Incidência de obesidade e subnutrição reflete mudanças nos sistemas alimentares

Da Redação

Uma nova abordagem é necessária para ajudar a reduzir ao mesmo tempo a subnutrição e a obesidade. De acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, esses problemas se tornam cada vez mais conectados devido às rápidas mudanças nos sistemas alimentares dos países.

Segundo a agência da ONU, a dupla carga de desnutrição é um fator chave que impulsiona as emergentes epidemias globais de diabetes tipo 2, pressão alta, derrame, e doença cardiovascular.

O estudo publicado no último dia 16 na revista científica The Lancet, alerta que isso é especialmente importante em nações de baixa e média renda.

Países
Dados indicam que mais de um terço desses países apresentava formas de subnutrição sobrepostas, particularmente na África Subsaariana, sul da Ásia e leste da Ásia e Pacífico.

Na década de 1990, o problema foi identificado em 45 dos 123 Estados analisados. Na década de 2010, o índice passou para 48 entre 126 países.

As sequelas podem passam de mãe para filhos, pois a desnutrição e a obesidade maternas estão associadas a problemas de saúde nas crianças. No entanto, devido à velocidade da mudança nos sistemas alimentares, mais pessoas estão sendo expostas a ambas as formas de subnutrição em diferentes etapas da vida, o que aumenta ainda mais os efeitos nocivos à saúde.

OMS
De acordo com o diretor do Departamento de Nutrição para Saúde e Desenvolvimento da OMS, Francesco Branca, o mundo está “diante de uma nova realidade nutricional”. O principal autor do relatório diz que não é mais possível “caracterizar os países como de baixa renda e desnutridos, ou de alta renda e preocupados apenas com a obesidade.”

Branca explica que “todas as formas de subnutrição têm um denominador comum, sistemas alimentares que não fornecem a todas as pessoas dietas saudáveis, seguras, acessíveis e sustentáveis.” Ele acredita que “mudar isso exigirá uma ação nos sistemas alimentares, da produção e processamento, passando pelo comércio e distribuição, preços, marketing e rotulagem, até o consumo e o desperdício.”

O especialista alerta que “todas as políticas e investimentos relevantes devem ser radicalmente reexaminados.”

Estudo
Globalmente, estimativas sugerem que quase 2,3 bilhões de crianças e adultos estão acima do peso e mais de 150 milhões de crianças têm atraso no crescimento. No entanto, em nações de baixa e média renda, essas questões emergentes se sobrepõem em indivíduos, famílias, comunidades e países.

O novo relatório explora as tendências por trás dessa intersecção, conhecida como o duplo fardo da desnutrição. O estudo analisa ainda como as mudanças na sociedade e no sistema alimentar podem estar causando isso, suas explicações e efeitos biológicos e medidas políticas que podem ajudar a lidar com a subnutrição em todos os seus aspectos.

A OMS destaca que dietas de alta qualidade reduzem o riscos de subnutrição em todas as suas formas, promovendo crescimento saudável, desenvolvimento e imunidade e prevenindo a obesidade e as doenças não transmissíveis ao longo da vida.

Estas dietas incluem práticas ótimas de amamentação nos primeiros dois anos de vida, diversidade e abundância de frutas e legumes, cereais integrais, fibras, nozes e sementes, quantidades modestas de alimentos de origem animal e quantidades mínimas de carnes processadas, bebidas com elevado teor de açúcar, gordura saturada, gordura trans e sal.

Segundo a agência da ONU, a dupla carga de subnutrição é um fator chave que impulsiona as emergentes epidemias globais de diabetes tipo 2, pressão alta, derrame, e doença cardiovascular.

Recomendações
O relatório identifica um conjunto de ‘ações de serviço duplo’ que simultaneamente impedem ou reduzem o risco de deficiências nutricionais que levam ao baixo peso, perda de peso, atraso no crescimento ou falta de micronutrientes e obesidade ou doenças não transmissíveis, com a mesma intervenção, programa ou política. Elas incluem melhores cuidados pré-natais e práticas de amamentação, bem-estar social e novas políticas agrícolas e do sistema alimentar, com dietas saudáveis como objetivo principal.

Para criar as mudanças sistêmicas necessárias para acabar com a subnutrição em todas as suas formas, os autores pedem que governos, ONU, sociedade civil, acadêmicos, mídia, doadores, setor privado e plataformas econômicas lidem com o duplo fardo da desnutrição.

O estudo também recomenda a inclusão de novos atores nas discussões, como agricultores e seus sindicatos, líderes religiosos, inovadores e investidores que financiam empresas justas e ecológicas, prefeitos de cidades e associações de consumidores.

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