Itália isolou 11 cidades para impedir disseminação de contágio do coronavírus

Da Redação
Com Lusa

Um cordão sanitário foi instalado em volta de 11 cidades do norte de Itália, o coração econômico do país, para conter a disseminação do novo coronavírus, que já matou cinco pessoas no país.

O surto repentino de novos casos de coronavírus, passando de 6 para 219 o número de infectados em quatro dias, faz da Itália o país mais afetado da Europa e o terceiro do mundo depois da Coreia do Sul e da China.

O anúncio desta segunda-feira feito da morte de um homem de 88 anos perto de Milão, na Lombardia (noroeste), aumentou o número de vítimas mortais para cinco, todas no norte do país: quatro na Lombardia e uma no Veneto (nordeste), todas idosas e que muitas vezes já sofriam de outras patologias.

A primeira morte de um italiano – e a primeira de um europeu – foi anunciada sexta-feira numa vila perto de Pádua, em Veneto.

O primeiro infetado da Lombardia é um homem de 38 anos, Mattia, funcionário da multinacional anglo-holandesa Unilever, em Casalpusterlengo.

A origem de sua contaminação continua a ser um mistério, segundo o Ministério da Saúde italiano.

As autoridades italianas têm aplicado numerosas medidas cautelares, incluindo o semi-confinamento de cerca de 52.000 habitantes de uma dúzia de cidades no norte, encerrando lugares públicos, com exceção de algumas lojas de bens de primeira necessidade e farmácias de serviço.

O chefe da proteção civil italiana, Angelo Borrelli, procurou sossegar a população, dizendo que estão a ser tomadas todas as medidas relevantes para garantir a segurança das pessoas.

Esta crise já afetou a bolsa de valores de Milão, que estava em queda ao início da tarde de hoje.

Na Lombardia – a região mais afetada, com 167 casos – o metro de Milão circulava com carruagens meio vazias, numa cidade com museus, universidades, cinemas e teatros (incluindo o prestigiado La Scala) fechados

Como consequência desta alteração de rotinas citadinas, alguns supermercados milaneses já foram assaltados e o presidente da Câmara, Beppe Sala, pediu aos seus habitantes para ajudar a população mais vulnerável, incluindo os idosos.

“Temos certeza de que as medidas que tomamos impedirão a propagação do contágio”, garantiu o presidente do governo regional da Lombardia, Attilio Fontana.

Na Ligúria (noroeste), a celebração de eventos religiosos foi suspensa e apenas funerais e casamentos permanecem agendados, desde que destinados a pequenos grupos.

O governo da região de Veneto decretou no domingo a suspensão das festividades do famoso carnaval de Veneza – que deve terminar na terça-feira – além de eventos desportivos e o encerramento de escolas e museus.

Fronteiras

A Itália propôs uma reunião de ministros da Saúde dos países que fazem fronteira com a península para determinar “linhas de ação comuns” face à evolução da epidemia de coronavírus, anunciou a Proteção Civil italiana, em comunicado.

“O Governo italiano propôs uma reunião com os ministros da Saúde dos países vizinhos para partilhar linhas de ação comuns”, refere um comunicado publicado após uma reunião na qual participaram o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio, e o chefe da Proteção Civil, Angelo Borrelli, além dos autarcas das regiões mais afetadas.

“Durante a reunião, foram examinadas todas as questões relativas aos fluxos transfronteiriços e ao controle das fronteiras aéreas, marítimas, terrestres e ferroviárias, incluindo a possibilidade de restabelecer os controlos nas fronteiras, suspendendo [o acordo de] Schengen”, adiantam os responsáveis italianos.

No entanto, embora exista viabilidade legal para fazer essa suspensão da livre circulação, “não existe viabilidade prática, admitem no comunicado, reconhecendo que “essa medida não garantiria eficácia preventiva”.

Durante esta reunião, muitos autarcas expressaram a sua preocupação “pela mobilidade dos trabalhadores transfronteiriços italianos”.

A França anunciou, entretanto, que irá impor controle e restrições às pessoas que viajem do norte da Itália.

A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, já infetou mais de 79.000 pessoas em todo o mundo, segundo os números das autoridades de saúde dos cerca de 30 países afetados.

O número de mortos devido ao coronavírus subiu para 2.592 na China continental, contabilizando também mais de 75 mil infetados, quase todos na província de Hubei.

Além das vítimas mortais na China continental, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Estados Unidos e Taiwan. Na Europa, os países mais afetados são a Itália e a França.

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