Furacão: Prejuízos na região Centro ultrapassam 80 milhões de euros

Da Redação
Com Lusa

Os prejuízos causados pela tempestade Leslie na região Centro ultrapassam os 80 milhões de euros, de acordo com os dados preliminares avançados pelas câmaras municipais mais afetadas.

É no distrito de Coimbra que se concentram os maiores danos da tempestade que afetou a região Centro na noite do sábado, atingindo empresas, unidades turísticas, culturas agrícolas do Baixo Mondego, patrimônio cultural, milhares de habitações, escolas, instituições de solidariedade social e unidades de saúde, entre outras infraestruturas.

A Figueira da Foz é o concelho que apresenta prejuízos mais elevados, com uma estimativa de 32 milhões de euros, mais de 20 milhões dos quais em empresas – dados que deverão subir por ainda não estarem incluídos os danos na unidade industrial de pasta de papel do grupo Navigator e de unidades do grupo agroalimentar Lusiaves.

Em Montemor-o-Velho, a passagem da tempestade terá causado prejuízos superiores a 21 milhões de euros, de acordo com uma primeira estimativa da autarquia, tendo sido já recolhidos 1.500 processos desde domingo, estimando-se dez milhões de euros de danos na componente agrícola – setor econômico com grande presença neste concelho do Baixo Mondego.

Já em Soure, município que registou cerca de cinco mil casas afetadas pelos ventos e chuva forte que se fizeram sentir, estima-se um prejuízo na ordem dos 6,8 milhões de euros, onde ainda não entram os danos no setor agrícola.

Estragos em empresas nos diversos setores de atividade e em habitações e equipamentos municipais geraram um prejuízo de cerca de quatro milhões de euros em Condeixa-a-Nova, concelho vizinho de Soure.

No distrito de Leiria, a Câmara da Marinha Grande estimou que os prejuízos provocados pelo furacão Leslie, com especial incidência na Praia da Vieira, rondam os cinco milhões de euros, numa zona onde o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas teve de encerrar algumas estradas florestais devido ao risco de queda de árvores.

Em Pombal, a Câmara registou, até ao momento, 3,2 milhões de euros em prejuízos, frisando que o processo de levantamento ainda não está concluído.

Já o município de Leiria estima que os prejuízos provocados pelo furacão Leslie no concelho sejam de, “pelo menos”, dois milhões de euros.

No norte do distrito de Coimbra, o município de Mira, numa estimativa ainda muito preliminar, falava de cerca de 150 mil euros de prejuízos.

As câmaras municipais da Mealhada (Aveiro) e Coimbra ainda não avançaram com a estimativa de prejuízos.

No entanto, na Mealhada, o Governo estimou que só para recuperar a Mata do Bussaco será necessário investir 400 mil euros.

Em Coimbra, a tempestade criou um prejuízo superior a um milhão de euros no estádio, na academia e num pavilhão da Acadêmica, afetou centenas de árvores e várias estruturas no Jardim Botânico, derrubou a torre de emissão da Rádio Universidade de Coimbra, provocou o encerramento das Piscinas de Celas e criou alguns danos em edifícios antigos da Universidade de Coimbra, nomeadamente no Departamento de Arquitetura.

Outros municípios também reportaram danos pela tempestade, como é o caso de Anadia (Aveiro), Lousã ou Miranda do Corvo (Coimbra), concelho onde a tempestade destruiu estufas e equipamentos associados à produção de árvores de fruto e plantas ornamentais.

Na área da saúde também se registaram prejuízos vários, com diversos centros de saúde afetados, bem como unidades hospitalares, com especial incidência no Hospital da Figueira da Foz, em que o bloco operatório esteve encerrado desde domingo e reabriu, de forma condicionada, na terça-feira.

A tempestade também se fez sentir nas infraestruturas da EDP, que contabilizou cerca de 200 linhas de média tensão afetadas e mais de quatro mil postos de transformação com danos, causando danos em mais de 300 mil clientes.

Os estragos estendem-se também ao campo das infraestruturas das telecomunicações, com as operadoras a reportarem estragos em vários equipamentos.

A passagem da tempestade tropical Leslie nas zonas mais afetadas de Portugal terá causado ventos de 180 a 190 quilômetros/hora, superiores aos registados nas estações meteorológicas oficiais, segundo estimativa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Na Figueira da Foz, a rajada de 176km/hora foi a mais elevada registada nas estações meteorológicas do IPMA, em Portugal.

A passagem do Leslie por Portugal, no sábado e domingo, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados.

A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.

Catanhede

No concelho de Cantanhede, distrito de Coimbra, ascendem a “pelo menos” sete milhões de euros, segundo a presidente da Câmara, Helena Teodósio.

O valor corresponde a uma estimativa provisória e por defeito, sublinhou a autarca, referindo que ao gabinete de apoio às vítimas do furacão Leslie, entretanto criado pela Câmara (para “prestar informações e auxiliar a população, dentro das suas competências, na resolução dos problemas ainda existentes no concelho e levantamento dos estragos provocados pela passagem da tempestade”), “não param de chegar pessoas” para darem conta dos prejuízos sofridos.

“Estes valores estão, infelizmente, em constante atualização”, destacou Helena Teodósio, assegurando que não gosta de “exagerar os números” e as situações.

De acordo com estimativas provisórias da autarquia, cerca de um milhão de euros do montante diz respeito a estragos ocorridos em infraestruturas e equipamentos municipais, referiu a autarca, calculando que só a reposição da sinalética implique um investimento da ordem dos 250 mil euros.

O estado em que ficou o parque de lazer e praia fluvial das Sete Fontes, na freguesia de Ourentã, “é uma dor de alma”, exemplifica a presidente da Câmara de Cantanhede, explicando o sentimento designadamente com as árvores derrubadas pelo temporal.

Empresas, habitações, unidades de saúde e outras entidades, como escolas ou instituições particulares de solidariedade social, sofreram danos da ordem dos seis milhões de euros, de acordo com as primeiras estimativas da autarquia, cujas 14 freguesias foram “todas atingidas” pelo temporal, sobretudo na zona norte do concelho.

O Hospital João Crisóstomo, na cidade de Cantanhede, e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais, na vila da Tocha, registam prejuízos num valor global da ordem do meio milhão de euros, adiantou, apoiada em cálculos das administrações das duas unidades de saúde.

Há, por outro lado, uma “quantidade enorme de munícipes” cujas casas foram afetados pela tempestade Leslie e que não possuem os respetivos seguros, disse ainda Helena Teodósio, admitindo que os imóveis nesta situação podem representar prejuízos de cerca de meio milhão de euros.

“Já estão todas as escolas” do concelho a funcionar em pleno, disse a autarca, recordando que diversos estabelecimentos de ensino não funcionaram na segunda e na terça-feira essencialmente por falta de energia elétrica, que também obrigou à interrupção do fornecimento de água.

O fornecimento de energia elétrica ainda não está completamente restabelecido no concelho, mas são já relativamente poucas as situações em isso acontece.

“Temos muito a aprender” com esta tempestade, para a qual Cantanhede se preveniu “na medida possível”, concluiu a presidente da Câmara, enaltecendo o “esforço das pessoas”, desde funcionários do município e de empresas, como a EDP, aos bombeiros e à Proteção Civil, com “horas e horas consecutivas de trabalho e dedicação”.

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