Guterres diz basta “de cavar a nossa própria sepultura” – COP26

Da Redação com agencias

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou neste dia 01 aos líderes mundiais para salvarem a humanidade das alterações climáticas, alertando que se está “a cavar a nossa própria sepultura” e que é tempo de dizer “basta”.

“É hora de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matarmo-nos a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como toalete (…) e de cavar a nossa própria sepultura”, afirmou o dirigente português, perante dezenas de chefes de Estado e de governo presentes na cerimônia de abertura da Cimeira de Líderes Mundiais da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), que decorre hoje e na terça-feira em Glasgow, na Escócia.

Face à continuação da exploração dos recursos do planeta além do limite suportável, o secretário-geral da ONU pediu a alternativa de “salvar o futuro e salvar a humanidade” e “manter vivo o objetivo” do aumento da temperatura de 1,5 graus e de redução das emissões em 45%, embora, avisou, ainda se esteja longe disso.

António Guterres pediu o fim do “vício em combustíveis fósseis, que está a levar” o clima “ao limite”, e que, apesar de recentes anúncios até podem dar a impressão de que a humanidade “está a dar a volta por cima”, “isso é uma ilusão”, apontando que, na verdade, o planeta deverá aquecer 2,7 graus até ao fim do século.

“Embora as promessas recentes sejam reais e verossímeis e haja sérias dúvidas sobre algumas delas, ainda estamos a caminho de uma catástrofe. No melhor cenário, as temperaturas subirão bem acima de dois graus”, acrescentou.

Guterres afirmou também que há um “déficit de credibilidade e um superávit de confusão sobre redução de emissões, com metas e métricas diferentes”.

“Por isso, além dos mecanismos estabelecidos no Acordo de Paris, hoje anúncio que irei constituir um grupo de especialistas para propor padrões claros para medir e analisar os compromissos de emissão zero de atores não estatais”, disse o secretário-geral da ONU.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração econômica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

Grupo

Em Glasgow, o secretário-geral também anunciou a criação de um grupo de especialistas que irá propor padrões claros sobre como medir e analisar os compromissos sobre emissões zero.

Guterres pediu também que o mundo faça mais para proteger comunidades vulneráveis dos perigos da mudança climática, já que na última década, quase 4 bilhões de pessoas sofreram de desastres ligados ao clima.

Para o secretário-geral, esta COP precisa ser um momento de solidariedade, pedindo que o compromisso de repassar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento combaterem a mudança climática precisa se tornar uma realidade.

Ele agradeceu Alemanha e Canadá por honrarem o compromisso e lembrou que o financiamento climático é essencial para restaurar a confiança e a credibilidade. Guterres mencionou em especial os países menos desenvolvidos e as pequenas ilhas em desenvolvimento, por precisarem urgentemente de financiamento.

O secretário-geral das Nações Unidas terminou seu discurso de abertura na COP26 afirmando que as “sirenes estão tocando, o planeta está nos dizendo algo, as pessoas também”.

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