Na ONU, Guterres diz que vizinhos da Síria precisam de mais apoio

Na entrevista em Nova York, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados destacou a situação no Líbano que está acomodando mais estudantes sírios que libaneses; para António Guterres, cenário de refugiados na região é de “pressão gigantesca.”

 

Da Redação

AntonioGuterres_RefugiadosONUA ONU está debatendo formas de melhor apoiar as nações vizinhas da Síria que estão abrigando os refugiados do conflito civil no país.

Em 25 de setembro, o Grupo Internacional de Apoio ao Líbano se reuniu na sede da ONU com a presença do alto comissário da organização para refugiados, António Guterres.

Antes do encontro, Guterres disse à Rádio ONU que a pressão sobre a infraestrutura dos países está aumentando com o que ele chamou de “pressão gigantesca”.

“É preciso compreender que não basta apenas ajuda humanitária. É preciso perceber que há um impacto estrutural deste enorme número de refugiados no sistema educativo e de saúde. Hoje, há mais estudantes sírios do que libaneses no ensino público no Líbano. Outro dia, visitei um hospital e em 16 incubadoras, 12 estavam com crianças sírias na Jordânia. Portanto, sem um apoio maciço do ponto de vista de desenvolvimento, do reforço das infraestruturas nos países vizinhos será impossível eles resistirem a esta pressão tão gigantesca”, referiu.

Assistência Guterres participou da conferência para mobilizar apoios para refugiados e comunidades afetadas pela crise além de dar “assistência estrutural e financeira para o Governo libanês.”

O impacto do conflito sírio no Oriente Médio levou à criação, pelas Nações Unidas, do Grupo Internacional de Apoio ao Líbano. O país acolhe 720 mil dos 2 milhões de refugiados do conflito, que desalojou outros 5 milhões de pessoas.

Segundo a ONU, mais de um terço da população síria já deixou o país nos mais de dois anos dos confrontos entre forças do governo e grupos da oposição. A guerra já matou mais de 100 mil pessoas.

“Tudo é preciso, é preciso receber refugiados, ter fronteiras abertas em todo o mundo, receber refugiados em reinstalação, é preciso dar apoio financeiro a organizações humanitárias e é preciso apoiar aos Estados que estão recebendo os refugiados, e dar-lhes não apenas apoio financeiro mas apoio técnico. Tudo é necessário no presente momento porque esta crise tem uma dimensão à qual o mundo não estava habituado. É uma crise que ultrapassa tudo quanto se podia prever aqui há dois anos”, explicou.

Participaram da reunião, à margem da Assembleia Geral, líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, da Liga Árabe e da União Europeia. Em discussão esteve também o apoio à soberania do Líbano, que é a nação mais afetada pela crise síria.

Elogio ao Brasil
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, elogiou a decisão do Brasil de conceder vistos especiais humanitários para os sírios que fogem da guerra civil.

A medida do Comitê Nacional para Refugiados, Conare, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 24. Em Genebra, o porta-voz do Acnur declarou que a decisão deve acelerar a entrada de sírios ao Brasil

Segundo Adrian Edwards, o Brasil é o primeiro país nas Américas a adotar uma medida deste tipo. O porta-voz citou a estimativa de que 3 milhões de brasileiros têm ascendência síria, resultado da onda de imigração ocorrida no começo do século 20. As embaixadas do Brasil em países vizinhos à Síria devem emitir os vistos e o pedido de asilo deve ser apresentado na chegada ao Brasil. Até agora, pelo menos 280 cidadãos sírios estão vivendo como refugiados em solo brasileiro.

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