Operação Lava Jato recebe premiação internacional na África do Sul

Da Redação

No dia 12, a International Association of Prosecutors (IAP) concedeu o prêmio Special Achievement Award a 47 membros do Ministério Público Federal (MPF) que integram ou integraram as forças-tarefas da Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro, além do Grupo de Trabalho da Procuradoria Geral da República.

A premiação é concedida anualmente durante a Conferência Internacional da entidade, que este ano foi realizada em Joanesburgo, na África do Sul. O Prêmio por Realização Especial é concedido ao promotor, procurador ou grupo de procuradores que demonstrou especial dedicação no cumprimento de suas responsabilidades profissionais ou as cumpriu em face de circunstâncias duras ou adversas ou, ainda, de outras circunstâncias que merecem reconhecimento especial.

Segundo divulgou o MPF, a entidade internacional destacou que a honraria foi concedida em razão das notáveis conquistas da Lava Jato no fortalecimento do Estado de Direito no Brasil, combatendo a corrupção e a fraude em grande escala.

As procuradoras da República Marisa Ferrari, Fabiana Schneider e Maria Clara Noleto, além do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, receberam o prêmio em nome dos demais colegas.

No discurso de agradecimento, a procuradora Fabiana Schneider lembrou que, a partir da investigação de um esquema local de lavagem de dinheiro, a Lava Jato se tornou uma das maiores investigações da história da América Latina. “Nós processamos e obtivemos sentenças duras contra alguns do mais poderosos membros da elite econômica e política do país. A vigilância pública contra a corrupção é maior agora e tem o apoio da opinião pública. Nossa tarefa não é simples. Nós buscamos mudar hábitos desonestos que cedem de maneira dolorosa”.

Durante a premiação, ela ainda lembrou das ameaças à investigação, como projetos de lei apresentados no Congresso Nacional para restringir a independência do Ministério Público.

A IAP é uma organização não governamental de procuradores e promotores independente e a única desse segmento com atuação global. Foi criada nos escritórios das Nações Unidas em Viena (Áustria) em 1995, quando se constatou a necessidade de ampliar a cooperação internacional devido ao rápido crescimento de crimes transnacionais, particularmente tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e fraude. Atualmente, a associação promove a troca de informações e de experiências entre mais de 350 mil procuradores e promotores em 177 países.

Os procuradores de Curitiba e do Rio de Janeiro já foram premiados pelo Global Investigations Review (GIR) nos anos de 2016 e 2017, respectivamente, na categoria “Órgão de Persecução Criminal ou Membro do Ministério Público do Ano”, e receberam o Diploma de Mérito do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

“A Lava Jato tem recebido grande reconhecimento internacional, porque tem chamado a atenção de estudiosos e profissionais do mundo todo como exemplo de que um Ministério Público sério e independente, agindo de acordo com o Estado Democrático de Direito, é imprescindível para se opor à corrupção sistêmica. Assim, outros países almejam se espelhar no exemplo brasileiro para tentar combater a corrupção também em seus governos”, destaca o procurador da República e membro da força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR), Paulo Roberto Galvão.

Esta é a maior investigação de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. O caso teve início em março de 2014, em Curitiba (PR), a partir da apuração dos crimes cometidos por quatro organizações criminosas lideradas por doleiros. Com o aprofundamento das investigações, foram identificados desvios vultosos de recursos públicos em contratos da Petrobras e de outros órgãos públicos, com ramificações até mesmo em outros países.

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