Governo abre Sala de Situação para monitorar hepatite aguda de causa a esclarecer

Da Redação

O Ministério da Saúde instalou na sexta-feira uma Sala de Situação para monitorar e acompanhar os casos de hepatite aguda de causa a esclarecer. A iniciativa tem como objetivo apoiar a investigação de casos da doença notificados em todo Brasil, e levantamento de evidências para identificar possíveis causas.

No levantamento realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde da pasta, divulgado na tarde deste sábado (14), 47 casos da doença foram notificados no país. Desses, três foram descartados e os demais permanecem em monitoramento.

A sala, que vai funcionar todos os dias da semana, conta com a participação de técnicos do Ministério, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), além de especialistas convidados.

“A criação dessa sala de situação é muito importante para monitoramento constante e direcionamento das decisões e ações de forma rápida, coordenada e oportuna”, informou o secretário de Vigilância em Saúde substituto do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.

Os casos de hepatite de etiologia a esclarecer foram relatados pela primeira vez no Reino Unido, quando foram detectadas taxas mais altas de hepatite aguda do que o habitual.

Por se tratar de uma doença ainda de causa desconhecida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem monitorado o aumento repentino de casos entre crianças e adolescentes. A prioridade é determinar a etiologia desses casos para orientar ações futuras.

Segundo o governo, o objetivo também é contribuir para o esforço internacional na busca de identificação do agente etiológico responsável pela ocorrência da hepatite aguda de causa ainda desconhecida.

Desde os primeiros relatos de casos, o Ministério da Saúde tem atuado emitindo comunicado de risco para a Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (RENAVEH) e para os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), orientando a notificação imediata de possíveis casos.

No último dia 10 de maio, o Ministério da Saúde participou de reunião com grupo de especialista junto à OMS e com representantes de oito países (Reino Unido, Espanha, EUA, Canadá, França, Portugal, Colômbia e Argentina) nas áreas técnicas de emergências em saúde pública, infectologia, pediatria e epidemiologia para discutir as evidências disponíveis, até o momento.

No último dia 9, a pasta publicou a nota técnica de n°13/2022, com orientação para secretarias estaduais e municipais de saúde sobre a notificação, investigação e fluxo laboratorial de casos prováveis de hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças e adolescentes. Como as evidências sobre essa doença ainda são muito dinâmicas, a sala de situação irá atualizar periodicamente as orientações.

No Brasil, os casos foram reportados nos estados de São Paulo (14), Minas Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Paraná (2), Pernambuco (3), Santa Catarina (3), Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2) e Espírito Santo (1).

Doença

A hepatite de origem desconhecida já acometeu crianças em, pelo menos, 20 países. A doença se manifesta de forma muito severa e não tem relação direta com os vírus conhecidos da enfermidade. Em cerca de 10% dos casos, foi necessário realizar transplante de fígado.

Segundo a OMS, mais de 200 casos, até o último dia 29, haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido. Houve relatos também na Espanha, em Israel, nos Estados Unidos, na Dinamarca, na Irlanda, na Holanda, na Itália, na Noruega, na França, na Romênia, na Bélgica e na Argentina. A doença atinge principalmente crianças com um mês de vida aos 16 anos. Até o momento, foi relatada a morte de um paciente.

Em comunicado divulgado no dia 23 de abril, a OMS disse que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a covid-19. “As hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra a covid-19 não têm sustentação pois a grande maioria das crianças afetadas não recebeu a vacinação contra a covid-19”.

Em nota divulgada no início de abril, a Agência Nacional de Saúde do Reino Unido, país com maior número de casos relatados, também informou que não há evidências de qualquer ligação da doença com a vacina contra o coronavírus. “A maioria das crianças afetadas tem menos de 5 anos, jovens demais para receber a vacina”.

Sintomas
De acordo com a Opas, braço da OMS nas Américas e no Caribe, os pacientes com hepatite aguda apresentaram sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia, vômitos e icterícia (quando a pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas). Não houve registro de febre.

O tratamento atual busca aliviar os sintomas e estabilizar o paciente se o caso for grave. As recomendações de tratamento devem ser aprimoradas assim que a origem da infecção for determinada.

Os pais devem ficar atentos a sintomas como diarreia ou vômito e a sinais de icterícia. Nesses casos, deve-se procurar atendimento médico imediatamente.

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