Mais de 500 mil pessoas nas ruas promovem grande protesto em Portugal

Mundo Lusíada
Com agencias

Participantes da manifestação “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”, que surgiu na Internet, através das redes sociais, empunham cartazes e gritam palavras de ordem contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, no Porto, 15 de setembro de 2012. Mais de 50 mil pessoas em Lisboa, na manifestação contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, num protesto que decorreu noutras 40 cidades portuguesas. PEDRO GRANADEIRO / LUSA

Alguns movimentos que participaram no protesto de ‘indignados’ durante este fim-de-semana em Portugal fizeram um balanço positivo da adesão à concentração, considerando que “demonstra bem o nível de insatisfação com as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo”.

Segundo a organização, o protesto foi “histórico”, adiantando que em Lisboa saíram às ruas 500.000 pessoas, no Porto cerca de 100 mil, somando mais de 600 mil protestantes. “Isto só mostra que há um grande descontentamento em relação às medidas anunciadas pelo Governo”, disse Paula Gil, do Movimento 12 de Março, acrescentando que vão surgir em breve mais protestos, manifestações e possivelmente uma greve geral.

Também Almerinda Bento, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), considerou, em declarações à Lusa, que a adesão ao protesto foi “significativa do ponto de vista quantitativo”.

“Foi uma boa resposta por parte da população, das várias gerações. Foi uma boa resposta que decorreu de forma ordeira, pacífica, em que foi dado um sinal ao poder, ao Governo, de que as pessoas não vão começar a aceitar de forma passiva esta brutalidade de medidas”, disse. Almerinda Bento disse ainda que “o protesto vai continuar” estando já marcadas outras formas de protesto em que a UMAR vai participar.

A cidade de Castelo Branco acordou com a torre do castelo coberta por uma tela negra e com a palavra “basta” pintada a branco, num protesto contra as medidas de austeridade, 15 de setembro. ANTÓNIO JOSÉ/LUSA

A manifestação “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!” surgiu na Internet, através das redes sociais, e foi inicialmente organizada por algumas pessoas de Lisboa, mas acabou por ser acolhida em várias regiões de Portugal, assim como em Fortaleza (Brasil), Berlim, Barcelona, Bruxelas, Paris e Londres. Em Portugal, 40 cidades estavam agendadas para os protestos.

No Porto, cerca de 100 mil pessoas, segundo a organização, participaram na manifestação que encheu a Avenida dos Aliados, e que esteve repleta de gente desde a Praça General Humberto Delgado, onde fica a Câmara do Porto, até à Praça da Liberdade.

No centro histórico de Évora reuniram-se cerca de 500 pessoas contra  as medidas de austeridade. Os manifestantes começaram a chegar à Praça do Giraldo, considerada  a ‘sala de visitas’ de Évora, e percorreram algumas das principais ruas até aos Paços do Concelho e voltaram à principal praça da  cidade, onde foram feitos os discursos.

Na cidade de Setúbal, cerca de seis mil pessoas concentraram-se  no Largo José Afonso e desfilaram pela Avenida Luísa Todi até à Praça do Bocage.

Em Braga, a manifestação juntou, segundo a PSP local, cerca de cinco mil pessoas e decorreu de forma “totalmente ordeira e pacífica”. O protesto teve como epicentro a Avenida Central, onde os populares interessados tiveram  direito a fazer discursos.

Em Coimbra foram mais de sete mil pessoas de diferentes idades, quadrantes políticos e estratos sociais que desfilaram em protesto contra as políticas  da “troika” e do Governo.

Em Lisboa, a participação foi em massa, com mais de 500 mil pessoas. A Praça de Espanha, no final do protesto, foi pequena para acolher os milhares de manifestantes.

Na Madeira, milhares protestam contra a troika desfilando no Funchal, cerca de 2 mil pessoas, naquela que pode ser considerada a maior manifestação popular dos últimos anos, associando-se a ação nacional.

Outras Manifestações

A coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, fala durante a concentração junto à Assembleia da República, para entregar o seu parecer sobre a revisão da legislação laboral da função pública, 14 de setembro de 2012 em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA

Já na quinta, dia 13, dezenas de pessoas estiveram concentradas junto à residência oficial do primeiro-ministro, em protesto contra as novas medidas de austeridade do Governo, cerca de meia hora antes de uma entrevista de Pedro Passos Coelho à RTP.

Os manifestantes, entre os quais a coordenadora da Federação de Sindicatos da Função Pública, Ana Avolila, e o líder da maior federação de professores, Mário Nogueira, estiveram a uma distância de meia centena de metros da porta da residência oficial do primeiro-ministro.

Os manifestantes gritam palavras de ordem como “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!” e “Os ladrões estão lá dentro e os polícias estão cá fora”. O trânsito está cortado junto à residência de São Bento e na rua contígua.

No final de semana, dia 15, mais de 300 manifestantes, muitos munidos simbolicamente com vassouras, cortaram o trânsito na principal avenida da cidade de Viana do Castelo em protesto contra a austeridade e reclamando a saída da troika.

A manifestação foi convocada através das redes sociais, e deveria ter decorrido apenas na Praça da República, segundo apurou a agência Lusa junto de alguns elementos da organização. Contudo, os manifestantes acabaram por desviar para a Avenida dos Combatentes.

“O país está em transgressão, nós também”, explicou um destes elementos, ao descer a Avenida do Combatentes, principal artéria da cidade, com os manifestantes a gritarem palavras de ordem contra as medidas de austeridade anunciadas nos últimos dias pelo Governo.

A ação iniciou-se depois das 15h (horário local) e, ao fim de quase uma hora, os cerca de 300 manifestantes partiram, de forma espontânea, em desfile pelas ruas da cidade, numa ação que não estava autorizada mas que decorreu sem incidentes. O desfile acabou cerca de 40 minutos depois, na Praça da Liberdade, com os manifestantes, de vassoura na mão, a lançarem palavras de ordem contra a troika. “Vamos varrer esta gente daqui”, gritavam os manifestantes, entoando o hino nacional e “Grândola, vila morena”.

Este protesto foi organizado localmente e não integrava, oficialmente, a ação nacional “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”, também convocada através das redes sociais.

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