta, a revista The Lancet publicou um artigo mostrando que esta vacina russa é capaz de produzir imunidade contra a covid-19.

A publicação científica detalhou as primeiras descobertas dos cientistas que participaram de dois ensaios clínicos da Sputnik V.

Segundo a publicação, duas formulações do imunizante – uma congelada e outra liofilizada – mostraram ser seguras pois não identificaram reações adversas graves nos voluntários que receberam o medicamento. A futura vacina russa induziu respostas de anticorpos em todos os participantes da pesquisa num período de 21 dias.

De acordo com o relatório da The Lancet, os testes ocorreram em dois hospitais russos envolvendo adultos saudáveis com idades entre 18 e 60 anos, que foram obrigados a se isolar assim que se registaram para o teste. Eles permaneceram no hospital durante os primeiros 28 dias do estudo após serem vacinados.

O Brasil já participa de testes da Coronavac, um imunizante em fase de desenvolvimento criado pelo laboratório chinês Sinovac, num estudo coordenado no estado de São Paulo pelo Instituto Butantan.

O país também participa do programa de testes da futura vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca.

Também foram autorizados testes no país de duas opções de vacina desenvolvidas pelas empresas BioNTech e a Pfizer, e de um outro imunizante pesquisado pela farmacêutica Janssen-Cilag, do grupo Johnson & Johnson.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infectados e de mortos (mais de quatro milhões de casos e 124.614 óbitos), depois dos Estados Unidos.

OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurou que não será recomendada nem utilizada uma vacina para a covid-19 se não for comprovada a sua eficácia e segurança.

A “garantia ao público” foi dada, em resposta aos movimentos antivacinas, pelo diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na habitual videoconferência de imprensa transmitida da sede da OMS, em Genebra, na Suíça.

“Quero garantir ao público que a OMS não recomendará nenhuma vacina que não seja segura e eficaz”, afirmou, insistindo que as vacinas em teste, apesar de “promissoras, só serão utilizadas quando forem eficazes e seguras”.

Segundo dados da OMS, havia na quinta-feira 34 vacinas candidatas à covid-19 em ensaios clínicos, oito das quais na fase final 3, que antecede o pedido de autorização de comercialização.

Numa fase inicial, de acordo com a OMS, uma vacina para a covid-19 deverá ser administrada a grupos prioritários, como idosos, doentes crónicos e profissionais de saúde, por correrem mais risco de infeção ou manifestações mais graves da doença.

Posteriormente, à medida que for aumentada a sua produção, a vacina deverá estender-se à restante população.

Criticando os movimentos antivacinas, o diretor-geral da OMS recordou que as vacinas permitiram erradicar doenças e “mudaram o mundo”.

“É um bem público”, sublinhou Tedros Adhanom Ghebreyesus, voltando a apelar, noutro contexto, à “solidariedade global”.

A seu ver, reiterou, o “nacionalismo das vacinas irá prolongar a pandemia” da covid-19.

A OMS estimou nesta manhã, através de declarações feitas à imprensa pela porta-voz da organização, que a vacinação em massa contra a covid-19 só ocorrerá a partir de meados de 2021.

A pandemia da covid-19 já provocou pelo menos 869.718 mortos e infetou mais de 26,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.833 pessoas das 59.457 confirmadas como infectadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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