“Hospital de Missão” montado no Pavilhão Rosa Mota no Porto vai atender 300 doentes

Montagem no Pavilhão Rosa Mota, do denominado “Hospital Porto”, que servirá de retaguarda aos Centros Hospitalares de São João e Universitário do Porto (Santo António), para o tratamento de doentes com a covid-19. Preparado para acolher mais de 300 camas, em diversas “enfermarias”, instaladas pelo Exército Português e pela Câmara Municipal do Porto, 31 de março de 2020. PAULO NOVAIS/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Pavilhão Rosa Mota, no Porto, entra na próxima semana em funcionamento como “Hospital de Missão” e, com 300 camas, servirá para acolher doentes com poucos sintomas de covid-19 ou até assintomáticos sem “retaguarda familiar”.

“Trata-se da criação, em poucos dias, de um hospital que chamamos de ‘Hospital de Missão’ e que servirá sobretudo para doentes pouco sintomáticos ou assintomáticos, que não tenham retaguarda familiar”, afirmou Nuno Santos, adjunto do presidente da Câmara Municipal do Porto.

A gestão hospitalar caberá “à secção regional do Norte da Ordem dos Médicos”. No pavilhão estão, com a ajuda do exército português, a ser montadas “27 enfermarias no piso superior e algumas enfermarias e salas de contenção no piso inferior”, num total de 300 camas.

Nuno Santos salientou que esta é uma das “respostas” que a autarquia encontrou para mitigar as necessidades dos hospitais da cidade, nomeadamente do Centro Hospitalar Universitário do Porto e do Centro Hospitalar de São João, com quem colabora neste projeto.

“Os hospitais reportaram-nos a necessidade de termos este ‘backup’ aqui que nos permite atuar de um dia para o outro e começar a responder aquilo que são as necessidades (…). Falamos com os hospitais 10 vezes ao dia e, portanto, tem havido essa colaboração, a Câmara do Porto aqui que tem feito é encontrar respostas para os hospitais”, sublinhou.

Aos jornalistas, Nuno Santos explicou ainda que este “hospital de retaguarda” servirá para acolher os doentes com poucos sintomas de covid-19 ou até assintomáticos, principalmente os “idosos institucionalizados”, que, necessitarão sobretudo de cuidados de enfermagem.

Por forma a saber o número de profissionais de saúde necessários para a atuação neste “hospital de missão”, a Ordem dos Médicos está a fazer um estudo e a pedir a colaboração da Ordem dos Enfermeiros.

“A maior parte dos utentes que aqui estiver, vai ter de ter muitos mais cuidados de enfermagem, do que propriamente médicos. São os doentes ainda muito assintomáticos ou com sintomas ligeiros que vão estar neste espaço, que, agravando-se a sua situação de saúde, estamos a dois minutos ou três do Hospital de Santo António”, explicou.

Inicialmente pensado para funcionar como centro de acolhimento de idosos que tenham de ser deslocalizados dos lares da cidade, o Pavilhão Rosa Mota assume agora a função de “hospital de missão”, uma vez que a Diocese do Porto disponibilizou o Seminário de Vilar para tal efeito.

“É uma boa notícia, a Diocese do Porto disponibilizou-nos o Seminário de Vilar com a vantagem, para esse efeito, de poder resolver esse problema juntamente com a Pousada da Juventude. Nós ganhamos capacidade para esse projeto em termos, a todo o momento, uma solução para cada lar que entre, eventualmente, numa situação de contágio”, considerou o adjunto de Rui Moreira.

Novo projeto

Também a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Ordem dos Médicos apresentaram ao Governo um projeto para um hospital de campanha com capacidade para mais de 600 camas em enfermarias de pressão negativa.

Em comunicado, a AEP e a Ordem dos Médicos (OM) referem que o protocolo que celebraram, no âmbito do projeto SOS Coronavírus, pretende “identificar necessidades e avaliar as prioridades na aplicação dos recursos financeiros, infraestruturais materiais e humanos” de que a iniciativa precisa.

O projeto deste hospital de campanha é da autoria do arquiteto Ricardo Oliveira, do gabinete RSO, indica a nota.

“A ideia é que o hospital seja modular, isto é, que veja a sua capacidade aumentar em função das necessidades da pandemia”, explica o bastonário da OM, citado no comunicado, explicando que na primeira fase seriam disponibilizadas 48 camas e que a capacidade pode ser estendida até às 624 camas.

Em declarações à Lusa, o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, garantiu que este hospital será, caso venha a ser necessário, instalado a Norte do país no local que o Ministério da Saúde “solicitar”.

“Disponibilizaremos as instalações que o Ministério da Saúde entender que sejam as mais adequadas para este projeto”, sublinhou.

O presidente da AEP esclareceu que este hospital é diferente e, por isso, complementar ao montado no Pavilhão Rosa Mota.

Tendo enfermarias de pressão negativa, este hospital possibilita o tratamento de doentes “mais complexos” e com necessidades especificas, além de salvaguardar os profissionais de saúde, ressalvou.

A campanha SOS Coronavírus, uma iniciativa da AEP que teve início em 13 de março, tem também como objetivo a angariação de fundos, cujos montantes serão atribuídos atendendo às necessidades existentes no país, num processo articulado com a OM e auditado pela KBMG.

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