Fugindo da crise, ex-imigrantes em Portugal se tornam empreendedores no Brasil

Da Redação
Com Lusa

O bom momento pelo qual passa a economia do Brasil fez com que muitos brasileiros deixassem a crise em Portugal para trás com o objetivo de trilhar os caminhos do empreendedorismo na terra-natal.

A experiência e a maturidade adquiridas longe de casa, aliadas à ajuda financeira que receberam num programa de retorno voluntário, são os ingredientes para histórias de sucesso entre ex-imigrantes que trouxeram na bagagem momentos de dificuldade por causa da crise econômica.

Após dez anos a viver e trabalhar legalmente em Sintra, Gedeon Onorato das Chagas, 37 anos, decidiu voltar ao Brasil com a mulher e os quatro filhos – entre eles um casal de gêmeos nascidos em Portugal.

O brasileiro não chegou a ficar desempregado. No entanto, se trabalho não faltou, o mesmo não se pode dizer dos pagamentos – o ex-imigrante deixou Portugal sem esperança de receber do seu antigo patrão 1700 euros de salários em atraso.

Esse risco não corre no Brasil, já que resolveu ser dono do seu próprio trabalho. Com a ajuda financeira que recebeu da Organização Internacional das Migrações (OIM) e o apoio da ONG brasileira Projeto Resgate, abriu uma ‘marmoraria’ na cidade de Anápolis, no Estado de Goiás.

“Minha adaptação está sendo boa, melhor do que eu imaginava”, garante o ex-imigrante, que considera que o Brasil tem hoje muitas oportunidades na área da construção. “Se eu trabalhava com vontade para os outros, por que não posso fazer isso para mim?”, questiona o empreendedor.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) recebeu, no ano passado, 2114 pedidos de imigrantes em Portugal para regressarem aos seus países de origem, dos quais 594 embarcaram.

Segundo os dados globais fornecidos à agência Lusa pelo escritório da OIM em Portugal, os brasileiros lideram a lista de inscrições e de regresso efetivo, ao abrigo do Programa de Retorno Voluntário (PRV). Em 2011, 84,2% dos pedidos de retorno foram feitos por imigrantes brasileiros, que lideram também o retorno a nível mundial.

Quando se deparou com a necessidade de planear uma vida nova após 12 anos passados nos arredores do Porto, Rogério Germano Rodrigues, 43 anos, decidiu levar à cidade de Belo Horizonte os sabores de Portugal.

Com a experiência adquirida como chefe de churrasco, resolveu montar um ‘take away’ de frango na brasa numa divisão da casa de seu pai. Por enquanto, trabalha apenas às sextas, sábados e domingos.

Ao contrário de Portugal, onde viu o movimento no restaurante em que trabalhava cair pela metade nos últimos meses, o comerciante assiste seu negócio crescer e já se prepara para ampliar o serviço no Brasil.

“Vamos montar uma pequena tasca portuguesa, para servir assados e vinho”, diz Rodrigues, que também se tornou fornecedor de produtos portugueses para um amigo que trabalha com eventos.

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